No teatro da vida
os papéis desenrolam se
sem parar e nem tempo há
para pensar...
Nesse teatro todos somos cínicos
todos somos hipócritas
todos sorrimos
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em vez de bater com a porta!
Em cena desempenhamos
o que apanhamos
e facilmente
perdemos...
esquecemos...
atores - robots
numa sociedade
politica e socialmente podre...
Neste palco
os papéis são distribuídos forçosamente...
não há tempo e o talento
está em constante movimento:
ardilosos mascarados de inocentes
inocentes que afinal são mentirosos
bastante talentosos...
máscaras atrás de máscaras
papéis sem fim,
atores atrás de atores,
num frenesim
num palco lotado
um entra e sai desorganizado
cada um a lutar para ser notado...
Desgraçados sem tempo
numa peça sempre em andamento!
Aqui não há lugar para ensaios
e os enganos, esses,
pagam-se caros...
Pelo caminho perdem-se máscaras
e ouvem-se vaias
porque a descoberto somos todos
cínicos sorridentes
verdadeiros hipócritas
a dar pancadinhas nas costas...
É o palco global
um carnaval
onde desfilam um sem fim de máscaras
atores de variados talentos
em fila para o próximo momento!
Chamam-lhe globalização
eu chamo-lhe ideia,
só isso,
apenas isso,
a sensação de uma modernização
e , ironicamente,
o nosso mundo que ficou bem mais extenso
parece-se cada vez mais com uma aldeia:
cada um de nós em crescente isolamento...
Estamos sós,
dispersos, desatentos
chicos espertos
porque o palco é imenso...
Mas é um engano,
esta peça
só nos trouxe mais constrangimento
menos alento e menos tempo
para tragar este teatro
de forma sentida
que, afinal, é a nossa vida !
CFV