na luta de todas estas noites
Olho-o só, onde foram os dois
olho-o a sentir mesmo calor da lareira
que anos a fio vos acalentou e
aos dois iluminava
nos dias escuros e frios de inverno!
Vejo-te mãe,
nesta nossa nova solidão,
no seu olhar vago,
no seu pensamento distante
de quem viaja,
te procura
e volta triste
por não te encontrar...
Vejo-te, mãe
nos seus ais silenciosos
e noutros mais sonoros
como quem tem muito
ar
ar a mais
que necessita expelir,
como quem suspira todo o
ar que respira,
que só assim
parece conseguir
manter-se à tona
deste novo mar
revolto
em que nos deixaste
e nos leva ao fundo
numa e noutra onda
sem parar,
sem fim à vista!
Vejo-te, Mãe,
todos os dias,
nele,
nessa tua outra metade
para quem viveste
para quem,
e decerto já estaria escrito,
nasceste e te dedicaste...
Ele sabe, mãe,
tudo o que somos,
só o somos por Ti!
Vejo-te na sua vontade
de, com custo,
se erguer,
todas as manhãs,
nos planos que tem
para fazer o bem
de cuidar
como sempre cuidaste
do teu quintal
de regar,
como sempre regaste
as tuas flores...
porque vê-las florir
será ver-te sorrir...
semear,
arar e plantar,
é agora a única forma
de te abraçar
de te devolver
o que era para ti cuidar
o que era para ti AMAR!
Vejo-te
neste nosso esforço de
recomeçar!
Cuidamos agora um do outro
com a tua mestria,
com o carinho e a fé
que ensinaste,
e que sempre
nos depositaste!
CFV

Sem comentários:
Enviar um comentário