quarta-feira, 4 de maio de 2016

Conformar o inconformismo

Cresci no inconformismo
numa adolescência interminável
a recomeçar dia após dia,
na revolta escura das noites claras...

E esta sede que me não passa
E esta sede que não me seca!

Alma nascida submersa
e crescida num sufoco
num corpo apertado
sem nunca ter passado
de invólucro...mil vezes inerte...

Fui sempre esta fome de ser
sem saber quem ou o quê!

De mil formas procurei viver
perdi-me entre mim e as luas
que me pareceram sempre cheias
nessas muitas lutas!

Queria outra de mim
encontrei-me em mil
despedacei-me mil vezes mil                                          
e coexisti com todos os mil eus
nessa luta de me encontrar una...

Apenas me desencontrei...

E que mais serei?
Se só me conformo
no inconformismo,
no que penso que preciso
para depois de alcançado ser jogado
qual brinquedo sonhado...

O que me interessa
estará sempre
além
longe
do que posso tocar
perto
só o sonho
o que não tenho
o desejo
e o viver neste
desavesso...

Imaginar só o que a vida não é
saborear o que não conheço
porque o que me segura
é esse querer
a procura
incessante
de um falso encontro
num contínuo almejar
sem quebrar
esta fome que me ataca as madrugadas
e esta sede que mantém viva a luz
de dias e dias
e me encontra perdida entre mundos!

CFV


Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...