segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O (im)possível

Sim, luto...até ao fim!
Não, não vou desistir antes do fim!
Mesmo que me digam
que não vai dar em nada
e não pode ser assim...
Mesmo que me queiram
assustar
e diminuir
eu sei qual é a minha causa
eu sei que o tenho de seguir!

Sim! dou a cara... sempre!
Não! não sou de ficar agachada...nunca!
E se isso ainda assim não valer de nada
saio de cabeça erguida
e de alma limpa!
Porque lutei do lado da razão
porque não me deixei vencer
pelo medo que, esse sim, é que traz o bicho papão...

Luta perdida?
Não é luta se se fica pelo caminho
ou a assistir de camarote
ou se opta ficar escondido
ou mesmo à espreita numa esquina!

Em mim ecoa
a justiça
e a transparência
não há lugar para tendências
porque esta luta que há em mim
é permanente
e sei que no fim
ganho
porque saio mais Mulher
e melhor Pessoa!

CFV

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A nossa luta...continua!

Nos últimos dias a vida deu uma reviravolta!...
De repente, eu e muitos como eu, ficámos sem chão...puxaram-nos o tapete com tanta maldade que não houve tempo para nos segurarmos! Caímos de cara, sim... tombámos, quebrámos alguns ossos e numa primeira reação, os sonhos pareciam desfeitos...

Muitos de nós saímos há algum tempo das nossas terras! Viemos para esta Ilha, com malas cheias de curiosidade feitas de certezas...afinal estávamos a construir o nosso futuro, de gente adulta que corre pelo que pode parecer tão básico, o trabalho, pelo qual estudámos e sonhámos! Éramos professores nesta terra que passou a ser nossa também, por muitos motivos!

Eu, particularmente, já vivi diversos sentimentos nesta Pérola do Oceano Atlântico...
No início não me dei a conhecer nem quis ganhar grandes raízes por cá... porque sei o quanto é difícil uma despedida, sei o que dói um até já, quanto mais um adeus...
Mas de nada me valeu... ganhei, não só raízes e GRANDES, GRANDES amizades, como muito AMOR à terra que tão bem me acolheu!
Assim, sem me dar conta, tornei-me uma Continental Madeirense e senti-me gente da terra porque esta terra se entranhou em mim...
A cada vinda de férias, custava fazer malas e deixar os amigos e família do lado de lá,  para trás, longe, envoltos em mais uns meses de separação e saudade...
Mas ultimamente, devo confessar que a vontade de regressar falava alto, a saudade deste mar era uma realidade cada vez mais presente!

Voltei, cheia de alegria e mal pus o pé nesta Ilha, a sensação de ter chegado a casa percorria-me como sangue que fervilha pelas veias, como batida que, essa sim, fazia bater o meu coração e me dava vida...e que boa foi essa emoção!
Agora, por cá, na CASA que me adotou, depois desta reviravolta que a vida nos proporcionou, naqueles instantes em que páro e dou por mim nos lugares de sempre...mas agora numa angústia que me embrulha o estômago...
Sigo os caminhos que se tornaram meus conhecidos, as mesmas paisagens...sempre deslumbrantes...,mas agora de olhar turvado porque do nada, cai uma lágrima enrolada..

E de coração apertado assalta-me um pensamento devastador: esta terra que se tornou a minha casa pode se tornar mais um percurso do passado... mais uma saudade, mais uma despedida e mais uma dor!...

Nos cafés de sempre, sento-me com amigos, uns velhos, outros novos, uns já são família e outros conhecidos, sei que ali mesmo já fui mulher de sorriso seguro e realizada ... mas agora há, esta incerteza dura que me balança por dentro, desde as entranhas ao âmago da alma que perdeu a calma!
Onde já sorri de peito aberto, dou por mim de cara fechada... e na garganta aparece um nó de medo que muito tem apaziguado com a ajuda destes novos amigos, companheiros na caminhada da vida e de mais uma luta...

E assim, sem estar sozinha corre e teço este fiozinho de esperança que, baixinho, vai crescendo... e só assim, no fim do dia, quando regresso a casa, ainda de caixas por abrir, com a sensação de missão cumprida, não me sinto tão perdida...
E devagarinho, até consigo ver o chão, aquele que, de rompante, alguém fez desaparecer...
E  agora, a altas horas, já consigo adormecer, porque nem o cansaço me vencia, tanto era o medo que sentia...já fecho os olhos e fica comigo um sentimento que paira cada vez mais real de que, apesar de tamanha injustiça, desta vez, a diferença e a verdade ganharão e que nada mais será igual!



CFV




terça-feira, 23 de setembro de 2014

A nossa luta

Quebrados
mas nunca dobrados!

Amanhã e sempre
levantamo-nos,
colamos os mil pedaços
e lutamos!

Amanhã e até ao fim
faremos a justiça
será o tempo de construir 
os sonhos que nos querem destruir!

O futuro a nós pertence
é tempo de o agarrar
porque somos gente valente
e só gente assim,
sem medo,
pode vencer e derrubar 
os figurões que não passam de aldrabões
vestidos de bichos papões...

Que venham eles
porque amanhã
nunca é o dia de desistir!
O amanhá será, sim
e sempre tempo de
resistir
persistir
sem nunca, nunca
deixar de sonhar
até ser de novo nosso 
o que nos querem roubar!

CFV





domingo, 21 de setembro de 2014

Desculpas

Não caibo neste mundo...
ele já nem entra em mim...
Acho que somos demasiado fechados 
um com o outro...
E é neste emaranhado que vivo!

Será esta a prisão que me resta?
Um mundo perdido de ideias 
sem ideais...
Somos um bando de fracos 
em todas as horas que 
suspiramos 
irritamos
e ainda assim somos apenas uns conformados
que só sabem dizer ais!
Imaginamos
sonhos 
mas sempre para depois...
Criamos 
só o que nos serve para já
pequenos desejos que não são mais 
do que vontades 
de outros
num mundo cada vez mais igual e desleal... 
Os outros
é que ditam o que é certo e errado?
e dizemos sim...conformados?...

Um mundo à medida de uns para servir aos outros... 
Não caibo em mim de frustrações
e mil ilusões...

Peço desculpa mas o mundo devia caber em mim e eu nele
Peço desculpa mas só as derrotas trazem vitórias
Peço desculpa  mas ainda quero um mundo 
onde há lugar para lutas!

CFV


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Desabafo

Malas meias feitas
cheias de incertezas
de tudo ou nada
porque se tornou este o nosso fado...

Já não é só deixar para trás
um pedaço de nós
Já não é só deixá-los um pouco mais sós
e partir com essa dor
que escondemos entre abraços apertados
e lágrimas contidas ...
uma força que se esvai
a cada até já, passa depressa...
e assim vamos nós perdidos ...

Não basta já esta leva de partidas
que nos quebram a alma
e a cada ida o vazio
que paira até à volta...

E volta meia volta
as malas meias feitas
e cada vez mais desfeitas
de sonhos e menos fé...

Já não bastaria
esta correria
entre o cá e o lá?
entre o que somos e o que temos?
entre o nosso e o que seremos?

Corremos uma vez mais
mas agora neste desrespeito total
numa incerteza sem igual...
Somos meros PALHAÇOS numa luta desigual!

CFV


sábado, 13 de setembro de 2014

...

E sempre que sai o"não temos nada"
morre um pouco de mim
perde-se o pouco e o muito que me move
Porque podíamos ser tanto
porque te quero em tudo
sem querer
porque te preciso em cada nada da minha vida
sem perceber
porque me és tudo
tudo o que faz sentido
e longe ou perto ainda és o meu sorriso!

"Não temos nada" sussurro...
talvez não ouças ou não percebas...
ou então,
talvez me grites de volta
"não temos nada????!!!"
assim, numa interrogação indignada...
(desejo mais real e intimista que em mim grita a cada
orgulhoso e medroso "não temos nada"...)

E fica a tua voz a soar na minha cabeça
a fazer bater a saudade!
E fecho os olhos
para poder respirar!
Ouço as batidas de um coração já sem vontade...

Morre sempre um pedaço de mim
quando tenho que te falar assim...
E quando só te queria por perto
tu estás em lugar incerto...
Morre esta alma que desespera
quando só sabe viver à tua espera...

CFV



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Em mim

O que mais recordo?

Os teus lábios molhados que procuravam os meus
Os teus lábios sedentos bem perto dos meus
O teu sabor que explodia dentro da minha boca
E o teu olhar...
O teu olhar que só de lembrar
me deixa louca...
Olhos cor de avelã
redondos
acolhedores
quentes
olhos que trazem a calma
e as cores de outonos!
Era assim que entravam em mim
como um abraço ou um afago
deitada no teu regaço...
E sentia-me tua
eterna e segura!

Recordo...

O tempo que corria e desaparecia
e sempre que nos juntava também nos separava...
O tempo que nos apanhava numa breve felicidade
e nos largava numa solidão só, a tua e a minha...
O tempo que demorava a ser nosso
e quando nos encontrava fugia
transformava-se em instante
e rapidamente nos fazia distantes...

Carrego-te em mim desde aí
entranhaste-te em mim desde então
Ficou-me este sabor de ti
e aquele tempo é o que me faz bater o coração!



CFV

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Confesso!

E ainda do lado de cá
o mundo encontra-se suspenso
a vida corre lenta
o tempo parece parado
e até o vento sopra desconfiado...

Desta vez 
há uma vontade nova
uma inquietação profunda
que me põe à prova
o meu cá ficou lá
o meu lá trouxe-o comigo para cá...

Parece confuso
mas no fundo
é simples:
lá no fim de tudo
no meio do nada
está aquela que me chama
como minha casa...

Em mim passou a morar
um oceano imenso
que calmo e intenso
banha os pés 
a uma montanha imponente!

E assim cresceu este jardim
que foi entrando em mim
ora em dias solarengos e perfumados
ora em noites embriagadas 
por essa luz prata 
que me faz cada vez mais falta!

E lentamente fui invadida 
por esta saudade...
E foi sendo realidade
um querer voltar para aquela 
que me acolheu como sua...

Do lado de cá, na distância 
contemplo- a, através da lua
como que à espera de a ver 
entre picos e ondas - prata
entre rostos conhecidos e sorrisos amigos...
Tornaste-te tanto minha como eu tua
e agora é esta disputa:
o cá que é cada vez mais lá
e o lá que é cada vez mais cá...

Que luta!

CFV





Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...