Deixei de existir...
um dia a música
não me fez tremer
o que me habitava
parecia crescido
a cabeça já não sonhava
o coração estava conformado...
Morri...
nesse dia fatídico
em que me tornei adulta
em que escrever
era impossível
e ler já não fazia sentir
aquela sede constante
a procura imutante
pelo não sei o quê
tinham desaparecido...
Perdi a meninice?
E os sonhos que nunca iria realizar?
E a vontade de criar
um mundo impossível?
E a esperança utópica de nunca deixar morrer
esta alma sem que ficasse quieta?
Se ela sempre teimou
sempre se recusou....
era alma para nunca aprender, para nunca crescer...
E eu já tinha sabido
como viver assim
com as perguntas sem respostas
eu conhecia -me
incerta e crente
inconstante e incorreta
imaginava-me
num para sempre inquietante
própria de menina-mulher...
Agora,
eu não sou mais eu
perdi-me
e as mil almas em mim
parecem ter criado
uma só,
pragmática e chata!
CFV
" A intensidade da tempestade é inversamente proporcional ao tamanho do corpo!"
terça-feira, 14 de novembro de 2017
terça-feira, 31 de outubro de 2017
E tudo o fogo levou
foi tornado assim
por gentes cheias de intenções
as dos boys
cheios de razões e sonhos feitos de cifrões!
Acreditavam que nada mudava
que o drástico seria esquecido
que o que interessava
eram os seus sonhos construídos de matéria
afinal, os seus cifrões é que eram coisa séria
mesmo erigidos numa mentira!
É certo,
do engravatado
ao novo-rico
do pobre de espírito
ao chico- esperto
do político de sempre
ao proprietário negligente
do mais presente
ao mais distante
do que nunca muda
ao que não quer saber
dos preocupados
aos cumpridores,
é de nós
é de todos NÓS,
esta culpa
que paira negra como o manto que
agora cobre a minha, a nossa terra...
Agora, é o tempo, que desde sempre nos habituaram,
da feira dos horrores,
porque: NÃO PODEMOS ESQUECER!
Só que, mais dia menos dia, sim...
Vão chegar as chuvas
o Natal e o frio de janeiro e fevereiro...
e quando damos por ela,
já ansiamos pelo calor de verão...
abril e maio trazem flores coloridas
e por essa altura
já muito foi esquecido...
senão tudo,
pelos bem intencionados
engravatados!
Agora, as fogueiras ainda ardem
dentro de quem se compadece ao ver...
dentro e fora de quem já não tem nada a perder...
Agora, ficou este cheiro a morte
um futuro cinza e negro
como o manto
que cobre agora a minha, a nossa, terra!
Mataram o meu e o teu verde manto
por ganância
por poder
sem saber
que daqueles montes e vales,
bem longe das mansões citadinas
dos boys vestidos de ilusões
dependiam milhares de vidas
que apenas sonhavam
com a simplicidade
que se toca a cada verão quente
a cada brisa com cheiro a água doce
que corria... livre e límpida...
a cada inverno gelado
que era aquecido
pela simples lareira a crepitar a lenha
antes apanhada
naqueles montes e vales...
Outrora tanto
e agora NADA!
As palavras choram
a perda
os olhos marejados
não querem ver
a cabeça lateja,
perdida
o coração bate
mais devagar e mais alto,
neste silêncio atroz
neste horizonte maior
que ficou negro...
a alma doída
parece um corpo retorcido
um tição queimado...
Tudo foi levado
ficou apenas o vazio!
CFV
sexta-feira, 25 de agosto de 2017
Noites
luzes encandeadas
pelos olhares que
brilham intermitentes
num momento
que vira
instante
para sempre...
Somos sonhos
feitos de castelos
de areia,
reis e rainhas
a jogar num tabuleiro
onde todos estão parados
onde todos são peões...
Somos...muito mais isso... errados!
Somos seres de quereres
desfeitos
pelo instante de luz
que nos guiou
naquele momento
para a escuridão de sempre...
Somos luz que brilha
imperfeitos
mas focados
ao longe
na busca incessante
pelo momento
que nos guie...
noite adentro...
Buscamo-nos
nos sonhos
na luz que brilha
quantas e quantas vezes, mentira...
Pois que tudo o que é preciso
é perdermo-nos
é morarmos serenos
no escuro das noites que nos habita...
mais que luz, somos feitos de escuro
pois que a vida só pode ser vivida
no limbo,
com a garganta seca
e o estômago em nós
que as borboletas só voam de dia!
CFV
segunda-feira, 26 de junho de 2017
Se o mundo fosse poesia
Se a vida fosse poesia...
eram versos soltos num dia
e no outro
cruzavas só o que sentias!
Tocavas com dó
as dores do mundo
e transformava-las em risos
num fim de tarde sumarento!
Se o mundo fosse poesia
no meu,
não haveria mentira
muito menos hipocrisia..
Seria rima branca
que voava livre e em segurança!
Cruzada!?
Só construída
só vivida e sentida!
Toda ela
liberdade
compreensão
verdade!
Se existisse só poesia
o sonho nunca morreria!
Um dia era rima interpolada
pululava alegria
brotava ironias e sinestesias
no outro
passeava lânguido e embriagado
de tão emparelhado com a fé!
Num abraço dado ,
transformavam o mundo no verbo
acontecer,
e já não eram só querer...
eram vontade realizada
eram desejo conseguido
e o mais obscuro
seria luz alaranjada de pôr de sol,
sem eufemismos,
caberia num copo meio cheio
néctar digno de deuses
que, adocicado,
beberiam num trago só,
todas as dores do mundo!
CFV
quarta-feira, 17 de maio de 2017
A esquina que abraçou o dia
Agarrou-me este medo!!!....
Tem o tamanho do mundo
e cheira a futuro
tão incerto, tão escuro
que só eu sei!
Tornei-me um pedaço do que fui
restou o corpo inerte
invólucro vazio...
Deixei-me por aí
entre desejos e dúvidas
entre ser qualquer coisa
e o, querer sem saber, ser eu...
Fiquei por aí
perdida
numa esquina sozinha
escura e húmida...
bafejamos como se fossemos uma
batemos em uníssono
estes
medos
que se apoderaram
e por aqui ficaram!
Já não sei se, o que por ali ficou,
sou eu ou apenas a escuridão
o bater de dentes
o medo tremendo
ou a esquina na calada da noite
esperando
morrendo
sucumbindo
e abraçando
na morte
quem passa
distribuindo o desespero
partilhando o medo
deixando para trás
cada sopro de vida!
Ganhou a noite sozinha
o mundo destruído
as almas fugiram
perderam-se a cada esquina
que sucumbiu
à escuridão que abraçou o dia!
quinta-feira, 27 de abril de 2017
Moer a vida
Há por aí uma brisa
quase não se ouve,
que parece,
passa despercebida...
Há por aí um rumor
quase não se sente,
que parece
moinho de vento
mas mói...
Há por aí perfume
quase não se vê
que paira
aqui e ali
sem parar
joga às escondidas
vencendo -nos,
a nós gente perdida...
Deixámos de ouvir
deixamos de sentir
rodopiamos
sem saber ver
numa constante procura do ter
sem entender
que assim
só sairemos invisíveis!
CFV
quase não se ouve,
que parece,
passa despercebida...
Há por aí um rumor
quase não se sente,
que parece
moinho de vento
mas mói...
Há por aí perfume
quase não se vê
que paira
aqui e ali
sem parar
joga às escondidas
vencendo -nos,
a nós gente perdida...
Deixámos de ouvir
deixamos de sentir
rodopiamos
sem saber ver
numa constante procura do ter
sem entender
que assim
só sairemos invisíveis!
CFV
domingo, 16 de abril de 2017
Tempo Incompreendido
Anseios entontecidos
raivas embrutecidas
são corpo
e alma
deste ser que me calhou
para viver
esta vida que me escolheu...
São eles que me mantêm viva
e elas que me trazem perdida!
No fim fará sentido?
Agora,
não sei quem me habita
não imagino quem
cá de dentro grita e se agita
como se toda eu ardesse
entre raivas e anseios...
como se toda eu
nunca tivesse sido
nunca tivesse sido...
eu!
Agora,
sem solução à vista
pairo sobre mim mesma
e ao mesmo tempo
presa
a um corpo que me aperta
a um tempo incompreendido
a um mundo encolhido
que me sufoca
e se me entranha
num vazio que pesa
e me carrega
em direção ao infinitamente desconhecido!
Conforma me saber
que um dia
tudo poderá fazer sentido!
CFV
raivas embrutecidassão corpo
e alma
deste ser que me calhou
para viver
esta vida que me escolheu...
São eles que me mantêm viva
e elas que me trazem perdida!
No fim fará sentido?
Agora,
não sei quem me habita
não imagino quem
cá de dentro grita e se agita
como se toda eu ardesse
entre raivas e anseios...
como se toda eu
nunca tivesse sido
nunca tivesse sido...
eu!
Agora,
sem solução à vista
pairo sobre mim mesma
e ao mesmo tempo
presa
a um corpo que me aperta
a um tempo incompreendido
a um mundo encolhido
que me sufoca
e se me entranha
num vazio que pesa
e me carrega
em direção ao infinitamente desconhecido!
Conforma me saber
que um dia
tudo poderá fazer sentido!
CFV
terça-feira, 7 de março de 2017
Mar salgado de medos
Aqui se encerram paredes
com certezas
ora de outrora
ora de outros
portas esguias
erguidas,
ripa a ripa,
na incerteza atrás de incerteza...
ficaram assim
altas a perder de vista...
O olhar procura
anseia uma saída
e dele só raios
de uma esperança fugidia
queimam sonhos
incendeiam dores
e, no fim, são cinzas
raivas incompreendidas
que por aqui ficaram
que por aqui se encerraram...
Os dias são inúteis
a vida apertada
o tempo foi espremido
neste corpo minúsculo
cada vez mais inerte
cada vez mais invólucro
cada vez mais vazio
um rio parado
pedra que se desfez
num mar salgado de medos...
CFV
domingo, 1 de janeiro de 2017
Memórias e ânsias
entre instantes eternos
numa vida escorrida
de poucas demoras
de longas conversas...
sumarentas
quentes
bem regadas
e aconchegantes
como que lã entrançada
qual cachecol
de amigos e família
perdidos e achados
numa vida feita de despedidas!
Lá fora,
a solidão e o desejo,
em mais uma partida
em mais uma ida,
acompanham
uma paleta de cores
verdes de esperança
e os laranjas outonais
envolvidos numa névoa gelada
a dizer que o Inverno já deu a sua entrada!
Correu o Natal
e não se demorou
o janeiro
a vida é isto:
viagens feitas e tantas por fazer,
entre memórias e ânsias
saudades e abraços
uns dados
outros por abraçar...
de histórias vividas e mil por viver,
sensações e emoções que ficaram
e outras que ficam ainda,
a marinar...
Até à próxima!
ah! Vida corrida!!!
regada a instantes
de uma vida sumarenta
de idas e partidas
repasto de encher a alma
num doído e reconfortante,
Até já!
É primeiro de janeiro,
Portugal está soalheiro!
O sol bate no vidro
ilumina o meu caminho
gelado pela última madrugada
que findou e iniciou mais um ano inteiro!
CFV
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Aperto
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Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...