Entardecer no meio das nuvens
A mergulhar nos tons laranja deste sol
Que brilha por mim adentro...
Lá em baixo uma colcha de algodão
Amanhecida num puro branco,
entardecida
numa mescla de laranjas e vermelhos
Expelidos pelo amarelo mais perfeito de sempre!
Não me canso de fotografar...
Esta luz que me
Entra
Pelo olhar
Não posso parar
De sofragar estes tons
Que clamam uma última vez
Cá de cima
Deste entardecer...
Sinto-lhe os gritos dentro de mim
E toda eu sou um manto de nuvens
Outrora branco
Agora raios
de um laranja avermelhado
Expelidos pelo amarelo mais perfeito que já vi!
Olho vezes sem conta antes da escuridão cair!
Mergulho o meu olhar
uma vez mais,
nesta imensidão
Antes de se ir!
Olho sofrida
Para guardar
dentro de mim
esta luz quente e inebriante!
Quero a em mim
Como bússola
Nos dias escuros como breu
Para (lhe) sobreviver
Para (lhe) escapar
Para voltar a poder contemplar
A mais perfeita luz do entardecer!
E saber
Que estás lá,
Que cruzas o olhar
Que és todo o meu ser!!
E por isso, olho
mais uma vez
Na certeza de te ver
De te guardar no mais fundo de mim
Para que,
nos dias negros
A luz,
por mais ténue que seja,
Nunca (nos) falte...
Nem nunca (nos) faltem
Perfeitos entardeceres!!!
Só podes ser tu
A abraçar-me
A acariciar-me
Com esses raios laranja avermelhados
Quentes e inebriantes!...
E mesmo no fim,
Mesmo,
Mesmo,
Antes da escuridão emergir
Sempre
Os teus braços
Mesmo,
Mesmo,
ao longe
Transformados em raios de sol...
E mesmo frágeis,
Mesmo, antes da noite
São teus
São raios de luz
Que mesmo lá ao fundo,
Que menos brilhantes
Gritam dentro do que sou
Nestes amarelos impossíveis!
E continuam a ser uma
perfeita carícia
Numa perfeita sintonia!!
Alcanças-me,
Num abraço aconchegante
Volto ao teu regaço
Que é, agora, do tamanho deste horizonte
Pintado a vermelho-verão!
Volto a ser menina de colo
Do teu colo
Que é agora esta imensidão!
Volto a estar deitada
na mais perfeita luz-memória
Na mais perfeita cama de algodão!!
CFV
