De uma trajetória
Que dói
Constantemente
Que chega
Galopante
Como uma chapada na cara
Sem dó
Sem aviso
Com a força que te deita abaixo
Numa queda desamparada
E te transporta para onde não queres voltar...
Há um ano o caminho impreciso
Levou- nos para um trilho sem volta
Há um ano ainda não sabíamos
a dor começava
Mas a esperança
ainda que meia torta
pairava...
A dor, essa,
Haveria, primeiro, descer devagarinho
Qual noite escura e fria,
E depois,
Galopante,
Ofegante
Qual queda funda que só haveria de terminar
Sem mais capítulos...
Há um ano, contudo,
O otimismo ainda nos abraçava
Mesmo com o pequeno nó na garganta
Que, por vezes, nos inundava
Que haveria de nunca parar de crescer
muito para lá das entranhas
Que haveria de permanecer
Sei-o agora,
Nunca mais irá embora!
Nesta ânsia
Há um ano corria para ti
Na ânsia de te ver
Como se eu tivesse um super poder
E que se voltasse ao teu regaço
E sentisse novamente
O teu maravilhoso abraço
Tudo não passasse de um susto
Um tropeção de mau gosto
Mais umas pedras no caminho
Que juntas haveríamos de as atirar pra outras margens...
E voei não tão depressa quanto a minha vontade
E encontrei mais do que o teu sorriso
A tua gargalhada límpida
O teu "não era preciso vires"
Cheio da nossa Saudade
Que tão bem aprendemos a matar
Uma e outra vez
Seguida de mais uma despedida
Cheia de um certo e reconfortante "até já"!
Ainda eras Tu
Ainda eras luz
Ainda eras Força (a minha e a tua)
Ainda eras Alento
Ainda eras a Alegria
Que animava aquela enfermaria!
Cheguei e fiquei tão cheia de esperança
O meu sorriso era o teu
Entrecortado pela ligeira preocupação...
Apesar do medo que descia
Que haveria de se instalar
Qual convidado mal educado
E como que para o espantar
Perdi me no teu olhar
E vi, ali,
uma vida cheia de tanto
E a tamanha sorte que eu tinha
Por te ter, Mãe
Por te ter como Mãe
Por teres sido tu
A minha Mãe,
Percebes?
Ali, naquele momento
Sentada a teu lado
Emanavas esse Amor de Mãe
Que tudo cura
ali, naquele momento,
Dentro dos teus olhos
Do teu sorriso
Nas tuas palavras sábias
O mundo pareceu serenar
E por um momento
Vencemos o medo
Tudo iria ficar bem
Iamos voltar a ser
Lar
Família
Guardo a dor da tua partida
Quando só queria
Que o tempo tivesse parado
Como naquele dia
Naquele momento
Ali, onde tudo ainda era possivel!
Fazes tanta falta!
CFV