foi tornado assim
por gentes cheias de intenções
as dos boys
cheios de razões e sonhos feitos de cifrões!
Acreditavam que nada mudava
que o drástico seria esquecido
que o que interessava
eram os seus sonhos construídos de matéria
afinal, os seus cifrões é que eram coisa séria
mesmo erigidos numa mentira!
É certo,
do engravatado
ao novo-rico
do pobre de espírito
ao chico- esperto
do político de sempre
ao proprietário negligente
do mais presente
ao mais distante
do que nunca muda
ao que não quer saber
dos preocupados
aos cumpridores,
é de nós
é de todos NÓS,
esta culpa
que paira negra como o manto que
agora cobre a minha, a nossa terra...
Agora, é o tempo, que desde sempre nos habituaram,
da feira dos horrores,
porque: NÃO PODEMOS ESQUECER!
Só que, mais dia menos dia, sim...
Vão chegar as chuvas
o Natal e o frio de janeiro e fevereiro...
e quando damos por ela,
já ansiamos pelo calor de verão...
abril e maio trazem flores coloridas
e por essa altura
já muito foi esquecido...
senão tudo,
pelos bem intencionados
engravatados!
Agora, as fogueiras ainda ardem
dentro de quem se compadece ao ver...
dentro e fora de quem já não tem nada a perder...
Agora, ficou este cheiro a morte
um futuro cinza e negro
como o manto
que cobre agora a minha, a nossa, terra!
Mataram o meu e o teu verde manto
por ganância
por poder
sem saber
que daqueles montes e vales,
bem longe das mansões citadinas
dos boys vestidos de ilusões
dependiam milhares de vidas
que apenas sonhavam
com a simplicidade
que se toca a cada verão quente
a cada brisa com cheiro a água doce
que corria... livre e límpida...
a cada inverno gelado
que era aquecido
pela simples lareira a crepitar a lenha
antes apanhada
naqueles montes e vales...
Outrora tanto
e agora NADA!
As palavras choram
a perda
os olhos marejados
não querem ver
a cabeça lateja,
perdida
o coração bate
mais devagar e mais alto,
neste silêncio atroz
neste horizonte maior
que ficou negro...
a alma doída
parece um corpo retorcido
um tição queimado...
Tudo foi levado
ficou apenas o vazio!
CFV