domingo, 22 de novembro de 2015

Desengano

Desengano
destino de sempre...
E por mais ruas que percorra,
o diferente acabará sempre igual...

Desespero 
a única palavra real
para quem respira
sufocada em medo...

Perdida
num labirinto tal
que o instinto
é só fatal
para o juízo!

Vive
quem tem calma
Morre
quem tem alma 
inquieta
renasce 
incerta
a cada suspiro
de quem sempre vai sentir
este desengano tamanho!

CFV


 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Fins de tarde

São sonhos
que queimam
os olhares
que congelam
o momento...

Instante
que muda tudo...

E sem parar
a vida voa
num impulso picado
a rasar o sol e a lua
numa aproximação
impossível
tornada real
pela imaginação...

Feita de castelos de areia
e de fins de tarde a escaldar
e de uma vontade indefinida
de juntar
a pele e o mar
num sentido só
num misto
de medos e ousadias
guardados e perdidos
num sem fim de mundo
que teimam, agora, em acordar!

Respira fundo e descompassado,
coração imprevisível,
volta à vida que já sabes, incerta
certo de que a viverás
sempre
em manhãs submersas
em noites fugazes
e que a ti, só pode pertencer o luar
quando, caprichoso, decidir brilhar!

CFV




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sombras

É a sombra
que paira
no céu mais azul 
que brilha 
entre a brisa mais fresca...
tão fresca ...
de fechar os olhos 
e sentir tudo...
tudo o que haveria de vir
e nem aí vimos o escuro 
que já aparecia
que se entranhava na pele
e nos respirava em cada poro
e nos suspirava inquieto
entre flashes 
enganadores
sufocantes 
de sabor a fel...
Não vimos que só nos tirava o fôlego
que só nos cegava a calma 
lentamente
e um pouco mais 
e um pouco menos 
de nós
num crescendo de sombras
que nos escondem a alma
deixando-nos um pouco mais
sós
num eterno movimento
de esperanças e dores
num jogo pérfido
de sombras vivas
que matam
os últimos brilhos 
que nos levam os últimos raios de luz
numa despedida previsível 
mas que ainda assim julgávamos impossível...
E o sol que nos abandonava quase secretamente
e um céu que nos levava o azul e o quente
e o fim
de cada dia
que não passou de mais uma promessa perdida
e o fim
previamente anunciado
a cada manhã...
Sobrou apenas o invólucro
que nos reveste o escuro de que sempre fomos feitos:
seres imaginados
a querer  mais quando tinhamos de sobra
seres imperfeitos
a desejar o que nunca foi para nós
o amanhã quando não vivemos o hoje!
E quando desejámos que fosse Tudo
só corríamos atrás do Nada!
E quando sonhámos
e voltámos a sonhar,
de tanto sonhar 
pareceu tão real...
mas o brilho do escuro já estava lá
vestido de quente e azul fresco!


CFV

Petição ao coração

Vale mais nunca esperar
Vale mais nunca querer
Para quê?
Vale mais não esperar...
Acabar
antes de começar
Adormecer 
antes de sonhar
Querer
só a chuva
Quem precisa do céu estrelado?

Vale mais nunca ter imaginado
O sempre que será sempre nunca
O agora
que nunca chega
e o amanhã
que sempre traz tristeza!

Vale tudo
Menos desejar
a incerteza
o friozinho na barriga
o brilho no olhar...
É acabar tudo
antes que tudo vire castigo!

O tempo pode simplesmente ser o nosso pior inimigo!

CFV


Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...