quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Colher tempestades

As lágrimas confundem-se com a chuva
e o olhar perde-se entre pingas
que, de gota a gota,
transborda em sentimentos
turvos
ao rubro
e confusos...
É assim, como uma ventania, que destrói
uma tempestade que sempre dói!

O silêncio ficou
como um trovão inesperado
depois de palavras
assustadas
atiradas
como facas
quando deviam ser abraços,
depois de palavras
de dor
espetadas
quando deviam, só,
espicaçar o amor...

O medo mistura-se
com o desejo vivo
quando, o certo,
era já ter morrido...
mas continua aqui,
constante,
a sussurrar-me ao ouvido,
a lembrar-te,
doce sabor
que, agora, amarga
e mais sabe a castigo!

No meio desta escuridão
sente-se o cheiro inebriante
de um medo há muito temido
traz com ele um prenúncio
que não encaixa ainda
que, desesperadamente,
se recusa, porque não tem sentido...
Empurra-se, num último reduto de esperança,
esse fim à vista
para longe do coração...

Não confundas mais esta alma
que de intensa
ficou suspensa
nesta luta agonizante
de quem não queria
mas que já perdeu a calma!

O sorriso
afinal, voltou a ser breve
ficou aí, novamente, contigo
longínquo
e agora, em parte incerta...

Virámos tempestade
talvez porque não suporte a tua verdade
nem tu, alguma vez, tenhas querido a minha...
Odeio a despedida
e mais quando é injusta e nem, assim,
deixa de ser sentida!
O Adeus traz-me a morte lenta
o definhar até me fazer sentir pequenina...

CFV



Sem comentários:

Enviar um comentário

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...