sábado, 13 de julho de 2019

No choro do Pai

Enquanto partias
quando o sabia
o mais difícil
foi o choro alto de um homem inquebrável
partido,
de mãos na face
perdido...
Nada te prepara para ver um Pai
quebrado à mesa 
sem conseguir digerir o que mais temia(mos)
a engolir aos soluços o que lhe restava da vida...
E perceber ali mesmo que ela sem ti não faria (e não faz) sentido...
Esse momento perdura na minha memória
contrai -me a garganta
num soluço baixinho
que sai das entranhas
em nós que não se desfazem...

No choro do Pai
senti o tamanho da nossa dor
que não mais terminaria!
Nas mãos trémulas que lhe cobriam o rosto
como que o seguravam,
senti o peso do mundo...
um mundo que desabava
que se transformava 
e o tudo era então um nada 
cheio de vazio...
Tão visível
na sua cara transfigurada!

Senti as pernas bambas
fracas por ti,
bambas por não saber como o tirar dali!
O meu coração parou de bater
e o mundo passou a ser só uma sombra
estático em que tudo passou
em que tudo deixou de importar
em que tudo acabou...
As nossas vidas eram, então, um lugar oco
a passar bem à frente dos nossos olhos
marejados da Saudade 
que nunca mais nos ia largar,
que corria e discorria, sem parar...

E se houve abraço que doeu
foi ali
naquele momento 
quando o abracei por ti!!
E entre os nossos braços
entre as nossas lágrimas
sabíamos que nunca mais
seria o mesmo sem o teu regaço!

Essa memória
que me assombra
quando menos espero
traz- me esta certeza,
a única que se fez
concreta e definida:
contigo
foi parte da nossa história!
Sem ti
foi-se a feliz memória...
Algo se se desfez...
O aqui e o agora
É um continuo
mecânico...
Entre gestos
Que caem vazios
Num tudo que se fez num nada sem sentido!

CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...