Ahhh... se eu soubesse desenhar
o que os meus olhos fixam
o que os meus pensamentos viajam
de forma exata
sem deixar de mostrar
com a verdade que merece
este recortado de linhas e curvilíneas
este verde quente e maduro
e o despontar,
aqui e ali,
do fruto que num tarda vira mosto
que nos aquece as veias
e nos traz de volta a estas montanhas
calejadas a gente que não cansa
que sangra das mãos
este sangue que ainda hoje alimenta!
o que os meus olhos fixam
o que os meus pensamentos viajam
de forma exata
sem deixar de mostrar
com a verdade que merece
este recortado de linhas e curvilíneas
este verde quente e maduro
e o despontar,
aqui e ali,
do fruto que num tarda vira mosto
que nos aquece as veias
e nos traz de volta a estas montanhas
calejadas a gente que não cansa
que sangra das mãos
este sangue que ainda hoje alimenta!
Como queria desenhar
esta linha curvilínea
viva e ondulante
que nos doura os sentidos
que nas dores nos acalenta
de quem rio abaixo rio acima
outrora percorria
com frio e calor
com dor e ânsia
com amor à terra e ao Rio que é d'oiro!
Não sei ou ainda que soubesse
Não seria nunca tão perfeito
Como o que veem os meus olhos
Ou como esta terra merece!
Sentada onde outrora
Poetas das mil e umas horas
sentaram nesta madeira escura
queimada a carvão
em busca de musas
encontro eu a inspiração
e como eles
vejo-a
no sossego desassossegado
da tinta que discorria
como o caudal que nunca esvazia
numa inspiração em bruto
a fazer jus à terra cálida e gélida
pois quem
senão ela
a musa de outrora e a de agora!
Aaahhh...Como queria desenhar
estes cheiros, estas cores,
e os amores que por aqui passaram...
Fecho os olhos por instantes
e ainda pairam no ar
as conversas a rimar com este chiar do comboio
e as crianças a brincar descalças e sorridentes
e lá frente a máquina sem parar
numa pouca terra- pouca terra infinita
numa nuvem de vapor
a queimar
o carvão
que haveria de durar
desde então
até agora
num abraço recortado
pelas memórias de ouro
que para sempre jazem neste rio Douro!
CFV
esta linha curvilínea
viva e ondulante
que nos doura os sentidos
que nas dores nos acalenta
de quem rio abaixo rio acima
outrora percorria
com frio e calor
com dor e ânsia
com amor à terra e ao Rio que é d'oiro!
Não sei ou ainda que soubesse
Não seria nunca tão perfeito
Como o que veem os meus olhos
Ou como esta terra merece!
Sentada onde outrora
Poetas das mil e umas horas
sentaram nesta madeira escura
queimada a carvão
em busca de musas
encontro eu a inspiração
e como eles
vejo-a
no sossego desassossegado
da tinta que discorria
como o caudal que nunca esvazia
numa inspiração em bruto
a fazer jus à terra cálida e gélida
pois quem
senão ela
a musa de outrora e a de agora!
Aaahhh...Como queria desenhar
estes cheiros, estas cores,
e os amores que por aqui passaram...
Fecho os olhos por instantes
e ainda pairam no ar
as conversas a rimar com este chiar do comboio
e as crianças a brincar descalças e sorridentes
e lá frente a máquina sem parar
numa pouca terra- pouca terra infinita
numa nuvem de vapor
a queimar
o carvão
que haveria de durar
desde então
até agora
num abraço recortado
pelas memórias de ouro
que para sempre jazem neste rio Douro!
CFV
