segunda-feira, 24 de março de 2014

Infância


A acreditar
crescemos invencíveis
conquistamos o mundo
realizamos sonhos
percorremos tudo
imaginamos mais!

Se no fio pousavam os pardais
também nós podíamos voar
porque bastava tentar
sempre mais e mais!

Em bando
atravessávamos
idades e fronteiras
voando intrépidos,
errantes mas certeiros!

O mundo era nosso!
O futuro era glorioso!

Agora...
quem nos viu e quem nos vê,
vencidos e adormecidos
murmuramos:

«Não importa
nada importa!»

Fechou -se uma e outra porta
E cá dentro, lentamente, a morte:
vai-se a vontade
vai-se a alegria de viver
no fio da navalha
e o pardal, esse, vai
acabar por desaparecer!

De intrépidos
a submissos
deixámo (-nos) perder:
primeiro as asas
depois o cantar
e quando demos conta
até as pernas já nos tinham sido cortadas!

Sonhos amputados...
fronteiras criadas...
medos edificados...

De nós já só  pedaços de nada
esmiuçados e um distante passado...
Tornámo-nos velhos pesados
de almas enrugadas!

CFV

Sem comentários:

Enviar um comentário

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...