Não, não estou cá!Mas deixa-me lá
onde não estou...
Deixa-me esquecer
que não tenho asas
para, lá, poder voar
por distâncias irreais
e mundos impossíveis
que preciso tocar!
Deixa-me afogar
no que sou, mas lá,
onde posso nem sequer respirar
porque cá,
há este cansaço infinito
que não sai de mim,
inspiro mil vezes
e ainda assim
sinto-me morrer
a cada lufada de ar
que entra mas não sai
numa luta sem fim!
Deixa-me agora
que não posso estar cá,
quero o outro lado
que arde, arde
num lento derreter
desta alma moribunda,
onde há muito congelei...
É nesse calor
que quero ficar
onde ainda me sinto viva
sem esta coisa de cá
que me faz sentir perdida!
Um dia vou e não volto!
Nem eu nem ninguém me irá
arrancar de lá...
Para já, deixa-me estar
onde não estou!
CFV
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