domingo, 21 de dezembro de 2014

Chegada

Chegar
mesmo
ao virar
da estação
e encontrar
ainda os vermelhos e amarelos
alaranjados e carregados
de um outono a despedir-se
na hora de me receber!


Olhar paisagens e reconhecer
olhar para o horizonte e rever:
estou onde pertenço!

Respirar fundo e sentir o cheiro
da terra que me criou
e durante minutos
deixá-la entranhar-se
novamente em mim
porque basta
esse momento no tempo
para me sentir
como se nunca de cá tivesse saído...
E as saudades dão agora
lugares
familiares...

E devagarinho fico de coração preenchido
estou, novamente, ao pé dos amigos
Aquecida por esta chegada tão desejada
num outono já em jeito de despedida
mas que poderia durar para sempre
ou o tempo de uma vida, a minha!

CFV

sábado, 20 de dezembro de 2014

Fim!




Findo um período! O 1º de um ano letivo traiçoeiro iniciado sob o peso da injustiça, no mínimo!
E que 1º período! Não serei só eu a sentir- me assim, tenho a certeza: enganada e cansada de tão pouco respeito até! Por que se lutou pelo direito básico da justiça numa sociedade democrática, acabei exilada, como represália, num mundo novo para mim mas demasiado envelhecido por quem recusa a mudança e perpetua o que já era!

Vim parar a um mundo habitado pelo vazio e por facas que cortam mais do que ambientes!
Todos se julgam reis e deslizam por entre palcos onde jogam ao poder, que existe apenas para espezinhar o próximo! E se são do contra, é  apenas para derrubar e assim se mantêm a favor do erro para poderem continuar a reinar!
Devia sentir-me agradecida?
Sinto-me é frustrada e deprimida porque não compactuo com palcos na vida e recuso me a assistir a peças com atores que não merecem estar em cena!
Findo este 1º período, sinto que morri um pouco todos os dias, já não há lugar ao sorriso, nem o forço mais, mas também nunca haverá, em mim, lugar à hipocrisia!
Na hora de ir levo na minha mala um peso extra, o da angústia de ter que voltar!!

CFV

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Dezembro II

Dezembro está aí
mês que finda
o infinito desespero
de aguardar
nesta espera ansiosa
pelo momento
de abraçar
e sorrir
de sonhar
e sentir
que se venceu
uma vez mais
esta longa saudade silenciosa
(companhia que se tornou
de sempre
presente...)
Finda esta espera caprichosa
que parece nunca ligar
à tamanha vontade
que se tem de partir...

E quando lá chegarmos
que parem todos os tic tac
impacientes
que um segundo
possa ser todo o tempo
do mundo!

E uma vez lá
que todos os relógios avariem
que se acabe com a pressa
e transformemos esse
momento
num tempo para sempre!

CFV

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Escrevo te o que li!

Ler- te
inesperadamente
olhar-te num segundo
sentir-te
e por um instante
voltas a ser o meu mundo
tenho
uma ínfima parte de ti
e ainda assim inteiro em mim
na saudade de perceber
que continuas importante
ao ponto
de me deixares
a tremer
pernas bambas
nó no estômago
pensamentos mil
de volta a ti
e perceber
que continuas vivo
assim
perdidamente
em mim!

CFV


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Páginas vividas


ler
para pensar
e desejar
viver

a cada capítulo
fica este grito
que grita e grita
afónico e ensurdecedor
dentro deste peito
que se deixa ir...

ardor a cada virar de página...
 intenso aroma em forma 
de palavra
lida
sentida
e cá dentro
doída...

sentir e não querer
o fim  próximo da história 
enrolada  e prolongada
a cada lágrima 
caída...

borboletas no estômago
na pressa de saber
onde é a saída
se mesmo 
perdida
haverá 
reencontro
e vida...

nó na garganta
a luta parece perdida
e capitulo a capítulo
volume a volume
volta o grito
que grita e grita
afónico e ensurdecedor
numa luta ganha...

e arde e arde
por dentro 
num lume brando e carente
até se apagar
em saudade
 que paira no ar
mesmo antes de terminar....


 ...cinzas...
páginas ardentes
viradas com sabor a gente
lidas com desejo de ti
numa história contada para nós...

CFV



terça-feira, 2 de dezembro de 2014


O mundo e as suas voltas
são tantas quantas as pessoas
cruzam-se e desencontram-se
repetem-se as velhas histórias
que deveriam servir o presente
para dar um futuro com melhoras

CFV



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

RETROSPETIVA em rajadas de vento

Sabes que é mais um dia merdoso quando chegas ao fim dele e fechas os olhos e tudo o que vês fica escuro e tudo o que ouves é silêncio ziguezagueado pelo vento e tudo o que sentes te deixa enjoada e tudo o que tocas se parte em cacos irreparáveis... uma sinestesia de emoções que te dizem claramente, desde as tuas entranhas, que foi mais um dia que te deixou acabada!
E depois a vida discorre à frente dos teus olhos: pedaços de ti, aqui e ali; perdas, vazio, recomeço, esperança e derrota...invariavelmente sozinha... e sentes que é demasiado para que não tenha sido pelo menos um castigo de algum pecado capital que tenhas cometido e nem te tenhas apercebido de tal! E terá sido pela mera distração ou pelo prazer sentido?... Tentas perceber onde falhaste, onde erraste, em que parte da tua vida te sentiste uma criminosa sem escrúpulos..mas só descobres que tentaste sempre ser, acima de tudo ser, contigo e da mesma forma com os outros..transparente, sem jogos, sem máscaras, sem regras e talvez, também, sem cuidado de saber de antemão se seria o rumo certo, próprio de quem vive sempre com a verdade... Apercebes te que saíste muitas mais vezes vencida, do que vencedora...saíste, sem teres entrado como uma jogadora, uma perdedora de um jogo que nunca soubeste jogar...foste marioneta nas mãos de quem apenas te quiseste entregar...ou assim pensaste!

Sabes que é mais um dia merdoso, quando o sono não chega, os olhos cansados não deixam de te passar imagens doídas de toda uma vida que, nestas madrugadas, fazem sentir que foi perdida...
Perguntas-te: como é que foi possível??? Aquilo? E isto? E até aquele sentimento mais antigo ressalta meio moribundo e ganha vida para te fazer questionar mais uma vez, como é que foi possível???

Não chegas a conclusão alguma, não consegues qualquer justificação para tanta reviravolta numa vida tão pequena e que, lá atrás, um dia, também te pareceu promissora...
Agora, só fica esta revolta de não perceberes como é que é sempre tudo tão repetido, tão igual, repentino e tão perdido... só fica este incoformismo que te faz perder num qualquer rumo, porque só sabes que te lança para a frente...ainda que não saibas se te lança para o meio de uma estrada congestionada...mas vais, porque nem saberias como voltar atrás...és um ser que há muito deixou de ser resgatável... impossível de salvar, o teu poço é  de dia para dia mais escuro, mais fundo e ensurdecedor de tão silencioso...nele, sabes bem que, a tua voz não grita, nem sussurra, nunca pedirá socorro, mesmo que veja olhos ternos e braços apertados...És inalcançável... a vida breve mas vivida não to permite, estás irremediavelmente sozinha... e é assim mais um dia, como todos os outros que sabes que não valeu a luta, não valeu o sorriso nem a tentativa!
Lá fora o vento uiva toda a tua solidão, só ele resistiu e permaneceu contigo... mas não era o vento quem tu querias porque ele só te lança mais nesse emaranhado vivo que ressuscita o passado que julgavas sarado... volta a dor, o vazio e a sensação de que sim, foi mais um dia merdoso!

CFV

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

o mundo em desespero


.https://www.youtube.com/watch?v=WoCSeIY0xdo&list=LLpegFDsUfiqj8XdZmFmaoXg

O mundo pesado
carregado
a flutuar num balão de desespero..
dói só de pensar
desvia-se o coração
porque não queremos sentir mais medo..

Mãos na cabeça
que não pára de gritar
vozes que sucumbem
à prisão em que se transformou este mundo...

Corpo enrolado
no chão duro e sujo
para nem perceber o tempo passar
num lento desesperar
de quem já não pode aguentar...

Olhos fechados
para a cabeça adormecer
sem estar envolta em pensamentos
em catadupa
que trazem todos os desesperos do mundo...

Olhos que já viram demasiado
e só querem esquecer,
acordar do lado de lá
sem este mar vazio de gente
que do lado de cá navega sem sentido
numa viagem perdida...

Os sonhos já não cabem
neste céu que deixou de ser imenso
também ele se deixou aprisionar
e com ele levou
as almas que só lhe queriam tocar
na esperança de alcançar
essa liberdade esquecida
num mundo aprisionado
e transformado
em infinito labirinto!

CFV



segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Desculpem..o raio...

Desculpem lá,
se não consigo disfarçar
se não consigo compactuar
nem fazer parte desta parte que me calhou...
Desculpem lá,
se em mim ainda há voz
que levanta quando ouve o gargalhar
do sorriso hipócrita
da fraqueza que fortalece
a cada obediência cega!
Desculpem lá, se não correspondo
se não me adequo...
é que há medidas muito mal medidas!

Simplesmente,
não nasci para ti, ó mundo doente!
Não queiras de mim o que não sabes dar!

As minhas expectativas vão para além
de gentes fracas e dementes!
O "...não vou por aí..."
já há muito que fez sentido por aqui
"... eu sou a que no mundo anda perdida..."
pois recuso-me a um mundo vazio
recuso vestir o que não me serve
recuso aceitar ser o que os outros querem!
Os meus papéis, sou eu que os escolho
a minha vida é por mim definida
as minhas verdades são por mim construídas
e também serão por mim desmentidas!
Porque em mim não há máscaras!

E já agora, desculpem o raio...que vos parta!
mundo de gente
vendida,
pequenina
sem rumo
sem vontade
sem verdade
sem saber lutar
sem saber dar...
gente que chegará ao fim do caminho
sem ter deixado sequer pegadas...
Gente invisível e, no fim, esquecida!
Desculpem-se a vocês próprios
quando olharem para trás
e perceberem que não existiram!

CFV



domingo, 23 de novembro de 2014

Viver ao acaso

Viver num acaso atrás de acaso
sem saber o que virá a seguir
sem fazer caso
até que a vida (por acaso?) faz sentir...

Não será por acaso
o caos ordenado em que se
terá transformado a minha vida?
Afinal, onde quer ela chegar?
Fará caso disso,
ou faz disso um acaso?

Talvez viva apenas porque sim...

É o pensamento que foge
de mim..
É a distância que pesa
sem ter um fim..
É o malfadado quotidiano
que aperta...
É estar onde se queria longe...
E o longe
que nunca mais se faz perto!...

CFV


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Trembling hands

"...So throw me a line
Somebody out there help me
I'm on my own
I'm on my own
Throw me a line
I'm afraid that I have come here
To win you again
With trembling hands..."

"- Foi assim que te imaginaste?
Olha para trás!
Encara esse passado que caminha
todos os dias
e a cada dia
que passa
fica mais longe de ti!..."


Encaro, sim
cortante e impotente
porque a resposta, parece-me evidente
e desfaz o pouco que  ainda há em mim!
Os sonhos, esses,
talvez não tenham sido bem sonhados,
talvez, lá atrás, não tivessem sido definidos...
Um presságio?
Um prenúncio?
Chegaria este dia em que veria
o mapa da minha vida,
quase vazio de lugares comuns?...

Vejo e não sei onde errei,
mas talvez,
direções tomadas
para viagens erradas?...

E agora?
Como preencher os vazios
e redesenhar a alma?
Seria este o tempo
para ter calma?
Adormecer
aconchegada
num sonho descansado?

À minha volta está tudo parado
o mar não geme
a montanha mantém-se
imponente e imóvel
e as estrelas não chegam para
ver o caminho em frente...

Só ficou este frio
que me gela corpo e alma
cortante,
lâminas invisíveis
que me alcançam
imprevisíveis
sem lhes poder fugir...
Vim ter
ao único lugar no mapa
que não me preencheria
e agora nem sei para onde partir!

CFV

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Com dedicatória

Aos meus terapeutas
psicólogo e psiquiatra
que numa tentativa vã
expurgam os meus males
dum quotidiano pesado
numa alma quebrada....

Salvam-me por mais um dia
numa musicalidade indefinida
que me entra ouvidos adentro
e remexe comigo
numa escrita sentida...

Salvam-me
numa tentativa repetida
são a minha única companhia
em noites e dias
perdida...

Ainda assim,
mesmo em vão
é a música que me faz bater o coração
e a escrita que me faz acreditar
que ainda estou viva
e que me posso encontrar!



CFV









domingo, 16 de novembro de 2014

Promessa de um tempo ausente

"Ohhh, the reason I hold on
Ohhh, ‘cause I need this hole gone
Funny you're the broken one but I'm the only one who needed saving
‘Cause when you never see the light, it's hard to know which one of us is caving...

.. i want you to stay..."

Fecho os olhos
ao som do mar que se bate e se enrola
ao longe
numa distância tão
tangível quanto impossível
e no meio esta indefinição
entre mim e ti
entre mim e eu
numa perseguição
que me derruba
me tira
e me devolve 
apenas noites de breu...

Fecho os olhos
ao sabor da música  repetida
que teimosamente
te procura e nos acha
entre versos de desejo
e rimas que rimam 
os nosso sorrisos
numa vontade maior 
que orquestras
e trazem notas 
que fazem o sentido 
cheio de sentidos...
só que agora perdidos...
e promessas cheias
só que agora vazias...


Neste limbo
esqueci me de mim 
porque vivo em ti
nessa distância doente
que me tolhe cada momento
e me obriga
a viver ausente
sempre neste silêncio
aterrador 
e demasiado presente
que não deixa morrer
esta maldita dor...

CFV

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Distante (mente) perto

Sabias que nem toda a distância do mundo
me afasta de ti?
Só morre em mim a pouca luz que me guia...
Ficas sempre, figura imóvel, de sorriso no olhar
de braços cruzados, como que a espreitar...
Sabias que já fechei os olhos, vezes sem conta, 
desde que entraste na minha vida
na esperança de não te precisar
e decidida,
digo de mim para mim, com muita força
que não preciso de ti..., não preciso de ti... não preciso de ti!
Os dias correm, sem parar
o coração bate sem tempo para pensar
e a cabeça ocupada, permanece quieta...
Parece ter dado certo...
penso sem me prolongar no tempo
que talvez já sejas memória,
transformada numa bela história...

E a distância mantém-se, 
mas inesperadamente
a tua figura em forma de sorriso assalta-me...

Mentira, tudo mentira...
eu preciso de ti
diz me cada músculo tenso do meu corpo
materializado no meu olhar
preso ao teu,
a inundar-se e a enrolar-se a cada lágrima!

E é sempre assim
eu já devia saber...
Esfumas-te, mas nunca desapareces,
e voltas forte na minha cabeça
o coração acelera 
e não percebe porque de repente estás ali
como se nunca tivesses saído...
E é sempre assim
eu já devia saber...
E mais uma vez
aproximam-se dias 
taciturnos
fora do que sou
permanentemente em ti...

E como sempre
quando surges assim
subitamente
em forma de pensamento
de alguma forma
chegas até mim...

Estranho prenúncio repetido!

As palavras que me deixas,
vagas
cortantes
acusadoras
deixam- me mais um nó
a borbulhar do estômago ao cérebro
e engulo em seco
mas não passa
porque há mais um nó
que ficou preso na garganta...
Só o coração consegue discernir
porque ainda o fazes sentir...
vira pedra porque tem de te olhar
desta forma tão vazia e injusta
quando já fomos cheios
de vontade
esperança e



quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estilhaço

Estilhaço
em câmara lenta
demorada queda
lento reerguer
amparada por uma rede
de incerteza...
teia frágil
que a cada mergulho se rompe
num gemido
que se solta ainda antes de acontecer...
vai voltar a doer...

Maldito movimento repetido
cada vez mais conhecido,
quando irá cessar?

Fugi sempre de mim...
Em vão...

Aqui estou eu
inteira
desfeita
sou pedaços
mil
vezes mil
e assim dividida,
estou sedenta
sou urgência
preciso de me encontrar!

Sou partida e regressada
e acabo invariavelmente
prostrada
sem estrada
sem fim,
encontro-me
invariavelmente
em mil almas
dispersas e indefinidas,
habito-as e elas vivem por mim
numa vida arrastada e perdida
espalhada ao sabor do vento
e ainda assim aprisionada
a cada palavra errada
a cada rua escura
a cada onda que se desfaz
em espuma
que é tão só
a minha existência
fugidia, cinzenta e no fim...bruma!

Vaivém
imaginário
que me devolve
sempre ao mesmo
ponto
partida
sem saída...
e a cada momento
parece passar uma vida
onde só cresceu
esta emergência longínqua
esta urgência imprecisa
que me constrói e destrói
neste movimento repetido
entranhado de tão conhecido
como que a perpetuar
este ser desfeito
que só se quer reencontrar
reerguer
sem que volte a doer!


CFV




sábado, 8 de novembro de 2014

A falta

Sentir falta sem (te) conhecer
Querer sem (te) saber
Sonhar sem existir(es)
Pensar (te) sem rosto
Amar (te) sem nome
Sentir (te) ao longe
como se fosses 
lado a lado
Precisar(te)
impreciso
toque 
sem toque
dedos 
entrelaçados  
vazios
espaços
sem risos
sem olhares
cruzados...



CFV

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

IRONIAS

Brilhas sempre mais alto
por entre sombras
por entre noites
e num céu imenso
sozinha
perdida
impaciente
sem parar
à espera de encontrar
um mar para sempre
que te envolva
numa onda sentida
que te devolva
mais que espuma
enrolada
mais que breves salpicos
molhados...
escolhes o presente
que seja apenas surpreendente
sem embrulhos e poucos laços ...

Enquanto segues imponente
ao encontro desse mar
vais- te dizendo e convencendo
que será mais que um barulho
ao longe...
Aproximas-te..
na urgência de ficar
na vontade de abraçar
não sabes o tempo que te resta
só que desejas partir...


Ironias dessa vida
que te acolheu
que te escolheu!

Brilhas tímida
e ainda assim
te olham olhos arregalados
encandeados
com ganas de te alcançar...
Foges sem saber
e pairas sem entender
esses olhares
essas vontades
dos outros
a tua é a de seguir
nua e crua
por entre o escuro
que será sempre quem te guia...

Por mais que procures
jamais encontrarás o dia
a luz cega-te
o brilho suportado
só o teu
e ainda assim vais
na esperança de mais
mas tudo o que encontras é o breu..
És alma notívaga...
sofres pela distância
nunca alcançada
suspiras cansada
numa viagem
que será sempre inacabada....

As voltas para ti guardadas
serão sempre
só por ti sonhadas
porque em ti
encerras todo o mundo
que anseias partilhar
porque é tanto
porque é demais
o que te desenha a alma
próprio de quem vê constante
lá do alto...
Mas ainda que não saibas
nasceste para nos iluminar
e fazer de nós
um pouco menos sós!

Fado pesado!

CFV



sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Um lugar para sempre

A mesma música
A paisagem de sempre
e a tua memória assalta-me
o pensamento
faz-me ainda assim sorrir
na solidão da noite que se tornou escura...
sonho imaginado
como real
desejo tido como certo
ânsias de nós tão perto...

Mudou o tempo
acabou o momento
perdeu-se o sentimento?

A música continua
em repeat
a melodia canta igual
e na minha cabeça
soa na mesma...
os cheiros das manhãs também estão lá
e continuam em busca de finais
de tarde laranjas a bater no mar...
e eu continuo cá
com o mesmo para dar
só que agora
faltas tu
faltamos nós
naquele abraço apaziguador
naquele estreito laço só nosso
onde não havia lugar para a dor!
Só dois olhares
que se cruzavam
depois de muito se procurarem
só dois espíritos ardentes
que davam lugar ao corpo
num jogo intenso onde
não havia limites
apenas vontades
cheias de verdades
eram muitos "sim"
pelo menos de mim
para ti...
Éramos um Nós!
Imperfeitos, talvez
e muitas vezes sós,
mas pelo meio a distância
arranjava forma de nos encontrar
e éramos de novo  corpo e muita alma
apressados
ousados
a tentar encontrar a calma
para vivermos nosso momento
intenso
que ali
me parecia um lugar para sempre!
Era só de mim?
Ou éramos mesmo assim?

CFV

https://www.youtube.com/watch?v=07Mm0OFh4vg&spfreload=10

Palavras

Há palavras que matam
numa morte lenta
e num rompante
viram silêncio...
Palavras barulhentas
que confundem e perdem
a verdade
e fica só um som ao longe
e esta ansiedade disforme...
Lentamente engolidas
sobram as memórias
agora sofridas...
os instantes que pareceram felizes
eram afinal, só sonhos impossíveis
palavras de mentirinha
envoltas em jogos de brincadeirinha!...
As palavras são
o meu mundo
o meu aconchego
companhia
de dias intermináveis
calor
quando lá fora geme o frio
o chão
quando caio a pique lá no fundo
mãos 
     com carícia e uma pitada de malícia
  olhos 
        fechados pelo sabor de um toque
   abraço
     apertado
        e o sentido
           de toda a minha vida!


Não as reconheço
quando em vez de melodia
viram silêncio aterrador
ansiedade que só traz dor
memória que aperta o coração
dia após dia!
Não as quero ver
quando aparecem, mesmo ali, à nossa frente
e nos mostram o que não queremos saber...
Não as quero sentir
quando as temos de suportar
em vez de as apreciar
quando são solidão
mesmo ali no meio de uma multidão...
Não tenho que as ouvir
quando são
vagas
desculpas
injustas
e trazem a desistência e não a luta
e arrancam esperança
e devolvem nadas
quando podiam ser tanto!

CFV

OBRIGADA!

E mais uma vez Obrigada!8000 é bom!!




https://www.youtube.com/watch?v=3DGf00VhtAw

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Encontra-me e traz me de volta!

 http://www.guilhermekramer.com/CAVERNA-DOS-ANJOS


São mil as emoções
num só dia...
Rosto fechado
sorriso forçado
num olhar que ainda sonha
mas pequeno..cada vez mais pequeno
numa prisão que aperta por dentro...
Restam pensamentos
que voam... voam...
mas num movimento repetido
voltam vazios...
E depois?
Se nenhum fica o tempo suficiente
numa cabeça que sobrevive
numa constante
ausência doída
de saudades
todos os dias sofrida...

Mãos que ficam mais dormentes
a cada hora que demora
a cada noite que se prolonga
num contar de dias e dias
deitados fora...
A manhã vem sempre cedo demais
num corpo doente
que na recusa  de viver
geme
e na iminência de mais um dia
treme
será uma luta sentida...e perdida!

A luz já não cheira àquela maresia
nem a escuridão me alumia                    
cheia daquela lua calma prata...
De repente ficou vazia
e o que me resta é esta ideia
sem cheiro, sem vida...
ideia lenta que mata
sorrindo numa conspiração calculada
sorriso também ele vago
numa alma sempre errante
mas que agora perdeu o pio
num corpo lânguido
que a cada manhã
num gemido
vagueia...perdido!

CFV



terça-feira, 21 de outubro de 2014

Para quê?

Mil coisas no pensamento
e nem uma palavra sai
para quebrar este silêncio
que me mata!

Em volta o vento
e a montanha,
num vai e vem
que em dias assim
entram casa adentro!

Sinto me sem espaço
as paredes encolhem
e nem uma saída
nem um grito...
Sinto-me diminuir
como se a qualquer momento
fosse deixar de existir...

Faltam as noites prata...
Faltam os dias quentes
e o arco-iris constante
da manhã ao entardecer...

Está tudo a desaparecer...
vivo afogada
em saudades
abraçada
por memórias
que me assaltam
atormentada
por esta história
de que se escreve
a minha vida
numa viagem só de ida
de dias vazios
sem fim
sem sentido
sem vontade
num constante
porquê...
Mas...para quê?

CFV










sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Espuma

Virou espuma
depois de ser onda

Virou bruma
depois de ser raio de sol
salpicado pelo mar

Virou nevoeiro
depois de chuva
de uma noite inteira

Um tanto imenso
que virou um nada

Intenso e promissor
que virou dor

Sorriso que abraçava
como onda de mar
aquecia feito raio de sol
e era chuva copiosa
calmante de fim de tarde

Só ficou o vazio
que encheu o ar de uma maresia
que agora só arde...arde...arde
numa fogueira que parece jamais se apagar

E o quem sabe, talvez um dia
enrolou-se na espuma 
que o desfez
fechou-se no mesmo olhar
que cegou
e nem lutou
desistiu de vez
perdeu-se na bruma
num breu que desceu...desceu...desceu
e o dia virou noite escura
num tic tac sem parar

CFV


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Alma especial

Hoje não precisei de ver a lua
nem de olhar em volta à tua procura...
Ao meu lado
esteve amizade pura...

Do nada
veio uma luz que sorria
num sorriso que virou luz...

Lua
cheia de magia,
alma imensa,
cheia de vida!
Só assim se explica que
a cada manhã de chuva
brilhe, ainda assim,
raios de sol!

Alma que  com calma
cresceu...
Se morreu...
 renasceu...
em raios tamanhos
cheios de ganas!
E agora,
abraça esse mar
num olhar tão longe
que alcança um oceano!
Porque nela só há lugar
para a vontade
cheia de verdade!

É por isso alma grande
capaz de esperar
sem deixar de lutar,
capaz de acreditar
sem deixar de amar,
capaz de doer
e ainda assim se conter
pelo arco-íris da vida
que é sempre colorido
pelos acasos...
E só assim faz todo o sentido!

É uma alma especial
que, sei-o,
lhe está guardado
um destino sem igual!!!

CFV

https://www.youtube.com/watch?v=E4povfmX144&list=RD-cOCmC_m23E&index=2


sábado, 11 de outubro de 2014

Afinal, escrevo para ti

Escrever para ti
é assim uma viagem de corpo e alma
o mundo desaparece
ficamos tu e eu
onde tudo acontece...
Fica só espírito
a divagar entre o teu  e o meu beijo
entre o meu e o teu desejo 
alimento tragado lentamente
ao sabor das nossas mãos,
num aconchego bem de perto, 
onde só se ouve a vontade do coração
transformado numa incontrolável respiração
e é aí que tudo bate certo!

Escrever para ti é afogar-me no teu sorriso 
e respirar em cada palavra dada
no silêncio do teu olhar
é querer dar-te vida num papel
talvez assim possa nunca te perder
e possa haver a esperança de nunca nos acabar!

Teria tanto para te partilhar
um oceano em noites de prata de mim para te dar
era tal que nem imagino um final
seria tão imenso
que não poderia  
deixar de ser
para sempre!

Um para sempre de palavras 
que ainda nem sequer foram inventadas
um sim a construir para a vida
nem que ela durasse uma volta e uma ida...

Só teria que ser inteiro
e verdadeiro,
porque só se escreve para quem nos guarda
o  melhor espaço, 
e mesmo que imperfeito, sabemos, é todo nosso
num abraço feito de vontade
num momento que dure a eternidade...
E um abraço não deixa lugar para o cansaço
ou para a incerteza
e muito menos para a fé que amanhã 
será como se quiser..

Escrever para ti
é ainda percorrer-te 
num todo
imaginar-te numa história de final feliz
e fazer figas para que desse lado
algures sentado, 
a sonhar
ainda acordado
sintas a mesma verdade
e corras atrás 
porque só assim será realidade!

CFV






sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Prisão que sou

Tento olhar de mim para mim
encontro-me aos pedaços
perco-me nessa viagem
e é aí que se vai a coragem...

Quero sair de mim,
e não me encontro
como se a porta se tivesse fechado
como se a luz , de repente
se tivesse apagado...

Quero-me inteira
e não há maneira!
Quero-me olhar
distante
como se outra eu fosse...
mas nesse instante
esvai-se a esperança
e fica a tentativa
numa morte repetida
fico presa a mim... perdida
como se em mim só houvesse escuridão,
um invólucro sem vida
e no lugar do coração
um órgão só explicado pela ciência 
vivo apenas pela razão..

E é só mais uma ironia
desta vida
que dia-a-dia
fica mais fria...

E é só mais uma incerteza
trazida pelo destino,
certo de que nasci 
para morrer assim
em mim, 
dentro de mim,
numa prisão para sempre
a morrer aos pedaços
neste pedaço que de mim restou,
num constante refúgio
que volta meia volta 
me leva ao mesmo lugar,
escuro, profundo 
e me põe a pensar
que um dia destes
deixo-me ficar quietinha,
sem sequer tentar lutar 
por mais uma lufada
até não sentir mais nada
até me faltar o ar!

CFV

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Outubro a cobrir-se de Outono

É Outubro
a cobrir-se de Outono:
cai este manto vermelho escuro 
e uma pincelada amarela, 
aqui e ali...
cai o dia cansado,
esconde o que de verde
resta
com a noite que chega e aconchega 
mais fresca!

Que seja outono lá fora e cá dentro
que traga a brisa calma
e que as folhas pintem o meu chão...
que caia o verão
da minha alma
e que traga paz ...
que seja tempo de sabedoria
este outono do meu dia a dia!

CFV


sábado, 4 de outubro de 2014

Todas as palavras chamam pelo teu Nome...

Resta esta tristeza que não consegue esconder-se...
Ficou um olhar perdido no tempo e no espaço,
permanece uma saudade incontrolável
a par com esta vontade de ti...de nós...

E agora? O que faço?

Neste tempo de mil incertezas e de pouca fé
faltas-me e falta-me essa tua voz,
era nela que sonhava embalar-me
num para sempre de noites cansadas
após mil lutas travadas
e outras mil perdidas...

Agora?
Ficou este vazio de ti e de nós...
e nestes dias de alvoroço
restam-me noites a fio e a sós!

E agora?
Se o sono não me traz descanso
e os dias me cansam
só de saber que é
mais um
menos um
em que não estás, em que não estamos!

Agora,
restas- me tu em tudo o que faço,
resta-me um nós que me consome
porque certamente ficou lá trás
e tudo em mim chama por ti
e todas as palavras chamam pelo teu Nome...

https://www.youtube.com/watch?v=JS8m44KjGGU&index=9&list=AL94UKMTqg-9D35TDOhaaAG5iWVQq6XmKV

CFV









segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O (im)possível

Sim, luto...até ao fim!
Não, não vou desistir antes do fim!
Mesmo que me digam
que não vai dar em nada
e não pode ser assim...
Mesmo que me queiram
assustar
e diminuir
eu sei qual é a minha causa
eu sei que o tenho de seguir!

Sim! dou a cara... sempre!
Não! não sou de ficar agachada...nunca!
E se isso ainda assim não valer de nada
saio de cabeça erguida
e de alma limpa!
Porque lutei do lado da razão
porque não me deixei vencer
pelo medo que, esse sim, é que traz o bicho papão...

Luta perdida?
Não é luta se se fica pelo caminho
ou a assistir de camarote
ou se opta ficar escondido
ou mesmo à espreita numa esquina!

Em mim ecoa
a justiça
e a transparência
não há lugar para tendências
porque esta luta que há em mim
é permanente
e sei que no fim
ganho
porque saio mais Mulher
e melhor Pessoa!

CFV

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A nossa luta...continua!

Nos últimos dias a vida deu uma reviravolta!...
De repente, eu e muitos como eu, ficámos sem chão...puxaram-nos o tapete com tanta maldade que não houve tempo para nos segurarmos! Caímos de cara, sim... tombámos, quebrámos alguns ossos e numa primeira reação, os sonhos pareciam desfeitos...

Muitos de nós saímos há algum tempo das nossas terras! Viemos para esta Ilha, com malas cheias de curiosidade feitas de certezas...afinal estávamos a construir o nosso futuro, de gente adulta que corre pelo que pode parecer tão básico, o trabalho, pelo qual estudámos e sonhámos! Éramos professores nesta terra que passou a ser nossa também, por muitos motivos!

Eu, particularmente, já vivi diversos sentimentos nesta Pérola do Oceano Atlântico...
No início não me dei a conhecer nem quis ganhar grandes raízes por cá... porque sei o quanto é difícil uma despedida, sei o que dói um até já, quanto mais um adeus...
Mas de nada me valeu... ganhei, não só raízes e GRANDES, GRANDES amizades, como muito AMOR à terra que tão bem me acolheu!
Assim, sem me dar conta, tornei-me uma Continental Madeirense e senti-me gente da terra porque esta terra se entranhou em mim...
A cada vinda de férias, custava fazer malas e deixar os amigos e família do lado de lá,  para trás, longe, envoltos em mais uns meses de separação e saudade...
Mas ultimamente, devo confessar que a vontade de regressar falava alto, a saudade deste mar era uma realidade cada vez mais presente!

Voltei, cheia de alegria e mal pus o pé nesta Ilha, a sensação de ter chegado a casa percorria-me como sangue que fervilha pelas veias, como batida que, essa sim, fazia bater o meu coração e me dava vida...e que boa foi essa emoção!
Agora, por cá, na CASA que me adotou, depois desta reviravolta que a vida nos proporcionou, naqueles instantes em que páro e dou por mim nos lugares de sempre...mas agora numa angústia que me embrulha o estômago...
Sigo os caminhos que se tornaram meus conhecidos, as mesmas paisagens...sempre deslumbrantes...,mas agora de olhar turvado porque do nada, cai uma lágrima enrolada..

E de coração apertado assalta-me um pensamento devastador: esta terra que se tornou a minha casa pode se tornar mais um percurso do passado... mais uma saudade, mais uma despedida e mais uma dor!...

Nos cafés de sempre, sento-me com amigos, uns velhos, outros novos, uns já são família e outros conhecidos, sei que ali mesmo já fui mulher de sorriso seguro e realizada ... mas agora há, esta incerteza dura que me balança por dentro, desde as entranhas ao âmago da alma que perdeu a calma!
Onde já sorri de peito aberto, dou por mim de cara fechada... e na garganta aparece um nó de medo que muito tem apaziguado com a ajuda destes novos amigos, companheiros na caminhada da vida e de mais uma luta...

E assim, sem estar sozinha corre e teço este fiozinho de esperança que, baixinho, vai crescendo... e só assim, no fim do dia, quando regresso a casa, ainda de caixas por abrir, com a sensação de missão cumprida, não me sinto tão perdida...
E devagarinho, até consigo ver o chão, aquele que, de rompante, alguém fez desaparecer...
E  agora, a altas horas, já consigo adormecer, porque nem o cansaço me vencia, tanto era o medo que sentia...já fecho os olhos e fica comigo um sentimento que paira cada vez mais real de que, apesar de tamanha injustiça, desta vez, a diferença e a verdade ganharão e que nada mais será igual!



CFV




terça-feira, 23 de setembro de 2014

A nossa luta

Quebrados
mas nunca dobrados!

Amanhã e sempre
levantamo-nos,
colamos os mil pedaços
e lutamos!

Amanhã e até ao fim
faremos a justiça
será o tempo de construir 
os sonhos que nos querem destruir!

O futuro a nós pertence
é tempo de o agarrar
porque somos gente valente
e só gente assim,
sem medo,
pode vencer e derrubar 
os figurões que não passam de aldrabões
vestidos de bichos papões...

Que venham eles
porque amanhã
nunca é o dia de desistir!
O amanhá será, sim
e sempre tempo de
resistir
persistir
sem nunca, nunca
deixar de sonhar
até ser de novo nosso 
o que nos querem roubar!

CFV





domingo, 21 de setembro de 2014

Desculpas

Não caibo neste mundo...
ele já nem entra em mim...
Acho que somos demasiado fechados 
um com o outro...
E é neste emaranhado que vivo!

Será esta a prisão que me resta?
Um mundo perdido de ideias 
sem ideais...
Somos um bando de fracos 
em todas as horas que 
suspiramos 
irritamos
e ainda assim somos apenas uns conformados
que só sabem dizer ais!
Imaginamos
sonhos 
mas sempre para depois...
Criamos 
só o que nos serve para já
pequenos desejos que não são mais 
do que vontades 
de outros
num mundo cada vez mais igual e desleal... 
Os outros
é que ditam o que é certo e errado?
e dizemos sim...conformados?...

Um mundo à medida de uns para servir aos outros... 
Não caibo em mim de frustrações
e mil ilusões...

Peço desculpa mas o mundo devia caber em mim e eu nele
Peço desculpa mas só as derrotas trazem vitórias
Peço desculpa  mas ainda quero um mundo 
onde há lugar para lutas!

CFV


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Desabafo

Malas meias feitas
cheias de incertezas
de tudo ou nada
porque se tornou este o nosso fado...

Já não é só deixar para trás
um pedaço de nós
Já não é só deixá-los um pouco mais sós
e partir com essa dor
que escondemos entre abraços apertados
e lágrimas contidas ...
uma força que se esvai
a cada até já, passa depressa...
e assim vamos nós perdidos ...

Não basta já esta leva de partidas
que nos quebram a alma
e a cada ida o vazio
que paira até à volta...

E volta meia volta
as malas meias feitas
e cada vez mais desfeitas
de sonhos e menos fé...

Já não bastaria
esta correria
entre o cá e o lá?
entre o que somos e o que temos?
entre o nosso e o que seremos?

Corremos uma vez mais
mas agora neste desrespeito total
numa incerteza sem igual...
Somos meros PALHAÇOS numa luta desigual!

CFV


sábado, 13 de setembro de 2014

...

E sempre que sai o"não temos nada"
morre um pouco de mim
perde-se o pouco e o muito que me move
Porque podíamos ser tanto
porque te quero em tudo
sem querer
porque te preciso em cada nada da minha vida
sem perceber
porque me és tudo
tudo o que faz sentido
e longe ou perto ainda és o meu sorriso!

"Não temos nada" sussurro...
talvez não ouças ou não percebas...
ou então,
talvez me grites de volta
"não temos nada????!!!"
assim, numa interrogação indignada...
(desejo mais real e intimista que em mim grita a cada
orgulhoso e medroso "não temos nada"...)

E fica a tua voz a soar na minha cabeça
a fazer bater a saudade!
E fecho os olhos
para poder respirar!
Ouço as batidas de um coração já sem vontade...

Morre sempre um pedaço de mim
quando tenho que te falar assim...
E quando só te queria por perto
tu estás em lugar incerto...
Morre esta alma que desespera
quando só sabe viver à tua espera...

CFV



segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Em mim

O que mais recordo?

Os teus lábios molhados que procuravam os meus
Os teus lábios sedentos bem perto dos meus
O teu sabor que explodia dentro da minha boca
E o teu olhar...
O teu olhar que só de lembrar
me deixa louca...
Olhos cor de avelã
redondos
acolhedores
quentes
olhos que trazem a calma
e as cores de outonos!
Era assim que entravam em mim
como um abraço ou um afago
deitada no teu regaço...
E sentia-me tua
eterna e segura!

Recordo...

O tempo que corria e desaparecia
e sempre que nos juntava também nos separava...
O tempo que nos apanhava numa breve felicidade
e nos largava numa solidão só, a tua e a minha...
O tempo que demorava a ser nosso
e quando nos encontrava fugia
transformava-se em instante
e rapidamente nos fazia distantes...

Carrego-te em mim desde aí
entranhaste-te em mim desde então
Ficou-me este sabor de ti
e aquele tempo é o que me faz bater o coração!



CFV

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Confesso!

E ainda do lado de cá
o mundo encontra-se suspenso
a vida corre lenta
o tempo parece parado
e até o vento sopra desconfiado...

Desta vez 
há uma vontade nova
uma inquietação profunda
que me põe à prova
o meu cá ficou lá
o meu lá trouxe-o comigo para cá...

Parece confuso
mas no fundo
é simples:
lá no fim de tudo
no meio do nada
está aquela que me chama
como minha casa...

Em mim passou a morar
um oceano imenso
que calmo e intenso
banha os pés 
a uma montanha imponente!

E assim cresceu este jardim
que foi entrando em mim
ora em dias solarengos e perfumados
ora em noites embriagadas 
por essa luz prata 
que me faz cada vez mais falta!

E lentamente fui invadida 
por esta saudade...
E foi sendo realidade
um querer voltar para aquela 
que me acolheu como sua...

Do lado de cá, na distância 
contemplo- a, através da lua
como que à espera de a ver 
entre picos e ondas - prata
entre rostos conhecidos e sorrisos amigos...
Tornaste-te tanto minha como eu tua
e agora é esta disputa:
o cá que é cada vez mais lá
e o lá que é cada vez mais cá...

Que luta!

CFV





quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Paz de alma

Paira em mim uma
serenidade invulgar
um fim de tarde calmo
que me inquieta a alma...

É que não há em mim
lugar para esta paz
sei que há-de chegar o seu fim...

E irrita me...
já a posso ouvir
que não sou assim
que é preciso expulsá-la
ou estilhaçá-la em mil
que aqui dentro
só mora o barulho dos porquês
que mudos só os gritos
de quem não sabe viver
a não ser
a errar de tanto querer!

O meu olhar não se acalma
desde que paira
em mim
esta irrequieta
paz de alma...
desconfia
procura
em todo o lado
o seu fim ...

Mas que raiva!
Só pode ser engano,
um sórdido plano...
para me matar de tédio
deixar-me presa de inércia
de olhar parado
a morrer de serenidade!

Que ironia seria esta!!!
Uma alma de
sempre
sedenta
sôfrega
insaciável
a correr
cheia de pressa
para não morrer
sem viver cada segundo
como se fosse o último...

Ia lá agora falecer de calma!...

Não!
Não há paciência!
Este pobre coração...
Ele precisa de bater
ao som da incerteza
ao ritmo da vida...
E já sussurra,
já o posso ouvir
que assim não pode ser
que há muito que conhecer
e muito mais para sentir...

CFV





quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Abraço

Amo-te!
Amo-te com todas  as minhas forças!
Preciso de ti como de abraços…
E tu sabes o que me significam os abraços...
Tu sabes que são assim, uma droga para mim...
Amo-te na distância e és constante em meu pensamento
amo-te mais ainda nos instantes que estou contigo... 
Mas, ai! Que martírio!
Nunca te abraço...eu quero…mas não posso
só a ideia me deixa zonza...
E fujo de mim e de ti... 

Desculpa, meu amor...
não sei como nem porquê
se não vivo sem braços enrolados aos meus
se não vivo um dia só sem sentir o aperto de dois corpos que se querem 
que só assim sabem o que é falar...porque não te consigo eu abraçar?

Mas não te abraço...nunca te abraço... não posso, entendes?
E fazem-me tanta falta, os teus braços...
Sinto, sei, que são a minha razão de viver
porque é por ti que espero e desespero
a contar as horas do dia que teimam em não passar
e nem imagino o que seja não te ver...
E em todos os lugares é o teu beijo que me faz suspirar 
mas meu amor, não consigo,
não posso sequer imaginar
que te posso vir a abraçar...
Achas que me podes perdoar? 


CFV

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Espera...

https://www.youtube.com/watch?v=hgG2rljJqH4&list=AL94UKMTqg-9CZrBwDdTBxNt_nAR-ZAKux

Sempre que aperta o coração
e o pensamento não tem mais para onde ir
lá me deixo vencer e vou -te procurar
só para te ver sorrir...

Não sei como me tomaste assim
foi de assalto
deixaste -me desarmada
de coração na mão
e agora grito por ti bem alto...
Não me ouves?
Não me encontras em ti?
Não me sentes percorrer-te
sorver-te, lentamente,
num beijo imenso que, sôfrego,
precisa de cada centímetro
desse teu sorriso irresistível?
Não me ouves chegar sempre de mansinho,
na esperança de sermos um só abraço,
que, devagarinho,
durasse eterno?

Eu ia jurar que todas as noites
te encontro à minha espera,
de sorriso aberto,
olhos fechados
certo,
que chegarão sempre as minhas mãos
cheias deste meu coração...
E como que to entrego
a cada toque
a cada carícia
E como que se perdem na suavidade ´
dessa tua pele
que se esconde
sempre cheirosa...

Eu ia jurar que todas as manhãs
te procuro e te beijo como se fosse
ao mesmo tempo o primeiro
e o último...
e é esse beijo que guardo
para mim, assim,
num pranto,
porque sei que
aquelas manhãs e noites têm um fim...

CFV

sábado, 16 de agosto de 2014

Não vai dar



Aquele momento em que se odeia tudo
aquele instante em que sobretudo e sobre todos
te marca o peito com um odeio o mundo...
aquela hora... que demora
e tudo o que fica,
são as lágrimas a cair
o medo de persistir
e a questão aterradora,
se não temos connosco a razão...
só porque não era nada daquilo que queriamos
e muito menos o que gostariamos...

Aquele segundo que muda tudo
e quando se olha
há a desilusão
a traição
e.... que irritação!!!

É preciso mudar?
É preciso repensar?
é preciso renascer?
É preciso morrer?
Não vai dar...

Não sei ser mais ninguém
não sei ver com os olhos de outro alguém
nem sei pensar com as ideias de quem quer...
Que seja para perder
mas no meu peito bate este coração até morrer!!!

Não é para gostar
não é para agradar
não é para parar
nem é para, simplesmente, estar!

Não!
É para sair a matar
é para morrer a tentar
é para sempre
é para quem aguente!

CFV


Um basta

É fundamental encontrar o mundo do avesso
nem que para isso se dê um murro na mesa para dizer basta!
Basta de tanta gente metida a besta
e chega de tanta gente que se esconde...fraca!

É fundamental que haja, a cada esquina,
novamente, um amigo
que partilhe esta mesma vontade!

Gente, de verdade
que siga em frente...sempre
nesta urgência de virar o mundo!

E às avessas
renascer do nada
persistir...resistir
mesmo no meio da escuridão!

É fundamental virar o mundo do avesso
para construirmos um mundo sem preço
onde só há lugar para o coração!


CFV

sábado, 9 de agosto de 2014

A volta do faz de conta...

quero -me de volta
em ti
quero-te em mim
voltas?

quero o meu sorriso
de volta ao meu pensamento
sempre que por lá nos encontro
entre conversas e desejos
olhares e beijos...

quero- me de volta
sem te ter em conta
porque simplesmente estás lá
porque naturalmente estás cá
sem qualquer jogo do faz de conta.

quero-me de volta
em ti
quero-te em mim
de volta
quero-nos assim
no mesmo abraço
no mesmo pedaço
no mesmo tempo
pois...se já foi nosso
porque não voltar a ontem?

se tomaste conta de  mim
se o meu mundo é teu
se assim, sem ti
os meus dias parecem mentira
e as minhas noites perdidas...

porque estás de saída?

CFV
https://www.youtube.com/watch?v=F0pgJFh0caQ&list=UUO5xX8qbM0Xgbk42kYqddtQ&index=4

Poema de uma vida

Noventa anos em memórias e uma imensidade de histórias:
sempre afogadas nesta coisa da emoção
pois foi na garganta que bateu sempre o coração
e o peito, esse, deu lugar a um rio de ilusão...
mas, tantas e tantas vezes, tentado pela razão!

Hoje olho para esta vida ,bem vivida,
que mais longa seria se em luas fosse medida!
Agora, vista daqui... parece-me bem pequenina
só um par de dias de mil lutas ganhas e perdidas...

Sempre sem arrependimentos...
Ou talvez já tenham caído em esquecimentos...

Ainda há pouco o sol brilhava,
mortinho por se banhar no mar,
e a lua veio-me, novamente, visitar!
E sempre como se fosse a derradeira
parei o tempo com vontade que fosse de vez....
E sempre como se fosse a primeira
inspirei fundo e depois...
uma e outra vez,
de olhos bem abertos
e certos
que em mim,
estão noventa anos
de inícios e fins...
E sei que, dentro de mim,
persiste esta vontade de menina:
viver...
eterna...
ir muito para além de morrer!...

CFV


Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...