quarta-feira, 6 de maio de 2015

Viagens simétricas em distâncias alucinogénicas

E zás,
subitamente
saltas de uma roda
para uma recta súbita
e longa,
que corre, corre
sem parar...
sempre prá frente...
só...
formas simétricas
e tu numa única recta...
não vês mais nada
não desvias o olhar
não cais no risco
de te encontrar...

Shiuuuuuu!

Segue a linha
segue em frente
olha bem pró fundo
simetria absoluta...

Não esperes
desespera
que momento ,
após o momento
de minutos
que são horas
mas nunca segundos,
só te deixa ver
o que te permites procurar...

Não te é permitido voar???

Fica escuro, não sentes?
Dói muito, não bate?...
Sentes agora... não é?
E não vias?
Vês agora?
O que te servia ?
Se não passava de Nada,..

Suspiras ou suspiravas?

Não te servia
porque não te pertencia...
simples...assim...
E ainda pensas que podia ser que sim?

Ingénua...ou pura?
ou só despida do que te bate na cara
qual chapada
qual palavra mal dada?
Nua e insegura de um mundo perdido
onde o nada é, de súbito ,
demais...

Mas se nada foi tudo o que conseguiste...

E assim, num estalar de dedos
ficas ainda em menos
e só te restam as dores do mundo
que ecoam dentro da cabeça
e dentro do peito num som profundo
como tambor ritmado
entre interjeições que só têm
direito a terminações
e iludem uma dor diminuída
que soa a ais e uis...
a ver se escondem palavras imundas
espelhos de sentidos vãos
tudo reduzido
a setas que saem disparadas
de bocas mais que culpadas
vindas de braços dormentes
armas doídas em línguas
que nunca saborearam
suculentas e viciantes entradas
e jamais sonharão com o néctar
que traz divindades prontas a desfazerem-se
entre uma gargalhada e uma lágrima
numa prece murmurada
com todo o sal de uma vida
vivida,
estranhada antes, sempre antes
e entranhada, depois, sempre depois,
percorrida em absoluto!!

Honrada?
Palavra inventada ou sonhada!
Verdade?
Utopia só proclamada!
Gente?
Criaturas!
Pobres criaturas...
demasiado reais
proporcionais
mundanas
e sem voz
mudas e sem fundo
robots a ordenar
a eterna confusão...

CFV



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