sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Entre marés e montanhas

Foi numa lua brilhante que te deixei
cheia de contradições
numa alma já de si partida
aos tropeções,
num crescente de saudades...

Outras luas passaram
nestes dias audazes
de eternas amizades...
enchemos copos
e bebericamos
devagar as novidades
em tragos que engoliram
outras tantas saudades...

Agora que regresso
brilha novamente
cheia de vontade
uma lua nova
dos cheiros
e dos murmúrios
do costume!

Traz-me a vontade
escondida mas sempre sentida
de te abraçar
e esse ondular
de que é feito esse meu,
cada vez mais meu,
porto de abrigo!

Será sempre cheia
a lua que me fascina
porque cá dentro nunca mingua
este manto que me cobre
e me arrasta em constantes distâncias
e me traz suspensa
entre marés
e montanhas
de fazer perder a vista!

CFV



domingo, 11 de setembro de 2016

Culpas

Acordamos dias e dias,
dias a mais
com o horror nos olhos!

Adormecemos vezes e vezes,
vezes sem conta
na dor que transformou o mundo!

Acomodamos o silêncio
nos nossos corações
numa cumplicidade suspeita
vestida de impotência coletiva!


Já basta! É GRITO que se prende na garganta!

A nossa voz ainda se desprende entre vontades mudas
e palavras sentidas
de silêncios desmedidos...

A deles já se afogou
nos gritos mudos e vãos
no sangue que corre por todas as mãos...

Haverá ainda um amanhecer
de mãos dadas
sem distinções
num único bater de corações
sem culpas erradas
sem gritos silenciados
sem cumplicidades culpadas!

CFV

sábado, 10 de setembro de 2016

Fim?

Leio-me com espanto
leio e releio,
à minha procura
mas são tentativas vãs
que me relegam para o escuro
do que de mim resta...

Não sei onde me encontrar!

A mão corre ao sabor do pensamento
o coração empedernido
não deixa de bater
num movimento constante
numa dor inquietante...

E a tinta discorre irregular
sem ideias de verdade...

O mundo deixou de me inspirar
as pessoas continuam vazias
e a alma que me habita em mil eus
deixou de se importar...

CFV




Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...