quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Divagações

Em mais uma corrida
Em mais uma ida
Dividida
Num sabor agridoce...
A vida mecânica
Não pára
E tudo gira
Numa roda que mecaniza
Até as palavras (im)pensadas
As ditas e as desditas...
Maldita
Esta roda viva
Que nos Mata
Lentamente
Os gritos
Que outrora nos libertaram
Seca-nos
As lágrimas soluçadas
Que devolviam
O alívio
Que traziam
O norte perdido
Que acalmavam
O coração sangue vivo...
Agora
A vida roda
Emoções mecanizadas
Sorrisos em lábios calados...
Morremos aos poucos nesta vida
Cheia de idas e vindas
Cheia de saudades
Cada vez mais enterradas
Em gestos adultos
De gente que deixou de ser gente
De gente que se obriga a não sentir
Para não desistir
Para não ser engolida
Mas que já sucumbiu
À roda mecanizada da vida!

Faz me falta o grito
A revolta
O argumento
Baseado apenas no sentimento!
Faz me falta ser vida
Ser decididamente perdida
Sem rumo
Sem amarras
Mas também sem paredes fechadas
Sem espadas apontadas
Só eu e a liberdade de Ser!

Assim e lentamente resta-nos
Morrer...

CFV

domingo, 1 de setembro de 2019

The sweetest September

1o de setembro...
E pela 1a vez
Sem o sufoco
Da incerteza
Sem o nó na garganta
A terminar no estômago às voltas...
1o de setembro
Numa década
Pelo menos
Sem tirar a senha
Sem esperar
Diminuída
A pensar
Na vida
Que me levava
Repetida
Ao Centro que de emprego pouco ou nada tinha!

Este poema pode parecer ridículo
Sem quê nem porquê
Um assunto demasiado fútil
Altamente burocrático
E até pouco prático!
Concordo!
Mas só se eu não fosse
Professora de um país
Que existe politico
E pisa quem o elege
Que existe em demagogia
A enganar o povo
(Qual herege)
Numa demanda
A parecer cada vez mais impossível
Cada vez mais diminuída...

Mas eu sou
Pela primeira vez
(Quase a soar a ternura)
Uma professora
Num país
Que me deu a saborear
O que é
Não estar
Sentada
Triste
Perdida
Assim como que nua
E ao mesmo tempo
Vestida de esperança
Diminuída em pensamentos
Orgulhosa a ser o que escolhi
Numa fila
De contradições
Solidária
Com todos
Que iguais a mim
Estariam
Nesses mil e um Centros
Que apelidam de emprego
Mas que na verdade são
Centros de um medo
Miudinho
Que consome
Devagarinho
Os sonhos de uma vida...

Pela primeira vez
Numa década e meia
Sou mais inteira
Quase me sinto gente
Num país de meias medidas
Cheio de ideias
Repleto de vontades
Das gentes de verdades
Esvaziadas
Esventradas
Por politiquices
Dessa gente que pouco mais é,
Do que metades
De jogos jogados
Com vidas de pessoas,
Essas sim, de verdade!
Gentalha
Que em tempos de promessas
Se juntam, hipocritamente, ao povo
Que é quem de facto
Reergue e constrói,
O Portugal de que falam
Desses que desdizem
Reduzindo a números
Tudo e todos
Num país grandioso
Apenas e por causa deste enorme Povo!

Pela primeira vez
No 1o de setembro estou tão a termo
Como em qualquer outro
Mas é tão nova
Esta sensação
Que me não cabe
Neste poema
Ou no coração
O tamanho
Da alegria
Da emoção
Tanto quanto
O tamanho
Do injustiça
Pelo tardio da conquista
E acima de tudo
Porque o ano é de vício
De promessas de político
De eleições à porta
Num vale tudo
Que te deixa
Verdadeiramente
Triste!
E resistes
E escondes
Os maus pensamentos
E tentas esquecer
Que tudo pode ter sido
Uma única vez
um setembro extraordinário
Que te "permitiu"
Esta 1a vez....
E remóis dentro de ti
Que tudo isto
É um misto,
Tanto pode ser um recomeço
Como pode, à partida, ser o fim!!

CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...