Pergunto-me se num outro país qualquer onde casos que desfilam atrás de casos, perante os nossos olhos, à velocidade quase diária sem impunidade, sem consequências e com muita pouca vergonha já, pergunto-me, se se continuaria a assistir passivamente de braços cruzados e de olhos cansados. Eles são cada vez mais, fora os que ainda não sabemos, fora os pormenores que não nos chegam, que a ver pela amostra serão certamente, no mínimo sórdidos!
Quanto tempo mais teremos que assistir do sofá aos BES, aos Vistos Gold, aos Submarinos, às dívidas ao fisco ou à Segurança Social, às listas VIP´s e ainda à conveniente amnésia de gestores, políticos e afins?
Uma aristocracia paga a preço de ouro para gerirem e, pelos vistos, usurparem o dinheiro que é de todos nós, de cada um de nós (aristocracia, sim, pois que a mim, mais me parece um país de aristocratas, os "bem nascidos" e por isso intocáveis, de tempos idos, de tempos em que ainda assim poderiam acabar na forca).
Casos e mais casos, a que se pode juntar a uma mais do que comprovada incompetente e displicente, gestão da Educação, à comprovada poupança na saúde, por um lado, à custa de mortes no mínimo inexplicáveis e do outro lado, médicos pagos a preço de ouro apenas e só para cumprirem o seu dever!
Casos e mais casos, numa parada digna de Carnaval, de muito mau gosto e de muita palhaçada, onde os palhaços somos nós, gente "mal nascida" que apenas trabalha para sobreviver e, ainda assim, já não chega para pagar a uma aristocracia que teima em viver acima da lei!
Enquanto gente simples que, essa sim, é que faz um país, é despejada por já não conseguir pagar uma renda, porque de repente ficou desempregada; gente que se viu obrigada a viver debaixo da ponte, porque, se calhar, também não pagou ao fisco ou à Segurança Social; gente que já não sabe mais o que fazer para que os filhos tenham o que comer... gente que teve que partir para longe da família para poder viver mais dignamente e pôr em prática o curso que sonhou e que, com esforço, tirou e outros, apenas para sobreviver, em idades que jamais imaginaram ter que ir...
Casos que, de tantos, já ferem os nossos olhos, de si já tão cansados mas, ainda assim, estranhamente e há demasiado tempo, parados, como que, a aguardar um milagre qualquer, mas que tarda em chegar...
Pergunto-me só, se em qualquer outro sítio deste mundo doente, não seria já, mais do que suficiente, para que estes olhos cansados e feridos saíssem à rua e fizessem parte de um corpo imenso, de mãos dadas, de gargantas afinadas e dali não arredassem pés até, TODOS JUNTOS, pudessem então fazer o milagre acontecer...
Mas ainda haverá quem duvide que esse milagre está, tão só, nas nossas mãos?
Mas que sei eu... senão pôr em palavras os pensamentos que me gritam e me aguçam o apetite para sair, de corpo e alma, de olhos indignados que há muito anseiam por ver alguma justiça a acontecer, desde a primeira linha!!!
CFV