quarta-feira, 25 de junho de 2014

Importa sentir...sempre

A sensação é palavra imensa
acompanha cada um de nós
desde a infância...
é a sensação de crescer...devagar
demasiado devagar...
é a sensação de querer, basicamente,
o que não podemos ter!

É a sensação de uma primeira paixão
em papel ou através da televisão...
é a sensação de sermos incríveis
para logo a seguir
nos sentirmos destruídos...
Há ainda a sensação
de um primeiro beijo
mil vezes imaginado
que chega com a sensação
de estar mil anos atrasado...
mas chega com vontade
e é transformado em primeiro amor...
ainda que só sabido muito mais tarde...

A sensação de ser livre
de sair da prisão-casa
e ter o mundo aos pés
é mesmo como ganhar asas
e descobrir,
beiral a beiral,
que, afinal,
a liberdade é tramada
vem sempre junto com
a chata da responsabilidade!

Aos "intas" a sensação é outra
olha-se muitas vezes para trás
para ver o que de nós lá ficou
e percebemos que tudo lá foi...
demasiado fugaz...
Aos "intas" não há ainda certezas,
e é certo que se continua com mil
sensações
de querer mais e mais
mas já sem querermos
ilusões!
Olha-se para a frente
como quem olha em busca
de uma certa paz
mas sem que isso nos conforme
mas sem que isso nos mate
sem que isso nos transforme
a emoção
a liberdade
a sensação
de sermos livres
por dentro
porque isso não tem hora...
e que isso seja sempre
o suficiente
para derrubar
barreiras
que nos tropeçam
lá fora!

CFV



Sussurros

Haverá melhor sussurro
ou melhor grito?

"QUERO-TE!!!"

"Quero-te minha
quero-te simples
quero-te imensa
quero-te sempre!"

Haverá melhor linha
no horizonte?

E é nessa linha que ele fica...
suspenso... num limbo sonhador...
à espera... daquele amor...

"É amanhã que lhe digo:
Queres ser minha? É que me ficas tão bem..."

Mas ele e ela...nunca passaram de um sonho...
sozinho...que ainda no início já era fim de linha!

Nunca estiveram alinhados
muito menos destinados
soube-o sempre ela
mal desconfiara ele!

CFV

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Cinzas

É nesta dicotomia que vivo
todos os dias:
eu e os outros!
eu que sou eu...
com mil defeitos
com mil perguntas
com nenhumas certezas...
os outros são
tudo, tudo
o que não sou
a certeza
a segurança
as respostas...
olho-os e vejo tanto
olho-me e não me vejo...

E depois há estes dias
de profundos vazios
em que a vida sufoca
em que a realidade esmaga..
E só apetece gritar
PORQUÊ?
Mas nunca sai nada
só o silêncio
ganha
e nesta vontade
sou inundada
pela raiva...
sinto-me ao ponto de me odiar
quero parar, quero,
quero deixar de me sentir, preciso
deixar de me olhar
porque não me vejo
não sei quem sou
nem como
nem porque me dou...

Dói,
dóis
demais
arde,
ardes
sempre mais
és fogueira dentro de mim
e sem parar
queimas cada pedaço
cada centímetro de pele
e num instante
só a memória do teu abraço
vira fel!

Sucumbo
a cada instante
metade de mim já virou cinza
a outra metade já nasceu
perdida...

CFV



segunda-feira, 16 de junho de 2014

Noite adentro

Há dias em que te queria
em que te queria

para mim

comigo
em mim
em nós...
Há noites em que me assaltas
o pensamento
e ficas comigo
noite adentro...
Aproximas-te
ainda durante o dia
e vais ficando
até ser noite
vais ficando
durante noites a fio
em mim
devagarinho
de mansinho...
Deixas pousar a madrugada
e eu já sem poder entender nada
deixo-te entrar
deixo-te estar...
Mostras- te para mim
e entras em mim
pela noite fora
sem demora...
consomes-me
alimentas-me
desejo crescente
até que me ardes
e me incendeias...

Veias quentes
em corpos
impacientes
lábios ardentes
mordidos de desejo
humedecidos por um beijo...
E toda eu tremo
quando assim te vejo
em mim...
Como que deixo de existir
ou de me sentir
toda eu estou em ti
e sabe tão bem...
e tu sabe-lo tão bem
que num vaivém
não me largas
agarras-me, certo
de que te pertenço
empurras-me, intenso,
contra ti e eu deixo- me ir
com a vontade carnal
que me tens...
Deixo - me levar
nesse vaivém
espacial
intemporal
meu e teu...

Os nossos olhos
olham-se, longamente,
e encontram-se, finalmente...
E o medo e a dúvida
desaparecem
no momento em que
os nossos braços
se procuram
se buscam
se acalmam
num abraço de corpo e alma
com a verdade de sermos Nós
e com a promessa
de que nunca mais
estaremos sós...

CFV
https://www.youtube.com/watch?v=pB-5XG-DbAA&list=RDgBQTdZWlDm8&index=16

domingo, 15 de junho de 2014

Negra liberdade

A negra liberdade de ser
a negra liberdade de querer!

Sentir
viver
sentir novamente
querer sempre!

SEMPRE LIVRE
sempre crente
Sempre!

A negra liberdade
do meu ser
impera  como rainha
no meu coração
ela prospera
em tudo o que sou
ela está em tudo o que dou
e vai para além do que me calhou...

Negra, sim
negra
porque sim
negra
porque é assim:
ela vive livre em mim
mas fechada
pelo mundo
pelo medo
pelo conceito
e pelo preconceito...
Porque me olham, olhos negros?
porque me aprisionam
neste lugar
sem luz?
Porque me tentam
sugar
e secar
este sangue
que  me corre
 livre
e sem parar?

E ainda que lhe possa faltar o ar...
não conseguem matar
esta liberdade que há em mim
até ao fim!

Se em mim há este querer
este viver
esta liberdade
não haverá maldade
que a desfaça
eu faço-a
ela faz-me ...
desfazemo-nos
e crescemos
destruímos
e construímos
ela sou eu
e eu sou quem sou
Eu quero-a
mesmo negra...
é minha
esta liberdade
sem idade...
nunca perde a sede
nunca deixará de ser
nunca deixará de me ter
inteira
porque eu e ela
somos uma só...
não há maneira!

CFV


sábado, 14 de junho de 2014

Lua

Na lua cheia
esconde-se a solidão!

Toda a solidão
de todas as pessoas
de todo o mundo...
Na lua que espreita,
perfeita,
está toda a solidão
de todas as pessoas
de todo o mundo!
Juntou nela
todos os corações sozinhos
e fez crescer com ela
esta imensa solidão
agora espelhada
em noites de beleza
e na própria incerteza
da madrugada...

Ela vai enchendo
todos os dias
com novos suspiros
com novos vazios
e de minguante,
num instante,
passa a crescente
até que rebenta
cheia de solidão para matar!

E transforma as noites em luar!

Quando encontra o mar
fá-lo brilhar
com todo o seu esplendor...
Assim,
como se os dois tivessem
impacientemente esperado
na dor
de tanto terem sonhado...

E como se aqui também
houvesse amor,
transforma-o em prata
e ele retribui
sorrindo-lhe
com brilho
ondulando
a saudade
em promessas
de mais noites
cheias de lua...

Matam
ambos a solidão
mesmo nesta imensidão!

Noites de luar
e prata no mar
são noites de inspirar,
noites para sonhar
que de todos os lugares,
que toda e qualquer pessoa,
pode estar
a ver
a beber
este encontro
este abraço
entre a lua e o mar...
Uma ponte que volta
a fazer acreditar,
que liga
todas as pessoas
em torno desta luz
que seduz
e que não pára de brilhar!

Sozinha e acompanhada
pelo olhar renovado
vindo de todo o lado!

Da lua ao mar
haverá gente a olhar
para o mesmo lugar
e todas as pessoas
de todo o mundo
estão juntas a matar
esta solidão em forma de luar!

São estas as noites que
deixam no coração
a certeza de que até a solidão
pode ser transformada em inspiração!

CFV

quarta-feira, 11 de junho de 2014

O princípio o meio e o fim


Há dias em que este coração
bate certo
e sente bem
parece um Senhor Doutor
sem medo da dor
e de canudo na mão...
Como se soubesse 
o princípio, o meio e o fim 
e nem imagina
que no caminho
há o tanto
e o pouco
e o muito...
e tudo pode ser apenas em vão!

Este coração não 
bate certo,
e não se sente bem,
só pode!
Nem sombra de dor?
E ao invés
uma calma  imensa
que arde...
na busca de uma certeza! 

Hummm...

Este coração
deve ter emigrado
deve ter-se fartado
de bater o tic tac da dor
de sentir a cada batida
o pouco da vida...
Viajou em busca
de mais cor
partiu na ilusão
de um arco-íris 
pintado com as cores do amor...

É que este peito aberto
foi nascido já em ferida 
e não há morte 
que mude esta sorte!

Se partiu,
se me abandonou
é que se fartou deste peito 
que o carregou...
E deixo-o ir
abro -lhe a porta
ele que vá sentir
daqui para fora!
Já não me importa!
Porque este meu peito
não tem mais jeito, 
já só cabe o tic tac de morte!

E assim, 
pode ser que mude
este fado
esta sorte...
e no desfado
e em mim
deixe de bater 
esta dor sórdida
que sempre se demora...
E assim, talvez
esta falta de ar
já não faça falta...
Porque, 
viro pedra,
de peito aberto,
é certo!
Mas a única coisa que bate 
será silêncio
será ausência
será saudade
até tudo não passar
de uma difusa memória
numa velha história!

E talvez seja esta a solução:
já não volta o tic tac
da ilusão
da vã sensação
de dias vazios
trazidos
por este coração
por ser tolo
por querer viver 
como um doutor
sem medo da dor
e cheio de fervor
em busca do Amor!

CFV




quinta-feira, 5 de junho de 2014

A mais breve história dos Descobrimentos

Por razões profissionais, vi-me hoje a escrever uma história para ser contada aos meninos do 4º ano que ao longo dela terão de acompanhar um painel com os desenhos dos navegadores, tentando adivinhá-los... Aqui partilho esta minha primeira aventura infantil...mas nem aqui a rima me abandonou! 

Hoje vou-vos contar uma história! Mas não é uma história qualquer…esta é verdadeira, feita de gente a sério, assim como vocês, gente que cresceu e nunca parou de sonhar e são agora os nossos heróis nesta breve história, com alguns monstros, um mar imenso e muitas descobertas!

Era uma vez um povo muito corajoso e aventureiro que estava desejoso de descobrir novos mundos ou quem sabe o mundo inteiro! Este povo português era feito de muitos senhores, espertos e sonhadores, que só pensavam em viajar, mas por mar!!
Assim construíram primeiro, a Caravela, de velas triangulares e leve para poder ziguezaguear contra o vento sem se afundar! Não havia monstro capaz de a assustar!!
Depois construíram a Nau que, era um barco grande e forte capaz de viajar de sul a norte! Percorria grande distância e com muita pujança!
Mas voltando aos senhores que fizeram esta história, aqueles que eram espertos e sonhadores, lembram-se?
Foram eles que há muito, muito tempo chegaram à Madeira e descobriram os Açores: Ilhas construídas com muito suor, hoje nossas, pelas quais morremos de amores!
Mas muito mais haveríamos de descobrir!
Por exemplo, temos o Senhor Gil Eanes, que passou com grande fervor, o Cabo Bojador, e tinha um cabelo redondinho, muito certinho, para além de um chapeuzinho pontiagudo a fazer lembrar uma pimenta!

Daí para baixo, nada se conhecia e tudo se imaginava: haveria monstros? Sereias? E será que acabaria tanto mar?
Apresento-vos, então, um navegador, chamado Bartolomeu Dias! Ele nunca se esquecia do seu pequeno chapéu que lhe ficava mesmo a matar, com o seu casaco de folhos, às riscas que lhe faziam sobressair os olhos e que ao longe até pareciam faíscas!
Com muita teimosia e valentia passou um Cabo, o das Tormentas… chamava-se assim, porque antes dele, muitos tinham sido ali comidos por um monstro gigante e assustador, de seu nome Adamastor, que estava sempre cheio de fome! O seu prato favorito, já que ele tinha um gosto muito esquisito, era… imaginem lá… marinheiros!!! E de preferência inteiros!!!!
Mas o Bartolomeu não se perdeu e descobriu que o monstro era só uma história e, logo que o venceu, em grande glória, durante dias e dias foi uma festança e até mudou o nome ao cabo, para Cabo de Boa Esperança!
E assim, como que brincando, este nosso povo, chegava, ao fim do continente Africano!
Agora, já faltava muito pouco para descobrirmos o Caminho Marítimo para a Índia, onde já não havia monstros, apenas encontros com ricos Marajás e poderosos Sultões, que são assim como reis valentões mas a cheirar a especiarias e a doces iguarias e vestidos com as cores do arco-íris!
E mais uma vez, os Portugueses chegaram lá, em primeiro! Desta vez foi um senhor de ar sério e uma barba tal que mais parecia o Pai Natal. Chamava-se Vasco da Gama e tinha uma grande ambição que o levou ao coração da Ásia!

Para terminar esta pequena história de encantos tamanhos da História de Portugal, feita de viagens mil, ainda nos falta falar do Brasil!
O Senhor Pedro Álvares Cabral era um “cara” fenomenal, com um cabelo que se confundia com a sua barba e lembrava a juba de um leão, tal como o seu coração, que nunca o abandonou e por isso sempre ficou com os seus companheiros! E juntos venceram ventos traiçoeiros, ventos que não paravam de soprar medos e receios!
Assim, estes pobres marinheiros resistiram e só descansaram quando a avistaram, a terra a que chamaram de Vera Cruz! Afinal, para lá chegar, foi um ai Jesus!…
Ainda hoje é o nosso povo irmão, terra imensa agora chamada Brasil de palavras mil, faladas em português e embaladas numa canção, cheia de samba no pé e no coração!
E é assim que chega ao fim, mas em boa hora, esta história, cheia de heróis verdadeiros, de gente comum, que percorreu mares e continentes e nos encheram o peito de orgulho, pois foram tantos e tais os feitos que, ainda hoje levam Portugal aos quatro cantos do mundo!


CFV

quarta-feira, 4 de junho de 2014

HÁ ALMAS ASSIM...

Há almas que nos inquietam
de tão quietas e certas...
há almas que nos preenchem
e matam a solidão...
almas a quem
daríamos o nosso coração
assim, em mão!

Há almas que nos segredam
os mistérios do mundo
e nos dão num segundo
a certeza da dúvida
como a única certa para viver!

Há almas que de tão suaves
nos sussurram
música
sorriso
poema
ternura
e nos fazem esquecer...

Há almas cheias
de tão imensas
que nos fazem crer
na distância
na busca fugidia
da esperança!

São linha definida
no horizonte
são fonte
de água fresca
que corre mas nunca morre!

São sentido
encontro
e nos recolhe
perdidos
como os mares
engolem os rios!

Almas de olhar doce
de palavras quentes
que nos abraçam
e nos sonham
em noites que
deviam durar
para sempre!

CFV




Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...