domingo, 30 de março de 2014

Lançamento do livro- Palavras que me Encontram



Hoje foi um dia muito importante para mim! Os meus poemas transformaram-se em Livro e agora as minhas palavras voam pelas asas de outras pessoas! Sim, sinto-me orgulhosa e vaidosa! O meu primeiro livro!

quinta-feira, 27 de março de 2014

Palcos

No teatro da vida
os papéis desenrolam se
sem parar e nem tempo há
para pensar...

Nesse teatro todos somos cínicos
todos somos hipócritas
todos sorrimos
Adicionar legenda
em vez de bater com a porta!

Em cena desempenhamos
o que apanhamos
e facilmente
perdemos...
esquecemos...
atores - robots
numa sociedade
politica e socialmente podre...

Neste palco
os papéis são distribuídos forçosamente...
não há tempo e o talento
está em constante movimento:
ardilosos mascarados de inocentes
inocentes que afinal são mentirosos
bastante talentosos...
máscaras atrás de máscaras
papéis sem fim,
atores atrás de atores,
num frenesim
num palco lotado
um entra e sai desorganizado
cada um a lutar para ser notado...

Desgraçados sem tempo
numa peça sempre em andamento!
Aqui não há lugar para ensaios
e os enganos, esses,
pagam-se caros...
Pelo caminho perdem-se máscaras
e ouvem-se vaias
porque a descoberto somos todos
cínicos sorridentes
verdadeiros hipócritas
a dar pancadinhas nas costas...

É o palco global
um carnaval
onde desfilam um sem fim de máscaras
atores de variados talentos
em fila para o próximo momento!

Chamam-lhe globalização
eu chamo-lhe ideia,
só isso,
apenas isso,
a sensação de uma modernização
e , ironicamente,
o nosso mundo que ficou bem mais extenso
parece-se cada vez mais com uma aldeia:
cada um de nós em crescente isolamento...
Estamos sós,
dispersos, desatentos
chicos espertos
porque o palco é imenso...
Mas é um engano,
esta peça
só nos trouxe mais constrangimento
menos alento e menos tempo
para tragar este teatro
de forma sentida
que, afinal, é a  nossa vida !

CFV








quarta-feira, 26 de março de 2014

Fantasma de mim

Fantasmas
são almas moribundas
Fantasmas
são almas passadas
que pairam
perdidas e perseguidas!
Almas - fantasmas
almas profundas e sentidas
que,
fantasmas de mim,
em mim estão
e dentro de mim
sempre me encontrarão!

Fantasmas
de almas despidas
de vidas
distantes e sussurrantes..
fantasmas de mim
em mim
dentro de mim...
Que me querem?

Quero arrancá-los!
E grito de dor!
Mas de repente
há um torpor que se sente:
é uma dor muda
moribunda...
porque em mim há esta morte
repetitiva e que sem sorte
vive dentro de mim
nesta prisão, livre e viva...
Morte incessante
numa busca constante
sem parar
a pairar
dentro do que resta em mim...

Respiro fundo
mas falta-me o ar
talvez tenha mesmo morrido...
e se morri
que morte foi esta?
Eu, que nunca passei
de um ser funesto,
um fantasma
que me matava
o que de mim restava
eu, que nunca fui mais
que um fantasma de uma vida passada...

Fixo o olhar
mas fixo já ele estava
num breu
num silêncio aterrador
um réu
de um lugar cheio de dor
um fantasma de olhos abertos
cegos mas certos
que esta alma
não foi mais que moribunda
pois, mal nasceu
logo morreu!

CFV

segunda-feira, 24 de março de 2014

Infância


A acreditar
crescemos invencíveis
conquistamos o mundo
realizamos sonhos
percorremos tudo
imaginamos mais!

Se no fio pousavam os pardais
também nós podíamos voar
porque bastava tentar
sempre mais e mais!

Em bando
atravessávamos
idades e fronteiras
voando intrépidos,
errantes mas certeiros!

O mundo era nosso!
O futuro era glorioso!

Agora...
quem nos viu e quem nos vê,
vencidos e adormecidos
murmuramos:

«Não importa
nada importa!»

Fechou -se uma e outra porta
E cá dentro, lentamente, a morte:
vai-se a vontade
vai-se a alegria de viver
no fio da navalha
e o pardal, esse, vai
acabar por desaparecer!

De intrépidos
a submissos
deixámo (-nos) perder:
primeiro as asas
depois o cantar
e quando demos conta
até as pernas já nos tinham sido cortadas!

Sonhos amputados...
fronteiras criadas...
medos edificados...

De nós já só  pedaços de nada
esmiuçados e um distante passado...
Tornámo-nos velhos pesados
de almas enrugadas!

CFV

domingo, 23 de março de 2014

Ruído

À volta crescem risos
humores forçados
espíritos imbuídos
em inverdades...

Riem pela primeira vez
sobre o que já leram e releram 
uma e outra vez...
Pelo meio deste coro
chegam aos meus ouvidos
risos que me parecem mais grunhidos...

Falsos!
Ridículos!
Vencidos!

Até no rir há pouco sentir,
humor de mentirinha
jogo do faz de conta
brincadeirinha de uma sociedade demasiado tonta!

Que enjoo!
Sinto-me empanturrada
inchada de porquês e para quês...

Estes tempos sociais
parecem-me tão irreais...
Sinto não poder viver mais 
um minuto sequer,
neste coro desafinado
de risos vazios de ideais!

CFV

sexta-feira, 21 de março de 2014

A prosa poética de uma estória impossível

No baú do que amei
leio e releio
e volto para ti!
E desde que te li
que te vi
e desde que vi
que te olhei e
nunca mais 
me encontrei!

Fala a minha alma
de um mar de sargaços
já não me sei esconder 
sinto-me caída pelos teus abraços!

O meu mundo está a braços
a tentar sair deste embaraço... 
afinal viraste-o
está às avessas
e avesso está para te esquecer!

Não te poder ver?
Se o meu mundo continua a sentir
o tic tac sem parar
a Nossa Hora a passar e tu sem chegar...
o que fazer para a ocupar?? 
o que inventar para a distrair?
o que imaginar para não a sentir??
o que fazer para a parar??

Como escapar?
Olhar-te, lembrar-te, desejar-te
e nunca te poder ouvir?

E a tua voz...
o que fazer a essa voz que me sussurra
censuras e
promessas e
um amor perdido ao ouvido? 
Ler -te e saber-te
saborear (te) as palavras
e como cúmplice de um crime
ter que deixá-las morrer ali mesmo 
debaixo do meu olhar…

Sinto muito! 
Tive tanto 
e só restou um NADA...

Que faço a tanto amor e a tanta dor?
A raiva? 
Essa passou...
Ás vezes, confesso,
ainda lhe tropeço!
Rasguei -a muitas vezes,
estilhacei-a outras tantas!

Eliminei recordações 
que traziam uma vontade quase animal
um instinto fatal!
Foi mais uma tentativa de acabar 
com  quedas e tropeções!
Não vês? 
Faziam-me mal
traziam me uma saudade quase imortal!... 
Desculpa! Não foi por mal! 
Foi para não te olhar
e ler sem te poder ter ...

Amei-te
Maldisse- te
Matei-te
mas esqueci que 
estás em todo o lado 
e não estás em lado algum... 

Sinto-me tão pequena!

A tua ausência é já uma eternidade
uma imensa maldade
de horas que parecem dias e
dias de sensações vazias...
o coração, esse, não mente
frio e quente sente-se
esquecer ...
já ou sempre
amanhã ou nunca...

CFV
https://www.youtube.com/watch?v=U9RVphcXqZY&list=RDWkbRM2yN2po

POESIA

Hoje é dia da poesia
sabia?

Poesia é
uma nostalgia
com cheiro a maresia
sabia?
E, para mim
é uma heresia
não escrever
poesia...
sabia?

Hoje é dia da poesia
o meu dia
o seu dia
sabia?

Porque a poesia
é de todos
para todos
é cheia
vazia
a soma que se multiplica
sublime
imensa
resultado de uma alma que grita
mundos e fundos
tristezas e medos
conquistas e sonhos....
Mas hoje fica só a alegria...

Afinal é dia da poesia
sabia?

CFV

quinta-feira, 20 de março de 2014

Silêncio

Uma pausa para voltar aos meus queridos poemas! ;)

Era pegar no silêncio e rasgá-lo
esmagá-lo contra uma parede
pisá-lo até ao último estilhaço...
Maldito silêncio!
Está cada vez mais ensurdecedor!
Abusador,
lentamente à minha volta,
pesado dentro de mim,
insuportável e invasor 
dentro da minha cabeça...
Dou voltas dentro do que sou
grito bem lá do fundo 
quem sabe o consiga espantar
mas a cabeça parece rebentar
e os gritos, até esses são mudos!
Aumento o volume da barulheira
para de alguma maneira 
o assustar e grito de novo
para o provocar...

SHIUUUU

Fico à espreita
à espera, 
fico quieta
e nada! Só silêncio!
uma vez mais, nada de novo,
só e inerte com o Maldito Silêncio!

CFV

domingo, 16 de março de 2014

Passado presente

E zás!
Basta a nostalgia da saudade
e o passado volta!
Desprevenida!
E zás!
Torna-se presente...
um belo presente envenenado...
Basta olhar pelo ombro
um pouco mais...
E zás!
Ele está à espreita
à espera,
pronto...
E zás!
salta de lá de trás
incontrolável
bem para a nossa frente...
rola face abaixo
um rio de recordações
um mar de ilusões...
Passado presente
mais presente que nunca!
a felicidade misturada
em dores inimagináveis
e perguntamos:
como aguentámos?
como conseguimos?
Passado em tempo presente
é estarmos lá novamente
a sentir a viver
a doer...

CFV

Pele

Esta pele que há em mim
pulsa 
o que por dentro eu sou
envolve

mil eus que coexistem em mim
numa paz -pólvora 
sempre pronta a explodir...
como mil pombas a esvoaçar pedaços de mim
num puzzle inacabado mas emoldurado
porque é esta pele que há em mim
que por fora,
pelo menos por agora,
me torna inteira
me aveluda e
esconde esta alma turva!

Esta pele que há em mim
por fora do que sou
sustém sonhos perdidos alguns distantes
outros irreais e uns tantos intemporais ...
São murais pintados 
com as cores de uma vida
construída, destruída e reconstruída
uma e outra vez!
As necessárias para me voltar a sentir 
menos partida
as suficientes para me voltar a encontrar
menos perdida!

Sonho que um dia
os mil eus 
que resistem dentro de que sou
não precisem mais desta pele 
e que dentro de mim
possam, finalmente ser inteiros
pedaços unos num só eu
sempre dentro do que sou!

CFV

sexta-feira, 7 de março de 2014

Era um desencontro, por favor!!

"Por favor,
um café e um desencontro!
Pode ser?"

Podia ser!
Era assim um desencontro do mundo
ou de mim mesma!
Era sair e largar tudo
Era seguir
ir e sentir
só o que o coração pede!

Pede que voe livre
ser pássaro
ou nuvem
Pede que voe livre
ser raio de sol
ou gota de chuva...
Pede para ser
simplesmente ser!
Simples!

"É um café, por favor... bem tirado!"
(humm... simplesmente complicado...)

E já agora uma pele nova, novinha!
E se faz favor,
um número acima!
Esta começa a apertar
as veias começam a sufocar
e o sangue precisa correr
o coração tem de bater...
asas
para um dia voltar a ser
livre pássaro
raio de sol
gota de chuva
caída de uma nuvem...

"Uma bica, nem muito curta,nem muita cheia!
Meia!"
O bastante para num abrir e fechar de olhos
sentir o sabor de desencontros!

CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...