causa-me arrepio!
O olhar que olha
mas só vê o próprio umbigo
só traz desengano!
E que ninguém se engane!
Esse vazio de quem olha
sem querer ver
é cheio de frio
intenso...
de tão vazio...
Causa-me arrepio!
Mortifica-me a alma
tira-me a calma
seca-me o sangue
quando à volta só cabe
o preconceito
de peito feito
de certezas duvidosas
em almas caprichosas!
O vazio
cada vez mais presente
cada vez mais constante
cresce à sorte...
espalha-se como nevoeiro
cobre a vida de sombra
como um véu de morte!
Os olhos vazios
estão em todo o lado
como chuva anunciada
em invernos frios!...
E ainda assim
sorriem como se fossem sol
falam como se fossem raios
gritam como madrugadas
como se precisassem de ser ouvidos!
Perdidos
enganados
sorriem
mas só retribuem almas vazias
mas só devolvem olhares parados!
Há em mim cansaços
há em mim desenganos
há em mim rios
e turbulências,
rápidos
que viram caiaques
desvios improváveis
caminhos percorridos
tantas e tantas vezes sem saída!
Mas o que há em mim
é inteiro
é raio de sol
é fim de tarde quente
é saborear
é transbordar
é copo
sempre meio cheio!
Frios
só suores
de desejos
de vontades
de intensidades...
Frias
só noites
e madrugadas ritmadas
que me aquecem os pés
que me envolvem a alma
e me beijam com calma...
O olhar,
esse,
será sempre
verdadeiro
mensageiro
de vontade
de querer...
copo meio cheio
em finais de tarde
em madrugadas que,
mesmo frias
nunca serão vazias!
CFV
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