sábado, 26 de julho de 2014

Um mar de nós que ainda vive em mim



Fui feliz dentro do teu olhar!
Lembras- te?
Também foste feliz dentro do meu!
Lembras-te?
Daquele momento em que entrámos um no outro,
olhar adentro e ali ficávamos em silêncio a contemplar-nos
naquele sentimento que nos envolvia!
O sorriso eram as palavras por dizer...
Eu ia jurar que ambos dizíamos o mesmo:
o quanto nos queríamos... nos desejávamos... nos precisávamos...
que não haveria nada que nos derrubasse...
que todos os obstáculos iriam desaparecer...
porque no nosso olhar silencioso e intenso
havia a coragem,
a coragem de quem só queria e precisava amar...
eu ia jurar que foi isso que vi....                                                                                                                 
porque eu juro que foi isso que te                                                                                                   disse...                                                                       
Percebeste?
Lembras- te?
Sentiste?
Então porque desististe?
Porque nao tentaste?
Porque te e me afastaste?
Será só o silêncio de quem tem tanto para dizer mas nada sai
 porque tudo insiste em ficar entalado entre o coração e os lábios?
Raio de nó que cresce desde o estômago até à garganta!
Tolda-nos o olhar.. o pensamento e faz- nos parar... perder...
O amor? Sim...até o amor morre quando dois olhares se perdem entre nós e silêncios distantes
entre distâncias e silêncios enrolados, sem certezas... sem os tais dois olhares cruzados...afastados!
Aquele do teu/meu/ nosso olhar, para onde foi?
Estará preso nesse raio de nó?
Já nem sei o que pensar..
sei que num momento estava tudo bem e agora...
só um momento depois...
faltas-me tu e o silêncio do teu olhar e o saber se te falto também assim:
como se o mundo fosse um deserto
o pensamento uma tortura e a distância...impossível!
É como se vivesse hora a hora com o peito aberto...
o coração a bater em vão num banho de sangue que sou eu, ferida...
a morrer a cada batida...
Não sei como é ou como foi...
Num momento estavas ali, eras real, podia tocar -te, beijar- te...
Lembras- te?
E o sabor dos teus beijos?
Sabia que de cada vez que te beijava me afogava viva nesse mar
e morria para viver dentro dessa boca...
e era assim mil vezes a morrer para poder viver dentro de ti,
nesse mar de beijos...
e era o teu olhar que me fazia voltar a mim,
e continuavas ali...a meu lado...
abraçava-te e nesse abraço quieto
o mundo era nosso... sem irmos a lado nenhum...
Lembras- te?
Agora...
só um momento depois,
tudo parece perdido...
Já não estás aqui...
Foste para algum lado e não me levaste?
Não entendo...
nunca entendo!
E o que fica em  mim é este rio de lágrimas que me corre cara abaixo...
incontrolável...
incontornável...
leva tudo à frente
menos este nó que parece ter ficado para sempre!
Eu sei, é do vazio,
do momento em que te foste..
assim sem que eu percebesse...
Depois desse mar que navegámos...
olhar adentro...em beijos quentes...
o que fica é, claro,
é o vazio de te ter tido... passado...
de te ter conhecido...passado...
o presente é nada mais que isto:
o medo de te ter perdido!
E o futuro?
Temo que não exista...
Percebeste?
Eu não percebo nada e sinto tanto...
muito mais do que o meu sorriso aguenta...
ou isso, ou ficaste com ele para onde quer que tenhas ido sem mim...
voltas com ele?

CFV



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