bate certo
e sente bem
parece um Senhor Doutor
sem medo da dor
e de canudo na mão...
Como se soubesse
o princípio, o meio e o fim
e nem imagina
que no caminho
há o tanto
e o pouco
e o muito...
e tudo pode ser apenas em vão!
Este coração não
bate certo,
e não se sente bem,
só pode!
Nem sombra de dor?
E ao invés
uma calma imensa
que arde...
na busca de uma certeza!
Hummm...
Este coração
deve ter emigrado
deve ter-se fartado
de bater o tic tac da dor
de sentir a cada batida
o pouco da vida...
Viajou em busca
de mais cor
partiu na ilusão
de um arco-íris
pintado com as cores do amor...
É que este peito aberto
foi nascido já em ferida
e não há morte
que mude esta sorte!
Se partiu,
se me abandonou
é que se fartou deste peito
que o carregou...
E deixo-o ir
abro -lhe a porta
ele que vá sentir
daqui para fora!
Já não me importa!
Porque este meu peito
não tem mais jeito,
já só cabe o tic tac de morte!
E assim,
pode ser que mude
este fado
esta sorte...
e no desfado
e em mim
deixe de bater
esta dor sórdida
que sempre se demora...
E assim, talvez
esta falta de ar
já não faça falta...
Porque,
viro pedra,
de peito aberto,
é certo!
Mas a única coisa que bate
será silêncio
será ausência
será saudade
até tudo não passar
de uma difusa memória
numa velha história!
E talvez seja esta a solução:
já não volta o tic tac
da ilusão
da vã sensação
de dias vazios
trazidos
por este coração
por ser tolo
por querer viver
como um doutor
sem medo da dor
e cheio de fervor
em busca do Amor!
CFV

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