terça-feira, 26 de agosto de 2025

Aperto


Do nada

E em tudo

Sentes o fim de um tempo

E o futuro no presente...

O que virá?

Quando e como será?

Fica ali aquele nó na garganta

Um burburinho no estômago

Que sobe devagar

Até ficares sem ar...

Enterra-lo com força

Entre uma tarefa e um pensamento

E meio que desaparece!

Mas...

Do nada 

Volta aquele sentimento 

De um futuro cada vez mais presente

E sabes que é o fim de uma era

Que há um tempo que finda

E outro que começa incerto 

Certo, certo é que o desconheces....

E Recusas 

Empurras 

Bem pro fundo

Tudo o que ainda não sabes!

Esqueces mais um segundo

Que o dia um dia finda!...

E volta, meia volta

O nó na garganta 

Reaparece!

Regressa!

É como um baque

Que te corta o ar

Que te faz desabar!...

E por dentro 

Apenas resta  

Uma espera intolerante 

Que abafas num suspiro prolongado 

De olhos bem fechados...

Mas lá  continua  cada vez mais perto

Esse futuro no presente

Que  aperta!

E é nessa escuridão que segues 

Que recusas... Impotente!


CFV

CFV

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Sobre o Impossível

E quando o impossível é tangível?

Quando o inominável é verbo

E o inenarrável é grito?

Quando o silêncio se veste 

O impossível acontece!

Espreita pela noite mais negra, negra, negra

tao negra

Que as cores dos dias 

Se dissipam (se existem, não as sinto)!

As palavras desistem

prendem na garganta 

Que soluça o grito

Que treme e balança 

Uma nova DOR!

Que não sai 

Que fica como que

Agarrada à pele 

Às voltas nas entranhas...

Num torpor...

Que lateja dos pés à cabeça!

E o ar que não entra?

Não o suficiente!

- inspira! - expira! - respira!

Os olhos já não têm mais lágrimas 

O peito é fogueira 

Nada mais ali cabe

E tudo ali arde!

Encolhe, encolhe e dói ...

Cresce, cresce e dói ...

- Fecha os olhos!

- Abre os olhos!

-Não passou de um sonho mau!

Mas a noite mais negra,

Tão negra,

Continua ali

À espreita 

Daquele jeito...

Que veio para ficar

Que veio para assombrar!

O mundo rodopia

Mesmo sem ar

E o Impossível respira 

Até nos sufocar!

E o Indizível 

É agora nome que se fez verbo

Finaliza histórias 

(Ainda com tanto


por contar...)

E inicia o capítulo das memórias!


CFV

sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Para onde foste?



(Re) Começa!!

Fecha os olhos

Respira fundo

Vagueia pelo mundo 

Saltita livre 

entre sonhos!...

Vai! Segue! Sem amarras!...

Mas... Será que ainda te sabes livre!?

Fecha os olhos!

Com força!

Respira! Não te esqueças!

Vai! Segue assim mesmo! Não queiras ver!

Os olhos veem melhor fechados!!

Lembras-te!? Quando ias e nem vias!?

Lembras-te!? 

O medo nem existia!

As amarras não te prendiam!

Por mais que tentassem não conseguiam!

Para onde foste?

Hoje ainda vagueias?

Ou o mundo parece ter encolhido?

Ou deixaste-te amarrar?

O medo já não te tem medo!? 

Deixaste-o abraçar-te?!

Hoje pouco ou nada vagueias...

Pouco ou nada sonhas... 

Então e para onde vais!?

Onde arrumaste os sonhos!?

Quando deixaste de ser livre!?

Fecha os olhos e vê-os amarrados 

Ao dia a dia mecanizado

ao tempo estupidamente planeado

De planos tantas vezes vãos...

Vives assim num limbo eternizado 

Com o coração nas mãos

Decidiste que a vida tinha de ser uma reta

Mas se olhares bem fundo

Talvez possas vaguear

Pelas curvas e contracurvas do mundo

Pelos cantos e recantos...escuros

Onde o medo já não (te) pode ganhar 

Afinal és a tua própria luz!...

Lembras-te!?

Se fechares bem os olhos

Respirares fundo 

Vais ver que a tua vida está tão reta 

quanto concreta! Ai que seca!!!

Abre os olhos e vê 

se o caminho não está a ficar pequenino!?

Respira! 

Liberta-te

das amarras criadas 

Pelo medo do medo do medo

Pelos outros que esperam de ti

Por ti que te esperas em demasia!

Vai! Volta! 

Vagueia pelo sonho 

Sê livre!

Segue! 

Fecha os olhos e (re)começa!!


CFV





domingo, 6 de outubro de 2024

Sentires

Como escrever sobre alguém que é escrita em prosa e poema, em drama e romance das mil vidas vividas e que, nesta nos trouxe dom da palavra falada e cantada?

Como descrever a viagem feita, ontem, pelos sons e lugares comuns que de comuns nada pareceram, porque a cada acorde, a cada palavra tornaram -nos, afinal, em lugares extraordinários?
As dores de crescimento, as injustiças de ontem como de hoje, viraram poesia e deram nos a certeza que não podemos calar ou parar de lutar! Que ontem como hoje os problemas podem ser poema, assim queiramos!
Como falar de um concerto feito com toda a simplicidade, humildade e tamanha verdade?
Como explicar com clareza toda a beleza que foi ouvir - te cantar!?
Como dizer que foi uma viagem em alto mar, farol na escuridão, cada palavra por ti proferida!? Que até cada frase falada foi poesia viva?
Que mulher é esta, @a_garota_nao ?! 💚
Só faltou a "querida liberdade"!? Mas sem ser cantada ela lá estava a saltitar entre palavras soltas e os nossos ouvidos atentos, semeada dentro do coração de cada um de nós!
Que viagem bonita! Obrigada por tanta dádiva! 🙏

sábado, 13 de julho de 2024

Música

Que belo regresso ao tempo da felicidade ingénua! Onde tudo era possível, onde nada ficaria por fazer, dizer, alcançar! Que bela noite de memórias e que bela noite a criar novas histórias!

Uma vénia ao Grande Senhor da liberdade, que dos seus altos 78 anos, me fez voltar a acreditar! Ouvi o @sergio.godinho.oficial, o Fausto, entre tantos outros, que me entravam pela rádio, sempre ligada e sintonizada na @antena1 e, sem saber, era já uma criança privilegiada! Ficaram me para sempre no ouvido! Ontem foi um belíssimo regresso a essa casa - infância feliz!
Outra vénia aos @daweaseloficial que me entraram numa adolescência mais tardia, no momento certo, no tempo do inconformismo, no tempo da raiva incontida, no tempo dos sonhos pelo mundo maior, melhor, mais justo, mais belo! Ontem fizeram me voltar a acreditar! Há que lutar sempre pelo Domingo no Mundo, para todos! Há que nunca calar
! Há que nunca parar de lutar, sem medo de pôr o dedo na ferida!!

CFV

sábado, 25 de maio de 2024

Sobre o que falta


 O tempo passa

A música embala

E trespassa- nos a alma! 


O vento puxa

O sol queima

Até às entranhas

Suga te

Para dentro 

E rasga te 

Numa memória

Já sem tempo!... 

O sorriso 

Desvanece te o olhar

E a dor grita

O que o tempo te tirou! 

E não, não volta mais! 

E sentes

Este vendaval

Que te atira

Contra o vazio dos dias!... 


Por dentro queima

Num lento crepitar

Este mar de porquês

Tão insuportável

Como uma fogueira

Em pleno quente agosto! 


Engoles em seco, 

Um gosto salgado! 

Respiras fundo

O ar pesado!

E de olhos fechados

Mergulhas

Desesperada! 

Queres sair

E de volta ao mundo

Numa onda fria

Voltas a arrepiar caminho! 


O tempo é uma bruma

Embala te, 

lentamente

Enrola te suavemente

No nevoeiro

Traiçoeiro! 

E se não tens cuidado

Ficas para sempre

Nesse enganador 

encantamento

Do que ficou para trás

Sem viveres o que está pra frente! 


CFV



quarta-feira, 24 de abril de 2024

Minha querida Liberdade,

Minha querida liberdade, 

 "A cada esquina um amigo"

Na madrugada mais bela

Porque tantos esperaram

Espreita agora, a cada esquina, um velho conhecido! 

Devagarinho, ergue-se, um velho perigo! 


Naquela madrugada,

Soltaram-se os mais belos sonhos

Abraçou se um povo inteiro

De rostos risonhos

Banhados em lágrimas de alegria 

Que  lavaram anos a fio

De um passado sombrio!... 


Foi a manhã que deu os frutos 

De vidas de lutas! 

E o povo saía à rua convencido

Que nunca mais seria vencido!


Hoje, ao contrário de ontem

Os cobardes erguem-se, 

E a cada esquina, 

Semeiam a mentira

Gritam palavras de ódio

Cavando o fosso da desiguldade e da injustiça.. 

Tacanhos, como eles só

Ousam sobrepor- se a uma luta ganha

Acham que podem apagar gentes tamanhas! 

Por eles, falta hoje cumprir-se Abril! 

Dentre o ontem construído na alegria

Ergue se, de soslaio, uma sombra

Que vai cobrindo a mais bela das madrugadas, 

Numa penumbra doentia! 


Os vampiros voltaram 

Estão de dentes afiados

Para sugar o sangue de quem sonha hoje como ontem! 

Pairam aqui e ali

Numa tentativa de reescrever a história

Sem um pingo de vergonha

Teimam em manchar a memória 

Dos que nos presentearam com a mais verdadeira vitória, 

O bem mais valioso 

Para o povo! 

Abril trouxe-nos a Liberdade

E essa nunca nos vai largar! 


Os vampiros já nem se escondem

E sem vergonha

Querem o passado já derrubado

Cercar a vontade de um povo

Que unido jamais será vencido!! 


Hoje, como ontem

Não perco a esperança

Nem nunca me arrancarão

O que Abril

Plantou no meu coração! 

O que me foi dado

Nunca mais será tirado! 

Que eu construi me livre 

E livre sigo

De liberdade na mão

De peito feito

Grito bem alto

Que o povo unido

Jamais será vencido! 


CFV









quarta-feira, 10 de abril de 2024

Abril Sempre

50 anos de abril! 

E parece que tudo o vento levou

E as águas mil

Lavaram o que abril conquistou! 


Ai que raiva

E tanta vontade

De perder a calma! 


Fecho os olhos! 

Grito! 

Em silêncio! 

Grito! 

Por dentro! 


O meu corpo (de Mulher) 

É uma arma

Um míssil

Pronto a disparar

Pronto a calar

Estas vozes bafientas

Estas vozes nojentas

Vazias de tudo o que importa

Cheias de ódio e de morte! 

Pequeninas, bolorentas

Que teimam em crescer e erguer

Velhos tacanhos

7 palmos abaixo do chão! 


E os velhos meios mortos

Inspiram os novos zombies ignorantes

Vazios como só eles são, 

Os seguem, 

Cegos e cheios de si, 

Seres feitos de medos

Aterrorizados pelo tanto que não sabem

Sedentos de se multiplicarem

Pois, que só assim podem sair dos buracos

Que os moldaram! 


E toda eu estremeço

Ao ver o tanto que podíamos ser

E o tanto que nos teimam em roubar! 


Mas nada em mim se vai calar! 

Não esmoreço! 

Vou para sempre gritar! 

E lutar, lutar! 

Agora mais que nunca, 

Contra os canhões da ignorância

Marchar! Marchar! 

Em frente

À frente dos que, para trás nos querem puxar! 

E se tiver que disparar

Que se mate, de vez, 

Os que nos querem atrasar... 

Estes restos de um Portugal cinzento

Que nada tem de heróis do mar! 

Marchar! Marchar! 

Até que o nobre povo 

Valente

Seja capaz de construir 

Uma nação igual

E que isso possa, sim, ser imortal! 

CFV


sexta-feira, 5 de abril de 2024

De fugida sigo partida!

 

Parto hoje
Como ontem
Já lá vão mil partidas e outros mil regressos.....
Parece que vivi assim, desde sempre!...
Como que já nasci assim, para sempre!...
Num constante
Jogo de criança
Numa brincadeira de infância...
E aí vou eu numa nova:
Partida, "lagarta",fugida!!!....
Parto me e reparto me
Por tantos mundos já
Que há pedaços de mim
Por lugares tão longínquos quanto distintos...
E quantas pessoas se me cruzaram?
E quantos braços já me ampararam?
E quantos sorrisos me abraçaram?
E talvez tenha sido tudo isso
Que,
Ao partir,
Hoje, como sempre,
Parta feita de pedaços
Daqui e dali
Daqui e d'acolá
Do tanto amor que recebi
Que,
mesmo feita em estilhaços
Também sou feita dos mil lugares
E dos que abracei
Dos que me abraçaram
E dos que me ampararam!
E é,
Quem sabe, por isso
Que parto num coração
Que bate sempre de esperança
E mesmo pequenininho
Inteira-se e cresce
Na certeza de mais um regresso
Bate ritmado pela emoção
Ao ritmo de uma saudade
Feita de verdade
Tanto de cá
Como de lá!...
E partida
Sigo entre
Quem fui e onde me fiz
E quem sou
Onde sei também ser feliz!
Sigo dividida
Mas em mais uma partida
Sei que os teus braços
Me mantêm viva!!!
CFV



domingo, 31 de março de 2024

Páscoa

Na tua ausência, perpetuamos te!
Na simplicidade encontramos te!
És a nossa Páscoa,
A nossa renovação
A nossa fé!
Na beleza das pequenas coisas sorris, sorrimos!
Na simplicidade dos pequenos gestos, te abraço!
Na ausência és presença,
És para sempre a nossa casa,
És para sempre a nossa história!
És a nossa mais bela e profunda memória, mãe! 🤍

CFV


Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...