terça-feira, 19 de março de 2019

Dia do pai

Vejo-te mãe,
na luta de todas estas noites
do pai...
Olho-o só, onde foram os dois
olho-o a sentir mesmo calor da lareira
que anos a fio vos acalentou e
aos dois iluminava 
nos dias escuros e frios de inverno!

Vejo-te mãe,
nesta nossa nova solidão,
no seu olhar vago,
no seu pensamento distante
de quem viaja,
te procura
e volta triste
por não te encontrar...

Vejo-te, mãe
nos seus ais silenciosos
e noutros mais sonoros
como quem tem muito 
ar
ar a mais 
que necessita expelir,
como quem suspira todo o 
ar que respira,
que só assim
parece conseguir
manter-se à tona
deste novo mar
revolto
em que nos deixaste
e nos leva ao fundo
numa e noutra onda
sem parar, 
sem fim à vista!

Vejo-te, Mãe,
todos os dias,
nele, 
nessa tua outra metade
para quem viveste
para quem,
e decerto já estaria escrito,
nasceste e te dedicaste...

Ele sabe, mãe, 
tudo o que somos,
só o somos por Ti!

Vejo-te na sua vontade
de, com custo, 
se erguer, 
todas as manhãs, 
nos planos que tem
para fazer o bem
de cuidar
como sempre cuidaste
do teu quintal
de regar, 
como sempre regaste
as tuas flores...
porque vê-las florir
será ver-te sorrir...
semear, 
arar e plantar,
é agora a única forma
de te abraçar
de te devolver 
o que era para ti cuidar
o que era para ti AMAR!

Vejo-te
neste nosso esforço de
recomeçar!
Cuidamos agora um do outro 
com a tua mestria, 
com o carinho e a fé
que ensinaste,
e que sempre
nos depositaste!

CFV

Sem comentários:

Enviar um comentário

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...