quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Ferida aberta

Instante que tarda em passar
tempo que tarda em ficar
sinto -te a escapar
entre os dedos
que nem areia
numa madrugada gélida
que nem vento
que corta a fio de navalha
sem metáforas ou eufemismos
num sarcasmo
cada vez mais real!

É uma espada afiada
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É faca aguçada
trespassa-me devagarinho
numa ironia doentia
e aos poucos
os pedaços de que sempre fui feita
são ferida aberta...

Fecho os olhos
num laivo de esperança
adormeço aos soluços
sonho e acordo
e o que vejo é um breu
e esta dor tamanha
que em mim restou
num para sempre incerto...

Abriu- se este poço
sem fundo
sem princípio ou fim
não há céu
quanto mais estrelas
não há tempo
e os instantes teimam em se alongar
nesta espera dolorida
sem cor
sem luz
sem ti!

Conto os dias
numa distância
nunca antes assim sentida...

Cruzo os dedos
numa fé nunca antes minha...

Procuro motivos
e encontram-me todos os deuses
que habitam este e outro mundo...

E fica
este escuro desespero...


CFV










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