sábado, 31 de maio de 2014

O som do meu silêncio

Se o meu silêncio soasse
se ao menos ele soasse
a silêncio
a calma
a fim de tarde..

Mas soa a solidão
no meio de uma multidão...

Se ao menos o meu silêncio
fosse silêncio
descanso
luta ganha
talvez os meus olhos
se pudessem fechar
e descansar
e talvez o meu corpo
pudesse adormecer
nessa calma
e embalasse esta alma...

Mas é tormento
lamento
tempestade
este meu silêncio...

Dói e dói
grita e grita
corrói
silencioso
acorda -me
horroroso
grita e grita
dói e dói
dentro de mim
fora de mim
neste constante
longe e perto
neste lamento
sentido
na distância
que odeio
e odeio
neste silêncio
nesta dor
nesta impossibilidade
de ser
de fazer
mais e mais...

Este meu silêncio
mata-me por dentro
e por fora mantém-me atenta
de olhos cansados
que só querem estar fechados
de cabeça às voltas
cada vez mais tonta
de lágrimas que correm
neste silêncio aterrador
de dor profunda
de quem está
 mas não está
de quem quer
mas não consegue
de quem
aqui,
está aí....

Entre nós este silêncio
ensurdecedor
numa vida venenosa
sempre longa demais
nesta distância silenciosa
e sempre curta demais
neste tempo que é nosso
neste silêncio que me
impede de te abraçar!

E assim me falta o ar
e o respirar
fica cansado
entrecortado
como se estivesse a desistir
de tão magoado
com este silêncio que me parece ganhar!

CFV

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Inesperado


E o inesperado
que se esperou
de olhos acordados
e mãos nervosas
num tempo que,
sem demora...
...passou!
Agora chegou!

É presente...
...embrulhado
em papel do passado
com um laço quebrado...

O inesperado
que parou
e se perdeu
que doeu
e desesperou...
Porque não apareceu
no tempo que era o seu...

As mãos fecharam -se
os olhos quedaram-se...
embrulho de papel
brilhante
mas já amarrotado...

Agora
o inesperado
surpreendeu
porque chegou
ousado
em busca de ser perdoado!
Mas o passado
não pode ser mudado...
o inesperado chegou,
sim,
mas atrasado!

Agora
talvez não hajam mãos
que se demorem
olhos que esperem
o que antes se desejou
em vão!

Seríamos pouco sãos?
Não?!

CFV



terça-feira, 27 de maio de 2014

....

Que os bons Djins estejam connosco hoje, aqui e aí, perto e na distância... em mim que estou a pensar em ti sem nunca me esquecer também de ti, porque só assim somos um todo... 
Que os Djins sejam dos bons porque hoje como ontem, volto a ter medo... do "equilíbrio/ notavelmente/absolutamente /absurdamente/ infinitamente/ moralmente/ esteticamente desequilibrado do universo"... hoje o universo só precisa de conspirar a nosso favor! Inshalhah! 

CFV

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Djins

"Quando Badini começou a recuperar chamou-me para irmos abrir as garrafas todas... foi um dia muito especial, pois havia djins que nos fizeram sorrir e outros que nos fizeram ouvir música suave e outros que nos fizeram cócegas e outros que nos despentearam. Pareciam borboletas que não víamos, a voar por todo o lado."

( in Para onde vão os guarda-chuvas de Afonso Cruz)

Djins são espíritos,
não vemos
mas sentimos!

Fazem acontecer
trazem magia
e uma vontade nova
de viver...
causam um bom arrepio
só com o olhar
mesmo que não estejam lá
ao nosso alcance
para podermos 
tocar
abraçar
amar...

Djins
soltam melodias pelo ar
e a cada nota
respira-se fundo
com um sorriso no rosto
e conquista-se o mundo!
Música que faz 
recordar
sarar
canta memórias
traz novas histórias!

Djins
em boa hora
nos tocam
devagarinho
e encostam-se
com carinho...
não os vemos
mas vamos sabendo
que estão lá,
porque mesmo no inverno
fazem chegar a primavera
são raio de sol
e brisa fresca
estão nas asas
que voam alto
e na queda
que dói fundo
são mãos
são braços
são corpo
são perfume...

Um nada
que passa
um tudo 
que fica
um instante
que demora
para sempre
uma eternidade
que se entranha em nós
nos devolve
nos acrescenta...

Djins...
de olhar certeiro
de sorriso inteiro!

CFV








sexta-feira, 23 de maio de 2014

Insha'Allah

E de dentro do buraco
que cairmos
e do meio do escuro
que possa estar a chegar
até nós
dentro de nós
em nós
e do fundo do poço
que nos possa querer apanhar
e do cimo do desespero
que possa estar ao virar da esquina
sempre pronto a gritar,
saia sempre
um abraço para nos agarrar
uma mão para nos puxar
uma palavra
que de tão verdadeira
nos faça ouvir
e um olhar...
um olhar
que de tanta luz
não nos deixe cair
e nos faça sentir...
sim, sentir!
Que só assim é viver!....
E nos faça perceber
que mesmo
de dentro do buraco
escuro como breu
como o fundo de um poço
sem fim
nem princípio,
não há sufoco
que nos tire o equilíbrio
de viver
de sorrir
de ser
dentro de uma música
dentro de uma memória...
luz que  nos transforme
e nos faça saber
que há sempre uma âncora
um refúgio
para continuar a nossa história!

(Que assim seja!)

CFV

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Poema às artes



A cor do mundo
trazida pela luz
que entra olhar adentro...
A forma do mundo
feita entre jogos
de sombra e luz
entre o que se vê
e o que se imagina
e o que não se olha
nem se sonha...
parece impossível
mas é aí que entra a
imaginação...
só depende da
cor que há
em cada coração!

O mundo invertido
que chega até nós
alma adentro
absorvido pelo olhar
que vê em formas
 a luz
a cor
em misturas aditivas
sem esquecer
os pigmentos
nas misturas subtrativas!

Mundo imenso
que fica para lá do espectro
das cores primárias
e secundárias
das que se complementam
numa paleta
sempre incompleta....
que se alimenta
dos pintores
e escultores
e dos mais variados artistas
de talentos imensos...
gente comum
que tem no seu olhar
a vontade de olhar
uma luz própria
que os faz questionar
como será
ou o que haverá
naqueles oito minutos de atraso
de luz?

Gente que vive das cores

mais
imagina
mais
cor
mais
luz
mais
mundo...
porque tudo pode mudar num segundo!

CFV

sábado, 17 de maio de 2014

INEBRIADA


A palavra é:
INEBRIADA!
Assim mesmo,
com maiúsculas
no meio de uma frase
dentro de mim
no meio de uma fase
entre o coração e o olhar
entre a alma e os dedos
que já não podem parar de falar!

INEBRIADA!
É um sentimento
é magia
é companhia
para quem se sente
tantas e tantas vezes invisível...
Para alguém que sempre sentiu muito da vida
que quis muito de cada dia
INEBRIADA é a palavra...

Nunca soube por onde ir
o que buscar
ou como fazer
e de repente
a vida parece
desabrochar
e o nevoeiro
lentamente
se está a dissipar!

E já se vê
uma linha definida
uma vontade mais precisa
um  horizonte...
Agora olha-se
já com mais certeza
de que é para a frente
porque é lá que está
o que buscar da vida!

E por isso sim...
a palavra é INEBRIADA
do início ao fim da estrada!


CFV

Nos Trilhos da Escrita- Baú da Leitura- Escola Ponta do Sol- Madeira







E foi assim na Escola da ponta do Sol! Eu e a escritora Valentina Ferreira!
Da minha parte, a poesia esteve presente, muito graças aos alunos do 9º ano que foram fantásticos e que me puseram o coração a bater mais depressa enquanto os ouvia declamarem-me!
E explicar o que se sente em forma de poesia é sempre um desafio... Este, superado, claramente! :)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

POEMA


Eu gosto é de gente assim
que respira vida
que vive como respira
sem medo
sem se sentir preso
a duas caras!

Eu gosto de gente assim
que todos os dias são poesia
que todas as noites são teimosia
e que de madrugada sonham
para poderem ser o que
sentem, hora a hora!

Eu gosto de gente assim
que não separa a 
inteligência do coração
e com fervor
nos pega na mão
e nos ensina a caminhar 
entre luas cheias
e raios de sol a queimar
gente que fica doente 
só porque sente 
que não sabe viver
sem morrer e renascer
que não sabe estar
sem ser
e que se recusa
sem qualquer escusa 
a ser
porque tem de ser!

Gente assim é que eu gosto
que de tão verdadeira
e inteira
transformam a vida num poema!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Olhar

O vazio
causa-me arrepio!

O olhar que olha
mas só vê o próprio umbigo
só traz desengano!

E que ninguém se engane!

Esse vazio de quem olha
sem querer ver
é cheio de frio
intenso...
de tão vazio...

Causa-me arrepio!

Mortifica-me a alma
tira-me a calma
seca-me o sangue
quando à volta só cabe
o preconceito
de peito feito
de certezas duvidosas
em almas caprichosas!

O vazio
cada vez mais presente
cada vez mais constante
cresce à sorte...
espalha-se como nevoeiro
cobre a vida de sombra
como um véu de morte!

Os olhos vazios
estão em todo o lado
como chuva anunciada
em invernos frios!...
E ainda assim
sorriem como se fossem sol
falam como se fossem raios
gritam como madrugadas
como se precisassem de ser ouvidos!

Perdidos
enganados
sorriem
mas só retribuem almas vazias
mas só devolvem olhares parados!

Há em mim cansaços
há em mim desenganos
há em mim rios 
e turbulências,
rápidos 
que viram caiaques
desvios improváveis
caminhos percorridos 
tantas e tantas vezes sem saída!

Mas o que há em mim
é inteiro
é raio de sol
é fim de tarde quente
é saborear
é transbordar 
é copo 
sempre meio cheio!

Frios
só suores
de desejos
de vontades
de intensidades...

Frias 
só noites 
e madrugadas ritmadas
que me aquecem os pés
que me envolvem a alma
e me beijam com calma...

O olhar, 
esse, 
será sempre 
verdadeiro
mensageiro
de vontade
de querer... 
copo meio cheio
em finais de tarde 
em madrugadas que,
 mesmo  frias
 nunca serão vazias!

CFV







segunda-feira, 12 de maio de 2014

Parabéns Amiga

Hoje é para ti!
É a tua hora!
É o teu dia!
E que cada minuto seja
um realizar de desejos
e que cada hora
se demore
entre comemorações
e corações cheios
pelo meio de Parabéns
e abraços sentidos
e sonhos vividos!

Hoje... é teu!
Toma-o com alegria
vive-o sem demoras
mas com tempo
de te saboreares
de te achares
entre amigos
dentro do que é teu!
E nessas horas
sintas a tua alma crescer
e o teu olhar renascer!

E de antemão
com o coração
te digo:
neste dia,
que é o teu,
será com certeza luminoso
e terá um pôr-de-sol maravilhoso!
Porque de ti exala sempre
essa luz constante,
seja dia, seja lua...
é uma luz muito tua,
própria de gente grande
própria de quem tem sempre
em forma de sorriso,
num sincero olhar,
o presente para dar!

De ti há, naturalmente,
esse ombro amigo
que nasceu contigo,
para serem partilha
palavra certa
silêncio preciso...
preciosidades
para quem tem a sorte
de te encontrar!

(Assim como eu!)

CFV

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Era de alma e coração...

Se eu pudesse dizia- te
três coisinhas
dava-te uma lição
e mostrava-te como é!

De coração!

Olhava-te longamente
um olhar sábio
ainda que magoado...
olhava-te com grandeza
e friamente
em desprezo
sussurrava-te
três coisinhas
e mostrava-te como é!

Era com a alma!

E com calma
amarrava te
na certeza da raiva
de quem esperou
remoeu
morreu
e ressuscitou
à espera daquele momento
tão meu!

Se eu pudesse
ah! Se eu pudesse!
Era de alma e coração...

Pedia-te que roubasses,
a mim e ao tempo,
nos levasses para esse teu porto de abrigo
onde vives escondido
e nos transformássemos
e voltássemos
a ser paixão!

CFV



segunda-feira, 5 de maio de 2014

A vida num trago só...

Eu não sei
quem sou
nunca soube
nunca o saberei...
é sina
é teimosia...
cresceu comigo
desde pequenina
Isso eu sei!

Mas neste meu... eu...
há pontos assentes
e outros aceites
uns inteiros
outros metades
todos sem efeitos
e sem enfeites
sempre verdades...

Lamechice e politiquice
poesia e história
cheiro e memória
sonho e facto
escuro e tato!
Rock & Roll e  Soul
em quase tudo o que sou
House e  Fado
em tanto do que em mim (se) tem passado
Hip Hop e Rap
em tudo o que (ainda) não é certo!

Tudo mexe comigo
tudo se encaixa na perfeição
nesta sinfonia que é a vida
nesta minha sofreguidão
que, maldita,
se torna perdição
nesta sede bendita
de viver
de querer
sempre na emoção...

E assim,
de mansinho e de rompante
tudo se complementa
nesta literatura imensa
que sonoriza
chama intensa
que arde
nos extremos que existem em mim!

Menos a matemática
essa não encaixa,
ciência tão errática
que nunca me descobriu
talvez por ser tão pouco exata!

CFV


domingo, 4 de maio de 2014

NADA

Cá dentro tudo
mas nada sai
nada se esvai
nem uma lágrima
nem um suspiro
sorrio
apenas para não perder a perspetiva...

E mais uma
tentativa!
E mais um
NADA!

São dias e dias a
fio
em que que só dá
vazio...
mesmo com o coração
cheio
mesmo com os olhos a
transbordar
mesmo com a folha
branca
e com a alma a querer
falar
NADA!
TUDO
permanece cá dentro!

CFV







sexta-feira, 2 de maio de 2014

Poesia em mim

"Só escreves assim?"

Só!
Porque sim!
Porque só assim faz sentido
só assim me serve a mim!

Gosto!
Preciso!

É como um sorriso
É como um suspiro
que sabe a abraços apertados
que mima
que beija
que envolve
devagarinho...

É de mim
Para mim
Está comigo
Enfim...
Escrevo assim!

CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...