quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O JOGO DA ESPERA

É como sereia louca e enganadora
com promessas de amores
que crescem na alma
até que a boca já não se cala!

É como corpo escorregadio
que te escapa
contorcido
numa perseguição
sentida
pelo que a boca disse
à alma sedenta
de acreditar
mesmo sem ver...

É o sonho que te veste
e a realidade que te desnuda
no jogo da expectativa
aquele que, tanto à partida
como à chegada
nunca tem vencedores...
nos desamores
o labirinto faz-nos
perdidos,
cegos,
sem nos sabermos desde sempre vencidos!

CFV








segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Será do dia que vira noite

Será do dia que vira noite
ou do sol que vira chuva
que a vida é insegura
e a morte uma certeza
que nos embala
a vontade de errar!

E ainda assim
sem nunca deixar de tentar!

Até que a morte nos separe
desta contradição que é viver
e nos pare, sim,
mas sem nunca nos vencer!...

E assim nunca haverá fim
nem noite
a escurecer o dia
nem sol
feito em nuvens
feitas das dores do mundo
desfeitas em chuvas!

Não haverá medo do erro
porque em cada peito
os amores e os desamores
serão o erro delicioso
de uma certeza que nos embala,
viver é o pouco que nos aquece a alma!

CFV











quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O tudo ou nada que se foi...

A pior coisa é não saber
ou será desconfiar?
Esta certeza vestida de dúvidas
que o olhar disfarça...

A razão sem precisar
o que o coração não ultrapassa!

A pior coisa é ter sem poder
alcançar
o querer muito
esquecer
o que voou da mão
numa certeza
do que já se foi
do que já se teve
e nunca se agarrou!

E quando tudo é agora ou nada
a melhor coisa é deixar ir
a cada volta
a mil idas
voar atrás
vestir uma segunda pele
feita da incerteza
numa tentativa
de deixar crescer
o que ainda há-de ser!

CFV





quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A Morte da Criação

Morreste-me
nas mãos
e levaste contigo
a essência
que era minha!

Percorreste- me
moribunda:
primeiro
pelos braços
dormentes
depois certeira
engoliste-me o chão
caíste comigo
numa estranha escuridão
e nela o teu abraço
desse manto frio
tão teu, só teu...
até que me
perdeste de mim
até que me
deixaste sem mãos
que me caibam nestes braços
que impiedosa
arrancaste de mim...
e numa morte lenta
transformaste -me a alma
sedenta
num labirinto
onde nunca se vê o fim...
ainda hoje a procuro
nesse teu e só teu breu...
ainda hoje a eternizo
em tentativas
vazias de qualquer razão
em sonhos que vêm e vão!

Desconfio
que também a levaste de mim!

CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...