sexta-feira, 31 de julho de 2015

Luas improváveis

Não sabes nada,
não penses!
Não descobriste nada,
não te enganes!
Porque nada 
é linear!
Porque não existe
o absoluto  na vida
e a única linha reta é
a dúvida constante,
o questionamento inquietante!

Olha!
hoje a lua brilha
redonda
definida...
impossível
não olhar
impossível de ali estar
porque à volta há todo um céu
de nuvens a pairar
sem estrelas
sequer a espreitar
sem brechas que te possam dizer
que amanhã haverá sol por lá a brilhar...
e no entanto
ela, ali está,
a inspirar
a acompanhar
e a derrubar
todas as probabilidades!

Lembrei me de ti
que não é mais do que me lembrar,
sem esquecer, toda uma humanidade
que se esquece,
teimosamente,
que a vida tem
muitas surpresas para dar...
que no meio do nada
pode haver tudo,
que pela escuridão
pode existir,
tal como o próprio verbo transmite,
vida...
e, se ainda não chegar, 
poderá também haver uma luz
desmedida
num luar
que jamais faria crer
pelas certezas ou pelas dúvidas...
e é aí que tens de te olhar
a ti, neste único luar que, 
para sempre.
haverão questões
mas que, 
sempre que assim queiras ver,
serão elas que nos farão
levantar
e continuar
e acreditar
no que te quiseram fazer crer 
como impossível...
É mentira!!
Olha-a a brilhar
no breu de uma noite improvável!
Basta querer
e ver
e ser
sem perderes o propósito
que nos fez vir aqui bater...

Não registo esta lua
numa fotografia merecida
em que,
contra todas as nuvens ,
ela ali está, a brilhar
só para quem quis olhar
e perceber
que há mais
mesmo que esteja escondido
em improbabilidades vencidas,
num mundo que mais não é
do que o que convém
tantas vezes ser perdido!

CFV

terça-feira, 21 de julho de 2015

Até já

Um até já
dói menos ao dizer
mas arrepia
no olhar que não quer ver
e fica este friozinho
a tremer
de peito feito
numa dor de tamanho igual!

A mão que não quer dar o braço a torcer
a lágrima que luta para não se desprender
naquele abraço sentido
de um até já,
num fio de voz...perdido
a deixar escapar o que soa a despedida!

Porque o tempo é lento
entre gente que mora cá dentro!

É a fugir e a fingir
o que se sente
que a vida vai por aí
e é aí que seremos para sempre!

CFV





quinta-feira, 16 de julho de 2015

Dream on Girl

És a rapariga para amar?
Dream Catcher Tattoo On Girl Thighou és feita para sonhar?
Moram em ti flocos de nuvens
que te levam saltinho a saltinho à lua?

Quem vai contigo?
quem te faz descer num flutuar
seguro até te sentires no mundo?
E cabes tu e os teus sonhos e de quem mais queiras?

Que queres tu?
Sonhar para seres sonho,
Amar para seres amor,
Sonhada para seres lembrada,
Amada para seres nuvens,
floco a floco,
numa subida que acaba em estrelas e luas?...

Sonhas o luar
e esqueces os raios de sol?...
Não te queres queimar...
Preferes a sombra
da noite a brilhar
onde o escuro que escolhes
dá para te esconderes
e esperar
que possas ser rapariga também para amar...

És rapariga de sonho
de tão sonhadora que és?

CFV


terça-feira, 7 de julho de 2015

Cliché

Um dia
um dia
e tudo fará sentido!

E entre lá e o cá?
É que para já 
resta este tempo presente
que vive sedento
do que virá
pela incerteza 
que nada mais traz
do que o medo
e o cliché
tão gasto
quanto intenso...
e por cá tudo vai parecendo
uma história imensa
vivida e repetida
tantas quantas vezes acordas e te deitas...

Amanhã é outro dia...

Apetece gritar 
bem perto da cabeça de quem tal profere
AAAAHHHHH!
Até rebentar em mil pedaços
e ficar só o olhar 
de quem finalmente percebe
que amanhã não vai haver dia
só noite...
como sempre
num
movimento 
repetido
que nos corrói a mente
e só apetece lutar
sem forças
sem braços
sem argumentos
para provar 
que tudo faz,
tudo menos sentido,
que amanhã é mais do mesmo
num lento e triste cliché
porque também é isso 
este tormento 
que tantas vezes é viver!

CFV

Sem Lua

O tal olhar
muito meu
muito teu
que vai passeando ´
pelo mesmo lugar
de sempre...
pousando aqui e ali
entre uma rua e um café
entre um pôr do sol
e uma noite de mil caras
e que mente...
sem lua
nem minha
nem tua
ali
perdido
à procura
sabe-se lá do quê
ensandecido...mas presente...
sabe apenas que te quer
mas...e,
por mais e tanto que queira
só vê a distância
a asneira
de quem não sabe se sim
mas que se fosse
é que era
e depois?
Depois logo se via
por ali
a cutucar
entre um:
"estavas tão bem quieta..."
e um:
"já está, deixa lá!!..."
Mas...e,
seria de todo correto
matar esse olhar
de uma alma
irrequieta,
quando tudo o que ela queria
era ir, sem amarras
sem calma
e ver -te
em mim
num olhar meu e teu
que pudesse ser nosso?

CFV

quinta-feira, 2 de julho de 2015

MÚSICA

Fechar os olhos
e escrever com a alma aberta
imaginar a cada tecla
uma nota de música
numa inspiração
que se junta num dó ré mi...
E faz -me a tua musa
aquece  -me com o teu sol
e não me faças gritar dós...
que dentro desta sinfonia
que é a minha vida
já gritam demasiados desamores
numa cadência de mi mi mi´s
que parecem habitar em mim
como rituais que viraram torpores
e prisões que lutam para cair
numa última tentativa de liberdade
que teima tantas e tantas vezes em sair
por aí, senhora de si
mas que não passa de um grito mudo
com um ritmo a desafinar
entre agudos e graves
num desespero sem idade
sem rei nem roque
à espera do acaso e da sorte
de uma guitarra
que a paute
numa escala de notas
soltas e intensas
como a vida devia ser
como a música deveria permanecer...
as duas numa só
num sol e dó a pedir rés e mi´s
cheias de fá e de lá
que por cá
só si´s tão cheios de si
que só dá dó!

CFV





Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...