quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Nunca mais será Natal II

Foi natal
Mas não foi Natal,
Passou se...
Por Ti,
Mantivemos a tradição,
Com menos filhoses
Feitas com um aperto no coração
Com menos um prato à mesa
De um bacalhau sensaborão
e o bolo-rei sem graça
Em tudo faltou o q.b.,
que só a mão de mãe sabe dosear!
Tudo foi feito, para Ti, por Ti...
Parece- me impossível que eu só
Tenha conseguido tanto...
Na hora das prendas
Faltou a maior, a mais importante,
A tua gargalhada
E o olhar
de quem olha com
Alegria de ver reunida,
O que te era mais querido,
A família...
E faltou o tirar o avental para a foto
Que nunca ficava bem
Dizias, era o cabelo,
Ou era a expressão,
Repetias...
E tirávamos mais uma
E outra...
E em todas ficavas perfeita...
Se soubesses!!!
Emanava de ti
Um amor infinito
E ao olhar a foto
Quase o podia tocar
Tal era a sensação de aconchego
E ao olhar a foto
contemplava esse teu sorriso
E quase se podia agarrar
Essa ternura,
Que ao fim e ao cabo
eras tu
Toda!

Neste natal
Partilhámos silêncios
Contigo na memória
Olhares de tristeza
E nem uma história
Numa mesa cheia de saudade
A segurar o nó que calava
A voz,
E a lágrima,
sempre à espreita
E o grito,
apertado no peito!
Agora, sei que
Nunca mais será Natal!

CFV

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Não será mais Natal

Diz que cheira a canela e açúcar
e as cores não enganam,
diz que há Natal a cada vislumbre...
Mas, cá dentro 
continua este bater de coração
num peito apertado
num corpo letárgico
numa soma de dias e dias
deste silêncio atroz...
O pensamento voa
e num tarda
voo eu no regresso do costume..
Há vontade de ir
e há a vontade de ficar...
diz que cheira a Natal
a família
a alegria
mas cá dentro
há um nó que não desata...
há um sorriso mecânico
uma máscara que esconde o vazio!
Nunca mais será Natal
sem Ti!

Não haverá mais canela suficiente
ou açúcar que chegue...
as luzes perderam o brilho
a família perdeu o sentido
a alegria foi contigo...
não haverá nunca mais
Natal
porque não haverá mais
massa amassada com o teu amor
ou bolos com a tua doçura
porque não haverá mais
esse sorriso que nos aquecia
e essa energia
que, incansavelmente,
deixava tudo perfeito...

Não haverá mais Natal
sem Ti!

A mala está feita
mas a magia desfeita
a viagem está traçada
será impreterivelmente feita
leva-me ao destino do costume
regresso inteira mas de alma desfeita
regresso ao que nos resta
às memórias
às histórias
à família incompleta...
só que agora
de coração mais partido que nunca...
A tua ausência será a nossa primeira memória 
numa época que inevitavelmente nos levará a Ti!

Mas não será mais Natal
sem Ti!

CFV








quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Memória 
De uma trajetória
Que dói
Constantemente
Que chega
Galopante
Como uma chapada na cara
Sem dó
Sem aviso
Com a força que te deita abaixo
Numa queda desamparada
E te transporta para onde não queres voltar...
Há um ano o caminho impreciso
Levou- nos para um trilho sem volta
Há um ano ainda não sabíamos
 a dor começava
 Mas a esperança
 ainda que meia torta
pairava...
A dor, essa,
Haveria, primeiro, descer devagarinho
Qual noite escura e fria,
E depois,
Galopante,
Ofegante
Qual queda funda que só haveria de terminar
Sem mais capítulos...
Há um ano, contudo,
O otimismo ainda nos abraçava
Mesmo com o pequeno nó na garganta
Que, por vezes, nos inundava
Que haveria de nunca parar de crescer 
muito para lá das entranhas
Que haveria de permanecer
Sei-o agora,
Nunca mais irá embora!
Nesta ânsia 
Há um ano corria para ti
Na ânsia de te ver
Como se eu tivesse um super poder
E que se voltasse ao teu regaço
E sentisse novamente
O teu maravilhoso abraço
Tudo não passasse de um susto
Um tropeção de mau gosto
Mais umas pedras no caminho
Que juntas haveríamos de as atirar pra outras margens...
E voei não tão depressa quanto a minha vontade
E encontrei mais do que o teu sorriso
A tua gargalhada límpida
O teu "não era preciso vires"
Cheio da nossa Saudade
Que tão bem aprendemos a matar
Uma e outra vez
Seguida de mais uma despedida
Cheia de um certo e reconfortante "até já"!
Ainda eras Tu
Ainda eras luz
Ainda eras Força (a minha e a tua)
Ainda eras Alento 
Ainda eras a Alegria
Que animava aquela enfermaria!
Cheguei e fiquei tão cheia de esperança
O meu sorriso era o teu
Entrecortado pela ligeira preocupação...
Apesar do medo que descia
Que haveria de se instalar
Qual convidado mal educado
E como que para o espantar
Perdi me no teu olhar 
E vi, ali,
uma vida cheia de tanto
E a tamanha sorte que eu tinha
Por te ter, Mãe
Por te ter como Mãe
Por teres sido tu
A minha Mãe,
Percebes?
Ali, naquele momento
Sentada a teu lado
Emanavas esse Amor de Mãe
Que tudo cura
ali, naquele momento,
Dentro dos teus olhos
Do teu sorriso
Nas tuas palavras sábias
O mundo pareceu serenar
E por um momento
Vencemos o medo
Tudo iria ficar bem
Iamos voltar a ser 
Lar
Família
E tu o nosso Pilar!
Guardo a dor da tua partida
Quando só queria
Que o tempo tivesse parado
Como naquele dia
Naquele momento
Ali, onde tudo ainda era possivel!

Fazes tanta falta!

CFV







segunda-feira, 28 de outubro de 2019

❤#9mesesdeTisemTi#❤

"Tudo em meu redor se reduziu pra metade com a morte"

O mundo despediu- se de nós
Depressa se foram os sentidos
Permanecem perdidos
Num mundo que fora meu e teu, o nosso!
Ficou este
cheio de vazio
De cores escurecidas
Com um céu sem horizonte
Um azul sem brilho...
O sol queima já não acalenta
A chuva corta já nao envolve
O mar revolta -se já não acalma
O vento uiva todos os medos juntos
As estações ficaram loucas
Temos de inventar outras
O mundo que ficou
Perdeu-se nesta escuridão
Que não mais deixou o meu coração!


CFV

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Divagações

Em mais uma corrida
Em mais uma ida
Dividida
Num sabor agridoce...
A vida mecânica
Não pára
E tudo gira
Numa roda que mecaniza
Até as palavras (im)pensadas
As ditas e as desditas...
Maldita
Esta roda viva
Que nos Mata
Lentamente
Os gritos
Que outrora nos libertaram
Seca-nos
As lágrimas soluçadas
Que devolviam
O alívio
Que traziam
O norte perdido
Que acalmavam
O coração sangue vivo...
Agora
A vida roda
Emoções mecanizadas
Sorrisos em lábios calados...
Morremos aos poucos nesta vida
Cheia de idas e vindas
Cheia de saudades
Cada vez mais enterradas
Em gestos adultos
De gente que deixou de ser gente
De gente que se obriga a não sentir
Para não desistir
Para não ser engolida
Mas que já sucumbiu
À roda mecanizada da vida!

Faz me falta o grito
A revolta
O argumento
Baseado apenas no sentimento!
Faz me falta ser vida
Ser decididamente perdida
Sem rumo
Sem amarras
Mas também sem paredes fechadas
Sem espadas apontadas
Só eu e a liberdade de Ser!

Assim e lentamente resta-nos
Morrer...

CFV

domingo, 1 de setembro de 2019

The sweetest September

1o de setembro...
E pela 1a vez
Sem o sufoco
Da incerteza
Sem o nó na garganta
A terminar no estômago às voltas...
1o de setembro
Numa década
Pelo menos
Sem tirar a senha
Sem esperar
Diminuída
A pensar
Na vida
Que me levava
Repetida
Ao Centro que de emprego pouco ou nada tinha!

Este poema pode parecer ridículo
Sem quê nem porquê
Um assunto demasiado fútil
Altamente burocrático
E até pouco prático!
Concordo!
Mas só se eu não fosse
Professora de um país
Que existe politico
E pisa quem o elege
Que existe em demagogia
A enganar o povo
(Qual herege)
Numa demanda
A parecer cada vez mais impossível
Cada vez mais diminuída...

Mas eu sou
Pela primeira vez
(Quase a soar a ternura)
Uma professora
Num país
Que me deu a saborear
O que é
Não estar
Sentada
Triste
Perdida
Assim como que nua
E ao mesmo tempo
Vestida de esperança
Diminuída em pensamentos
Orgulhosa a ser o que escolhi
Numa fila
De contradições
Solidária
Com todos
Que iguais a mim
Estariam
Nesses mil e um Centros
Que apelidam de emprego
Mas que na verdade são
Centros de um medo
Miudinho
Que consome
Devagarinho
Os sonhos de uma vida...

Pela primeira vez
Numa década e meia
Sou mais inteira
Quase me sinto gente
Num país de meias medidas
Cheio de ideias
Repleto de vontades
Das gentes de verdades
Esvaziadas
Esventradas
Por politiquices
Dessa gente que pouco mais é,
Do que metades
De jogos jogados
Com vidas de pessoas,
Essas sim, de verdade!
Gentalha
Que em tempos de promessas
Se juntam, hipocritamente, ao povo
Que é quem de facto
Reergue e constrói,
O Portugal de que falam
Desses que desdizem
Reduzindo a números
Tudo e todos
Num país grandioso
Apenas e por causa deste enorme Povo!

Pela primeira vez
No 1o de setembro estou tão a termo
Como em qualquer outro
Mas é tão nova
Esta sensação
Que me não cabe
Neste poema
Ou no coração
O tamanho
Da alegria
Da emoção
Tanto quanto
O tamanho
Do injustiça
Pelo tardio da conquista
E acima de tudo
Porque o ano é de vício
De promessas de político
De eleições à porta
Num vale tudo
Que te deixa
Verdadeiramente
Triste!
E resistes
E escondes
Os maus pensamentos
E tentas esquecer
Que tudo pode ter sido
Uma única vez
um setembro extraordinário
Que te "permitiu"
Esta 1a vez....
E remóis dentro de ti
Que tudo isto
É um misto,
Tanto pode ser um recomeço
Como pode, à partida, ser o fim!!

CFV

sábado, 13 de julho de 2019

No choro do Pai

Enquanto partias
quando o sabia
o mais difícil
foi o choro alto de um homem inquebrável
partido,
de mãos na face
perdido...
Nada te prepara para ver um Pai
quebrado à mesa 
sem conseguir digerir o que mais temia(mos)
a engolir aos soluços o que lhe restava da vida...
E perceber ali mesmo que ela sem ti não faria (e não faz) sentido...
Esse momento perdura na minha memória
contrai -me a garganta
num soluço baixinho
que sai das entranhas
em nós que não se desfazem...

No choro do Pai
senti o tamanho da nossa dor
que não mais terminaria!
Nas mãos trémulas que lhe cobriam o rosto
como que o seguravam,
senti o peso do mundo...
um mundo que desabava
que se transformava 
e o tudo era então um nada 
cheio de vazio...
Tão visível
na sua cara transfigurada!

Senti as pernas bambas
fracas por ti,
bambas por não saber como o tirar dali!
O meu coração parou de bater
e o mundo passou a ser só uma sombra
estático em que tudo passou
em que tudo deixou de importar
em que tudo acabou...
As nossas vidas eram, então, um lugar oco
a passar bem à frente dos nossos olhos
marejados da Saudade 
que nunca mais nos ia largar,
que corria e discorria, sem parar...

E se houve abraço que doeu
foi ali
naquele momento 
quando o abracei por ti!!
E entre os nossos braços
entre as nossas lágrimas
sabíamos que nunca mais
seria o mesmo sem o teu regaço!

Essa memória
que me assombra
quando menos espero
traz- me esta certeza,
a única que se fez
concreta e definida:
contigo
foi parte da nossa história!
Sem ti
foi-se a feliz memória...
Algo se se desfez...
O aqui e o agora
É um continuo
mecânico...
Entre gestos
Que caem vazios
Num tudo que se fez num nada sem sentido!

CFV

domingo, 30 de junho de 2019

Suspensa

Olho suspensa
Pela janela
Procuro respostas entre
Este infinito de nuvens
Que me trazem apenas
Um horizonte perdido
Um brilho que me diz
Que nada é concreto ou definido!
Suspensa é como vivo
Intensa na tua ausência!
Dizem me que brilhas em mim
Que vives dentro do que sou...
É assim um gesto de esperança
Eu sei
Mas quem me dera
Saber que o tempo voltou
Ao tempo que era Nosso
Ao tempo que vivias comigo,Nos encontros e reencontros,
Na saudade da distância e nas despedidas!

Que não há nada que pague
O teu abraço
O teu sorriso
As nossas lágrimas contidas
As tuas e as minhas zangas...
Ai!! O que eu dava para mais uma chatice
Mais mil casmurrices
E no fim, sempre uma lição de vida!!
Não há esperança que ganhe
A esta tua inesperada partida!
Não há gesto
Que devolva o que perdi com a tua ida
Não há horizonte
Que me tire este suspiro triste
Com que agora respiro!
CFV

quinta-feira, 27 de junho de 2019

...(s)em Ti

5 meses de Ti...(s)em Ti!
Ausência injusta Vazio incomensurável...
Ainda não te consigo falar...
Simplesmente não posso
Não posso aceitar....
Não posso parar...
Sigo, avanço
Um dia após o do outro
Um dia a mais
Mais um
Sem Ti!
Sigo numa estrada tateada a solidão
Como se parte de mim esteja suspensa
Como se lá ao fundo
Ainda te possa encontrar
Uma vez mais
E fazer o tempo parar
Numa eternidade só Nossa!

Vou voltar ao teu Lar
Sei-te ausente
Mas vou voltar como sempre:
Vou à espera de te abraçar
De te ouvir
De te sentir
Entre esse teu sorriso
De amor infinito
Que me pintava peça a peça
Até me sentir tela completa!
De Amor incondicional
Que me mostrava
Um mundo melhor
E me devolvia o equilíbrio maior...
5 meses depois de Ti
(À espera do milagre...
Que não chegou
Que não te deixou
Junto a nós...)
Vou ter que parar e olhar
para onde sempre estavas
E não te ver
Ficar imóvel e sem voz
Quando me chegar o teu cheiro
Inolvidável 
Quando tocar nas tuas coisas
Como que religiosamente te (a)guardam...
E ouvir teus passos
Que subiam a escada cada vez mais pesados
Uma a uma
Cada vez mais perto
de mim e das nossas conversas...
Vou voltar para junto de ti
Com a mesma ansiedade
Só que agora vou sentir
Aquele murro no estômago
O nó na garganta
Revoltante
E...
Se paro
NÃO avanço
Se penso
Não param
As lágrimas
A revolta
E a tristeza infindável
Da tua ausência
Que me soluça cara abaixo
Em catadupa
Sem respirar...
Vou sentir o sufoco
Do grito mudo
Que me acompanha:
FOI DEMASIADO CEDO
E AGORA SÓ FICOU O MEDO!
CFV

domingo, 21 de abril de 2019

3

3 meses sem ti
Num dia tão teu...
Houve um silêncio ensurdecedor
Uma ausência de dor
E ao mesmo tempo Tudo estava cheio de ti:
As memórias e as flores
Que floriram como gostavas 
O cheiro
(D)Os bolos
Feitos por ti
Imperfeitos
por mim para ti
A mesa da Páscoa
Que te fazia sorrir
No seio da família reunida
(O que mais amavas)!!

Cuidámos de tudo para ti
Sentimos o teu sorriso
A tua luz guiou nos
Recordámos te
em conversas
Que nos acalentaram
Mas que nos deixaram
suspiros vazios
E aquela tristeza
Correu como rio
que nunca secou!
Este dia tão teu findou
A vida não pára
Nem a saudade de ti!!
Queria te aqui!

CFV

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Look up to the stars

Voo mais uma vez
Como tantas outras voei
Ao encontro dos teus braços
Que sempre foram o meu lar...
Voo agora perto de ti
Num horizonte intocável
E sinto te
Nas lágrimas
Na raiva
Incontrolável
Que discorre em porquês
Que continuam sem resposta
Que se transformou
Nesta saudade infinita
Que me agarrou
E nunca mais me largou...
É maior do que o imenso
Céu  que vislumbro
(Como que te procuro)
O sol que entra janela adentro
Traz um calor
Que arde em mim
Uma fogueira de dor
Que me agarrou
Que não mais me largou...
O tempo não cura nada
Dói igual...
Dói sempre sempre
Sem parar!
O tempo só deixou de existir
Que eu sei,
Foi contigo
E agora a vida
Deixou de ter sentido
Existe apenas
preenchida de dor intensa
Nascida da tua ausência!
Tu eras o meu lar
E não mais estarás lá
Pra me abraçar...
(Se soubesses a falta que me fazes
A vontade que tenho de ti
Da doçura do teu olhar
E das tuas palavras
Cheias
E verdadeiras...)
Voo para o vazio
Para as memórias
Para as rotinas...
Está lá tudo... como sempre..
Menos tu
Menos Nós
Somos menos
Mais pequenos
Sem ti...
Estamos todos
Como sempre
Mas agora
tu estás ausente
E o lar não mais será
Doce lar
Será um amargo de boca
Só suportável
Pela tua cara metade
Que cuido para ti!

CFV

terça-feira, 19 de março de 2019

Dia do pai

Vejo-te mãe,
na luta de todas estas noites
do pai...
Olho-o só, onde foram os dois
olho-o a sentir mesmo calor da lareira
que anos a fio vos acalentou e
aos dois iluminava 
nos dias escuros e frios de inverno!

Vejo-te mãe,
nesta nossa nova solidão,
no seu olhar vago,
no seu pensamento distante
de quem viaja,
te procura
e volta triste
por não te encontrar...

Vejo-te, mãe
nos seus ais silenciosos
e noutros mais sonoros
como quem tem muito 
ar
ar a mais 
que necessita expelir,
como quem suspira todo o 
ar que respira,
que só assim
parece conseguir
manter-se à tona
deste novo mar
revolto
em que nos deixaste
e nos leva ao fundo
numa e noutra onda
sem parar, 
sem fim à vista!

Vejo-te, Mãe,
todos os dias,
nele, 
nessa tua outra metade
para quem viveste
para quem,
e decerto já estaria escrito,
nasceste e te dedicaste...

Ele sabe, mãe, 
tudo o que somos,
só o somos por Ti!

Vejo-te na sua vontade
de, com custo, 
se erguer, 
todas as manhãs, 
nos planos que tem
para fazer o bem
de cuidar
como sempre cuidaste
do teu quintal
de regar, 
como sempre regaste
as tuas flores...
porque vê-las florir
será ver-te sorrir...
semear, 
arar e plantar,
é agora a única forma
de te abraçar
de te devolver 
o que era para ti cuidar
o que era para ti AMAR!

Vejo-te
neste nosso esforço de
recomeçar!
Cuidamos agora um do outro 
com a tua mestria, 
com o carinho e a fé
que ensinaste,
e que sempre
nos depositaste!

CFV

sábado, 9 de março de 2019

Suspiro

Chego e parto
Envolta na saudade
Na ansiedade
E neste suspiro
Que se tornou
Ar que respiro!
Regresso e despeço me,
Volta meia volta,
Volta a saudade...
Fazes falta, ponto!
Fazes tanta
mas tanta falta!
Tu o dizias a brincar
Nós sabemos o quanto dói
Essa tua vaidade,
Não há maior verdade!
Não me encontrei ainda
Não me sei sem ti
Nem me acho
Neste vazio
Que encheu, de infinito, os meus dias!
És tu a maior saudade de todas
Que chega pelo brilho do sol
Que não chega para aquecer
este frio que se entranhou ...
Olho te por entre o azul do céu
Mas há como que um véu
Que me não deixa chegar a ti!
Mal vivo com a tua saudade
E vou,
Partida em mais uma partida!
Deixo para trás quem foi a tua vida!
Todos os dias se lembra da vossa despedida...
Vejo o sobretudo, no seu vago olhar
E nas poucas palavras ditas
Todas são para te encontrar
Todas são para te abraçar
Todas te saúdam
Os seus, os nossos, gestos
São a sua, a nossa luta
Para te honrar!
CFV

sábado, 2 de março de 2019

Sem ti

Um mês de ti
Ausente
De uma saudade
Cortante
Um mês feito
De um novo para sempre,
Que grita,
Que dói,
Em mais uma volta!
E volto pela primeira vez
Para um lar partido...
Desta vez
Não estarão os teus (a)braços
E os meus serão
Apenas pedaços
Caídos
Lembranças de tempos
Idos!

Entro!
E ainda te espero
Mas uma vez dentro
Um soco no estômago...
Encontro o vazio
Em tudo o que era cheio de ti
Encontro o vazio
E o mesmo cheiro de ti!
Perco a coragem
Tremo por dentro
E choro desalmadamente!
Tenho tantas saudades
Fazes me falta
E morro aos poucos
Sabendo que um mês
Sem ti
É só o começo
Do que será  para sempre...

CFV

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Para sempre

Afinal
Eu não sabia
O que era distância
O que era saudade
Eu não sabia nada
Afinal
Da dor ou
O que era ausência
Nem sequer sabia
O que queria dizer
Para sempre...
Até tu partires...
Com tanta pressa
Que até aí
Eu nem sabia que era o tempo
Caprichoso e valioso!
Afinal
Pouco ou nada sabia
Do amor incondicional
Que fica
Mesmo na dor
Na ausência
Na saudade
Num novo significado
Para sempre!

CFV

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Vazio incomensurável

Partiste ...
No fim de uma gélida manhã,
Estavamos em janeiro...
partiste...
e o mundo ficou
Tão mais frio
Tão mais feio!
E durante dias a fio
O ar ficou denso
Difícil de respirar!

Partiste e deixaste esta dor,
difícil de suportar!
Fiquei de coração
Partido...
Cheio,
De um novo vazio...
incomensurável!

Assisti à tua caminhada final
Sem que a imaginasse...
de perto, de longe, de perto
sempre presente...
foste ficando mais distante
foste -te entregando
à tua fé
e de uma vontade corajosa de viver
e de uma esperança tão tua
foste aceitando a tua partida...
eu via,
eu sofria
eu não queria...
Mas nada podia!

Restou em mim este novo vazio
Um sobressalto constante
Sou sem ti, incompleta...
Ainda não há palavras suficientes
Para descrever a dor da tua ausência!

Eu sei,
(Que eu sinto-te!)
A tua Força está em mim
A tua Luz,
Eu sei,
Está sempre presente
Mas ainda é a escuridão
Que toma conta dos meus dias
Como um véu...
Passou a ser tão difícil olhar
Em frente,
Assusta muito
O que pode estar
Do lado de lá!
É este medo novo
Que sinto a cada suspiro...
E não sei como continua
A bater no meu peito
Um coração
Pois se vivo num limbo
Sem  sentido
Sem sentir
Num turbilhão!

Ah, se soubesses
Como me falta
A tua gargalhada
O teu sorriso
O teu abraço!
Faltas me tanto!
Faltas me em tudo!

E quando penso que vou voltar
Como sempre
Para ti, meu lar...
Mas que não vais estar...
Apetece- me gritar
Tanto, tanto,
Até ficar sem voz...
Mas fica preso
Entre lágrimas
E sai mudo
Este lamento!

Faltou-nos tempo, Mãe...
Agora faltas tu e já não podemos ser Nós...
Eu sei, nunca seria suficiente!
Só que agora o tempo deixou de ter sentido
E tornou- se o meu maior inimigo!

CFV

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Infinitamente... Como o nosso Amor ... Mãe

Fui tua e tu minha...Mãe!
Foram 38 anos 11 meses e 20 dias...
Mas precisava de ti até morrer...
Sei que não podia ser
Mas queria te cá
Mesmo na distância
Que tão bem sabias encurtar
Ouvir- te
Com orgulho de seres tu a minha Mãe
Ouvir-te sorrir só no teu olá
Ouvir-te a ti e à tua ligeira gargalhada
Nos teus preciosos parabéns!
Queria te cá
Para mais um aniversário
e outro e outro e outro....
Sei que não serias eterna
Mas como deixar- te ir
Como ver -te partir?
É Amor de Mãe e filha
Não tenho outro igual
Ainda não aprendi a ser sem ti!

No fim destes 38
Há este novo silêncio... ensurdecedor!
Sei que estás comigo
Sinto- o a cada noite que adormeço
Partida...
Banhada em lágrimas
Vazia
Ou
Submersa num mar...
...saudade...
Sei-te comigo
A cada sobressalto
que me acorda
E me leva
Imediatamente a ti!
Sinto-te comigo
A cada hora do dia
Numa memória
De agora ou mais antiga
Que traz a tua alegria
Num gesto que seria o teu
No sorriso de quem te queria bem
Na solidariedade
Que tão claramente
Semeaste nos outros
E nos outros
Ensinaste
E em cada um deixaste plantado
Um pedaço de ti
Um pouco aqui e ali
Desse tão teu
amor incondicional!
Sei que estás comigo
Encontro-te
como nunca
E ironicamente
Na tua fé
Que me chega
Lentamente...
E a cada dia
Essa tua força
Essa tua coragem
Essa tua vontade
De viver plenamente
Como bálsamo
Para as minhas dúvidas
Para a minha revolta!

Sinto-me contigo
Quando me intuiste
A cuidar do teu jardim
De flores
De gente
Da família
Que rego para ti!

No início destes 39 penso
Nos teus (a)braços,
Na tua voz reconfortante
No teu infinito amor,
Que senti até me despedir!

Queria te cá, Mãe
Era mais um aniversário
E outro e outro e outro...
Infinitamente...
Como o nosso Amor ...

CFV

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Mãe

Mãe!
A voar para ti
E no fundo de min
Ouço um tiquetaque
Cada vez mais sonante...
Da janela vejo a maior ironia da vida:
Nuvens suspensas 
A fazer lembrar
Uma vida ida
Feita na doce certeza
E na reconfortante leveza
De que te ia encontrar!
Simples, assim, tu és o meu lar!
Olho-te dentro do que sou
Lá fora este sol límpido
A ironizar
O meu caminho 
De que sou construída
Desde sempre perdido
Apenas e sempre norteado por ti!
Agora, sou este intenso breu!
Uma ponte que encerrou!
Olho - te no horizonte
Vejo- te a cada raio de sol
Imensa como este céu
Que em tantos dias
Nos acalentou
Que em tantas manhãs
Nos esperançou!
São tantas as memórias e as estórias
Nossas!
São tantas as despedidas, 
Minhas!
É certo!
Mas sempre com a doce certeza da vinda
E dos teus abraços que foram sempre os meus braços!
Agora, são muitas as lágrimas
E esta dor maior do que consigo suportar
Mas serão sempre mais mil sóis
Ficarão sempre mil vezes mil 
Os teus sorrisos e os beijos
Que de ti, recebi
Todos com sabor a promessa,
De que para sempre foste, és e serás o meu regresso!
Hoje que sou asas
Que estou tão perto
Sinto-me queimar e gelar
a cada golfada de ar...
Penso em ti, egoisticamente
Peço,
agora, que estou mais perto do céu,
Ao teu Deus,
Que me leve a tempo até Ti...
Repito te, Mãe,
Exaustivamente, Mãe,
E só te posso imaginar
De sorriso aberto
Para te abraçar!
CFV

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Distância errada

Se soubesses,
como estás aqui tão perto
como não me sais da cabeça
nem nunca do meu coração...
se soubesses
o quanto soa
a facas espetadas
esta distância errada...
Será que sabes?
Era aí que queria estar
Era aí que queria dormir
lado a lado, 
todas as noites 
abraçadas num sono nosso,
transformado em dias, para sempre!

Tudo o que visto parece demasiado apertado
a respiração é um sobressalto constante
o medo vai crescendo
como muros cada vez mais altos!

Ao fundo ouço palavras bem intencionadas 
só que soam barulhentas
e há momentos que são arame farpado
e só quero fugir para o meu canto escuro
encontrar- me com o silêncio
para poder soluçar 
num lamento desconcertante...

Tudo à minha volta 
é espuma que se desfaz
nada mais importa
a não ser este tempo
que entoa
um tic tac doloroso
um tic tac raivoso...

Nada me acalenta,
o tempo, 
não sei,
se é suficiente
ou se é inebriante
tudo me despedaça
e as palavras são vento
que cortam e secam
as mãos e os lábios 
gretados
enxangues
desta ferida aberta
que nunca mais sara
que nunca mais para...


Eu sei,
não sou nada
não posso nada
e que me veste esta roupa apertada
que me sufoca 
impotente
e, decadente
habita em mim toda a raiva
possível e imaginária
e outras mil revoltas
dirigidas a este
e a outros mundos
e a Deus
e aos deuses
de todas as cores e crenças:
NÃO, não aceito,
NÃO, não quero,
NÃO, não aguento!
Pois que, só assim me mantenho de pé
e sorrio para que o mundo fique aliviado
mas no meu
não há mais nada
e, volta meia volta,
volta esta escuridão pesada! 

CFV

domingo, 6 de janeiro de 2019

Asas

Vamos nesta viagem
Sobre as rodas do costume
Mas dentro de mim
Sao mil e uma,
As asas
Presas
Feridas
Que nunca mais saram
Que anseiam voar
Para bem perto de ti
Para bem perto de vós...
Esvoaçam em mim
Mil e um pensamentos
E numa só voz
Todos te encontram
Todos nos abraçam
Como se mais nada existisse
Como se as nossas almas se fundissem!
Vamos nesta viagem
Mais uma das mil e uma percorridas
Mas como esta
Nunca nenhuma foi tão sentida...
Deixo -vos partida
Levo-vos comigo
Numa nova saudade
E junto-a a esta impotência
Que me veste
E à única vontade
Que me resiste
Uma volta definida!
Vou nesta estrada
Tantas vezes percorrida
Levo-vos comigo
Neste meu olhar perdido
Num desespero infinito
Que teimosamente
Transformo em prece...
Todo e qualquer gesto
É a Deus e aos deuses
Que peço
E a quem mais houver
Neste e noutros mundos,
Que vos pare no tempo
Até ao meu regresso!
CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...