terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Lenha para a alma

Foto de Município de Viseu.Dezembro, mês de
promessas cumpridas
esperas findas
abraços apertados!

Volta o frio 
embalado pela
lenha que crepita
num coração desfeito
de idas
e desavindas
frio da distância
pedra de saudade!

Venham as noites
geladas
sorvidas
entre copofonias
de sorrisos
dos amigos
e repastos
servidos com aquela magia
só possível na família!

Dezembro, mês de
braços entre abraços
olhares que são beijos
lágrimas quentes e salgadas
a saber a um mar de alegria
e à espera, finalmente, finda!

CFV












quarta-feira, 16 de novembro de 2016

VOOS

Ela tem medo de pensar
e ao pensar...
sentir-se e contorcer-se
naquelas contradições
feitas de pedaços
que a despedaçaram
em mil
e em mil pedaços
reconstruíu-se inteira...

Ela tem medo de pensar
que, assim, não sabe estar...
que esta pele inquieta
envolve um corpo inerte...
e quando acordar?
a pele ainda lhe vai caber,
ou vai rasgar?
o corpo vai definhar,
ou finalmente vai VIVER?

Ela não sabe o que sentir
de tanto pensar...

Volta meia volta
o pensamento voa
baixinho pelo meio do silêncio
mas volta de mansinho...
vai com medo do ruído
e do que ele lhe pode fazer
voa mais uma vez
vai com ganas de que volta
mas volta sentindo
que um dia pode lá ficar...

Ela de tanto sentir
não sabe já o que pensar!


CFV

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Entre marés e montanhas

Foi numa lua brilhante que te deixei
cheia de contradições
numa alma já de si partida
aos tropeções,
num crescente de saudades...

Outras luas passaram
nestes dias audazes
de eternas amizades...
enchemos copos
e bebericamos
devagar as novidades
em tragos que engoliram
outras tantas saudades...

Agora que regresso
brilha novamente
cheia de vontade
uma lua nova
dos cheiros
e dos murmúrios
do costume!

Traz-me a vontade
escondida mas sempre sentida
de te abraçar
e esse ondular
de que é feito esse meu,
cada vez mais meu,
porto de abrigo!

Será sempre cheia
a lua que me fascina
porque cá dentro nunca mingua
este manto que me cobre
e me arrasta em constantes distâncias
e me traz suspensa
entre marés
e montanhas
de fazer perder a vista!

CFV



domingo, 11 de setembro de 2016

Culpas

Acordamos dias e dias,
dias a mais
com o horror nos olhos!

Adormecemos vezes e vezes,
vezes sem conta
na dor que transformou o mundo!

Acomodamos o silêncio
nos nossos corações
numa cumplicidade suspeita
vestida de impotência coletiva!


Já basta! É GRITO que se prende na garganta!

A nossa voz ainda se desprende entre vontades mudas
e palavras sentidas
de silêncios desmedidos...

A deles já se afogou
nos gritos mudos e vãos
no sangue que corre por todas as mãos...

Haverá ainda um amanhecer
de mãos dadas
sem distinções
num único bater de corações
sem culpas erradas
sem gritos silenciados
sem cumplicidades culpadas!

CFV

sábado, 10 de setembro de 2016

Fim?

Leio-me com espanto
leio e releio,
à minha procura
mas são tentativas vãs
que me relegam para o escuro
do que de mim resta...

Não sei onde me encontrar!

A mão corre ao sabor do pensamento
o coração empedernido
não deixa de bater
num movimento constante
numa dor inquietante...

E a tinta discorre irregular
sem ideias de verdade...

O mundo deixou de me inspirar
as pessoas continuam vazias
e a alma que me habita em mil eus
deixou de se importar...

CFV




segunda-feira, 1 de agosto de 2016

"Só é fogo se queimar..."

"Só é fogo se queimar..."

Arde sempre
esta tamanha vontade de ficar
quando se quer tanto partir...
Queima lentamente
o que me fazes sentir
quando te olho adormecido
numa última lua
que brilha como quem brinda
à minha e à tua...

Que seja à nossa!!!

E o vento chama pela minha gente...

Dentro
nada acalma
e lá ao fundo a música canta
o que me vai tão claro na alma:
"Só é Felicidade enquanto durar..."

É o costume,
é certo!
mas dói... lentamente... sem se apagar
este ir e voltar
toldado por um simples, se calhar!...

CFV

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Marés

Num tempo que se entremeia 
entre o cá e o lá,
o coração bate incerto
entre a saudade e a ansiedade,
no fim de um tempo
que inicia um outro...

E sempre, sempre
esta espera
este medo
o voltar
o ir
para cá ou para lá!

Dividida 
partida
vivida
em mil alegrias
doída
perdida
vencida
mil vezes mil,
nesta saudade
sempre agarrada à  ansiedade...

O que virá?
Como será?
Voltará o mar?

Que esta alma já ganhou guelras
não respira 
sem o ouvir bater nas rochas
numa corrida tempestuosa
entre ventos e marés...

Que este olhar 
já ganhou um novo horizonte,
já só vive procurando tempestades 
para entardecer soalheiro,
entre mil cores e mil cheiros
trazidos por ventos viajados,
desde longínquos marinheiros
às mil e uma noites traiçoeiras
e aos mil cantos perdidos e achados...

E chega, assim, cheio de mundo
para nos embalar nessas lonjuras 
conhecidas e desconhecidas
de vidas idas
sem tamanho...
e traz-nos à lembrança
esta saudade ansiosa
do que está lá,
e do que está cá!


CFV


quarta-feira, 4 de maio de 2016

Conformar o inconformismo

Cresci no inconformismo
numa adolescência interminável
a recomeçar dia após dia,
na revolta escura das noites claras...

E esta sede que me não passa
E esta sede que não me seca!

Alma nascida submersa
e crescida num sufoco
num corpo apertado
sem nunca ter passado
de invólucro...mil vezes inerte...

Fui sempre esta fome de ser
sem saber quem ou o quê!

De mil formas procurei viver
perdi-me entre mim e as luas
que me pareceram sempre cheias
nessas muitas lutas!

Queria outra de mim
encontrei-me em mil
despedacei-me mil vezes mil                                          
e coexisti com todos os mil eus
nessa luta de me encontrar una...

Apenas me desencontrei...

E que mais serei?
Se só me conformo
no inconformismo,
no que penso que preciso
para depois de alcançado ser jogado
qual brinquedo sonhado...

O que me interessa
estará sempre
além
longe
do que posso tocar
perto
só o sonho
o que não tenho
o desejo
e o viver neste
desavesso...

Imaginar só o que a vida não é
saborear o que não conheço
porque o que me segura
é esse querer
a procura
incessante
de um falso encontro
num contínuo almejar
sem quebrar
esta fome que me ataca as madrugadas
e esta sede que mantém viva a luz
de dias e dias
e me encontra perdida entre mundos!

CFV


quinta-feira, 28 de abril de 2016

Da minha varanda

À minha varanda chega o horizonte
feito de cheiros e cores...
Da minha varanda começam e acabam os dias
de olhos postos nessa linha indefinida
que tanto aqui começa
como aqui acaba!

O horizonte começa na minha varanda
com um olhar só
e tudo em mim
se confunde
com o lá
que estranhamente
me traz de volta para cá!

Voo entre mil sóis
encontro outras tantas luas
e perdida me encontro
entre o cá e o lá
ou lá e cá.. já não me sei!

Sei, sim,
que é essa linha invisível
que me traz num para sempre dividida
numa eterna saudade
construída em memórias
que permanecem vívidas
destruída em histórias vividas
amainada pelas conquistas doídas
e endiabrada pelas ilusões
que acabaram em mil perdões!

Neste olhar longínquo...
o presente continua a bater-me no peito
a fazer o pouco de mim
um pouco de gente!

Nele cresce o horizonte de uma varanda suspensa
que me perpassa a alma
ou o pouco do que dela restou,
que há muito se afogou
neste mar que vive e morre em mim
ao sabor de marés e luas
de dias e noites que luzem
o lá e o cá!!

CFV


quinta-feira, 21 de abril de 2016

Inquietante

Inquietante
uiva o vento...
bem dentro do que me constrói
numa desconstrução nascida comigo
desde sempre e para sempre...
hábito que me habita
desde que me sinto!

Desesperado
grita o vento...
como se ninguém o ouvisse mas...
precisasse com a urgência
de quem tem pouco tempo
para dizer tanto!!

Murmura,
desistente...
cada vez mais longe
numa solidão urgente
porque o mundo teima em não ouvir
e o que sente
prefere deixar morrer
em surdina
no silêncio
de quem vive adormecido
a perder,
sem compreender ou  sem olhar com ouvidos de gente
numa última tentativa que a vida
não siga vazia..

CFV


domingo, 10 de abril de 2016

Doce horizonte

De alma adocicada
os olhos veem mais longe e
há mais luz ao desfolhar
as páginas que nos fazem viajar
entre o ontem e
a vontade do amanhã...
Será feito
de sorrisos quentes...
de momentos inesperados...
no fim vai sempre saber
a gelados,
aos inícios e ao fim do verão,
à busca incessante de um pouco de ilusão...
Que só assim a realidade é sonho
Que só assim se pode sonhar com sentido e com verdade!

CFV

sábado, 2 de abril de 2016

"Só se despede quem espera um reencontro"


Em jeito de despedida
vagueiam olhos meus
por paisagens mutantes
e ainda assim me parecem eternas…
Acompanham –me, desde sempre,
em repetições constantes
numa solidão muda…
Minha...só minha!

É minha, sim, esta terra que me desespera
em mais uma corrida de que é feita a vida…

Somos uma
num para sempre
que sempre se repetirá
entre estas e outras
constantes voltas
que me cantam ao ouvido
e me embalam em jeito de despedida…

Mais uma…

E o olhar perdido
que vagueou
volta partido
desesperado
por um abraço cheio
pelo teu regaço
que me fez quem sou…
e sem ele me sinto meia
ora vazia,
ora inteira…

Já é sem jeito
que esta alma resiste
num coração distante
onde a saudade construiu muros,
sonhos e lonjuras…

E entre a ilha – meu porto de abrigo
E tu, ó Terra de gente minha
espero pela volta
que me fará voltar a ti e a mim!



CFV

terça-feira, 22 de março de 2016

Dia da Poesia


Foi ontem o dia...
da POESIA!
Ela está em cada dia, 
a cada esquina, 
na tarde vespertina
e na noite soalheira,
no sorriso pequenino
e na lágrima traiçoeira,
que rola todos os males da alma
com uma calma que só pode ser
verso que vira estrofe
aberto irregular
poético e fugaz
como a vida é,
um poema por acabar...



CFV



sábado, 5 de março de 2016

Desatinos

Noites difusas
de cores distantes
de copos cheios
que em instantes
transbordam...


O sabor é de lágrimas corridas
sem destino
sem porquê
e tudo parece um desatino
num bater ritmado
alucinante
a relembrar
as lutas de uma vida
que ficaram por aí perdidas!

CFV




quinta-feira, 3 de março de 2016

Montanha russa

Resultado de imagem para montanha russaDepois da tempestade...
o arco-íris que brilha mais forte
o azul que rompe mais vasto
o mar que ondula numa rima cantante!

Fica a música da harmonia
de um mundo que se volta a crer
de um tempo que se quer maior
de um momento que precisa ser para sempre!

Depois da bonança...
volta o cinza que duvida
o escuro que fica
em noites tidas num para sempre
de chuva copiosa que bate bate
ao ritmo de um coração que já não se sente...

Segura-te ao depois...

Ele virá sempre,
é fechar os olhos no escuro
é abraçar com força o vazio
é ir ao fundo e vir ao de cima
é respirar, nem que seja o mofo
mas sentir,
ouvir,
crer,
que a vida é tanto mais do que isso!!

Num ir e voltar
num mais e menos
num muito e pouco
ora sem cor
ora vestida de arco-íris
ora noite
ora sol
ora dia
ora nada...
é a vida que a todos nos calha!

CFV

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Desengano vestido de ilusão

O engano vira de mansinho
a cada curva
e contigo
acelera a fundo
nas retas que pensavas serem a tua vida
desenha-te na alma
linhas feitas de cicatrizes
que essa sim é a vida
que te calhou
mas decidiste esquecer
e nesse momento
o engano voltou...
agora é sempre em frente
prego a fundo
nessa linha que desenha a tua vida
feita de erros
crenças desacreditadas
esperanças desmotivadas
e medos...

O engano sorri para ti
no olhar de quem tinhas como certo
abraça-te no escuro da noite
num suspiro perdido
quando tu não não estavas a ver!
Sorrias de volta
perdida no encanto
que não vias disfarçado
de mentira!

É só isso que é certo
para ti,
sobrevivente
de fins de tardes ardente
para te aguentares nas noites de solidão!

Nada será em vão...
Lá...
No fim espera-te a razão!

CFV



sábado, 23 de janeiro de 2016

Portas Entreabertas

Assim é,
afoga-se por dentro
e respira-se por fora
num sorriso trabalhado
a doer
numa alma cansada
mas que espelha
o que os outros precisam de ver!

Assim é,
mantém-se a ordem
no mundo dos outros
que nos olham com olhos lassos
sem tocar, sequer, a pele
quanto mais o âmago que
nos desmorona,
um pouco mais...e mais
num mundo cada vez mais só e nosso,
dia após dia
numa viagem que não pára
com bilhete só de ida!

Assim é,
tudo no seu devido lugar
num mundo de fachadas
e de portas entreabertas
espreita-se só
sem olhar para dentro
numa curiosidade segura
sem se cair no escuro dos outros
as portas não se escancaram
mas também não são fechadas!
Assim seja!!

CFV

domingo, 3 de janeiro de 2016

Aos que partem regressados



Estrada de constantes
idas e vindas
construída por entre lágrimas escondidas 
e braços partidos...
Pois que se quebram a cada abraço de despedida!!
Estrada maldita
só bendita pela crença inevitável
de que o tempo vai passar...
e ser nesta contradição
de um vagar rápido
de um lento desapego,
o lado de lá sempre cá
e sempre connosco
as memórias que nos enchem de esperança
só fixada no REGRESSO!!!
Essa palavra que é a fé
Que carregamos na distância,
A vontade de que tudo pare por lá
E que por lá tudo nos espere,
Pra, mais tarde, podermos resgatar essas memórias
que são cada vez mais
a nossa história
partida e regressada
nesta estrada sem fim à vista,
que nos lembra tudo o que não pudemos viver, ver, rir, amar
e nos devolve
a certeza de um anunciado voltar!!
CFV

Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...