quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estilhaço

Estilhaço
em câmara lenta
demorada queda
lento reerguer
amparada por uma rede
de incerteza...
teia frágil
que a cada mergulho se rompe
num gemido
que se solta ainda antes de acontecer...
vai voltar a doer...

Maldito movimento repetido
cada vez mais conhecido,
quando irá cessar?

Fugi sempre de mim...
Em vão...

Aqui estou eu
inteira
desfeita
sou pedaços
mil
vezes mil
e assim dividida,
estou sedenta
sou urgência
preciso de me encontrar!

Sou partida e regressada
e acabo invariavelmente
prostrada
sem estrada
sem fim,
encontro-me
invariavelmente
em mil almas
dispersas e indefinidas,
habito-as e elas vivem por mim
numa vida arrastada e perdida
espalhada ao sabor do vento
e ainda assim aprisionada
a cada palavra errada
a cada rua escura
a cada onda que se desfaz
em espuma
que é tão só
a minha existência
fugidia, cinzenta e no fim...bruma!

Vaivém
imaginário
que me devolve
sempre ao mesmo
ponto
partida
sem saída...
e a cada momento
parece passar uma vida
onde só cresceu
esta emergência longínqua
esta urgência imprecisa
que me constrói e destrói
neste movimento repetido
entranhado de tão conhecido
como que a perpetuar
este ser desfeito
que só se quer reencontrar
reerguer
sem que volte a doer!


CFV




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