sábado, 5 de dezembro de 2015

Agridoce

O coração bate incerto
numa alma dividida
decidida
sem coragem...

Momentos simples
que transformam
decisões irrevogáveis
que te deixam assoberbada
de coração na boca
e de mãos apertadas,
uma na outra
num impasse ridículo..


Será?
Estará tudo escrito??

Assaltam os pensamentos
sem saber
sem entender
se era aqui que
tinha de estar
se seria aqui
desde sempre
o lugar!

O que deveria ser só um clique
passou a dor imensa
com a saudade
a distância
e os porquês
que continuam
sem resposta
num ser que já não sabe
o que é viver inteiro!

CFV

domingo, 22 de novembro de 2015

Desengano

Desengano
destino de sempre...
E por mais ruas que percorra,
o diferente acabará sempre igual...

Desespero 
a única palavra real
para quem respira
sufocada em medo...

Perdida
num labirinto tal
que o instinto
é só fatal
para o juízo!

Vive
quem tem calma
Morre
quem tem alma 
inquieta
renasce 
incerta
a cada suspiro
de quem sempre vai sentir
este desengano tamanho!

CFV


 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Fins de tarde

São sonhos
que queimam
os olhares
que congelam
o momento...

Instante
que muda tudo...

E sem parar
a vida voa
num impulso picado
a rasar o sol e a lua
numa aproximação
impossível
tornada real
pela imaginação...

Feita de castelos de areia
e de fins de tarde a escaldar
e de uma vontade indefinida
de juntar
a pele e o mar
num sentido só
num misto
de medos e ousadias
guardados e perdidos
num sem fim de mundo
que teimam, agora, em acordar!

Respira fundo e descompassado,
coração imprevisível,
volta à vida que já sabes, incerta
certo de que a viverás
sempre
em manhãs submersas
em noites fugazes
e que a ti, só pode pertencer o luar
quando, caprichoso, decidir brilhar!

CFV




quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Sombras

É a sombra
que paira
no céu mais azul 
que brilha 
entre a brisa mais fresca...
tão fresca ...
de fechar os olhos 
e sentir tudo...
tudo o que haveria de vir
e nem aí vimos o escuro 
que já aparecia
que se entranhava na pele
e nos respirava em cada poro
e nos suspirava inquieto
entre flashes 
enganadores
sufocantes 
de sabor a fel...
Não vimos que só nos tirava o fôlego
que só nos cegava a calma 
lentamente
e um pouco mais 
e um pouco menos 
de nós
num crescendo de sombras
que nos escondem a alma
deixando-nos um pouco mais
sós
num eterno movimento
de esperanças e dores
num jogo pérfido
de sombras vivas
que matam
os últimos brilhos 
que nos levam os últimos raios de luz
numa despedida previsível 
mas que ainda assim julgávamos impossível...
E o sol que nos abandonava quase secretamente
e um céu que nos levava o azul e o quente
e o fim
de cada dia
que não passou de mais uma promessa perdida
e o fim
previamente anunciado
a cada manhã...
Sobrou apenas o invólucro
que nos reveste o escuro de que sempre fomos feitos:
seres imaginados
a querer  mais quando tinhamos de sobra
seres imperfeitos
a desejar o que nunca foi para nós
o amanhã quando não vivemos o hoje!
E quando desejámos que fosse Tudo
só corríamos atrás do Nada!
E quando sonhámos
e voltámos a sonhar,
de tanto sonhar 
pareceu tão real...
mas o brilho do escuro já estava lá
vestido de quente e azul fresco!


CFV

Petição ao coração

Vale mais nunca esperar
Vale mais nunca querer
Para quê?
Vale mais não esperar...
Acabar
antes de começar
Adormecer 
antes de sonhar
Querer
só a chuva
Quem precisa do céu estrelado?

Vale mais nunca ter imaginado
O sempre que será sempre nunca
O agora
que nunca chega
e o amanhã
que sempre traz tristeza!

Vale tudo
Menos desejar
a incerteza
o friozinho na barriga
o brilho no olhar...
É acabar tudo
antes que tudo vire castigo!

O tempo pode simplesmente ser o nosso pior inimigo!

CFV


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O JOGO DA ESPERA

É como sereia louca e enganadora
com promessas de amores
que crescem na alma
até que a boca já não se cala!

É como corpo escorregadio
que te escapa
contorcido
numa perseguição
sentida
pelo que a boca disse
à alma sedenta
de acreditar
mesmo sem ver...

É o sonho que te veste
e a realidade que te desnuda
no jogo da expectativa
aquele que, tanto à partida
como à chegada
nunca tem vencedores...
nos desamores
o labirinto faz-nos
perdidos,
cegos,
sem nos sabermos desde sempre vencidos!

CFV








segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Será do dia que vira noite

Será do dia que vira noite
ou do sol que vira chuva
que a vida é insegura
e a morte uma certeza
que nos embala
a vontade de errar!

E ainda assim
sem nunca deixar de tentar!

Até que a morte nos separe
desta contradição que é viver
e nos pare, sim,
mas sem nunca nos vencer!...

E assim nunca haverá fim
nem noite
a escurecer o dia
nem sol
feito em nuvens
feitas das dores do mundo
desfeitas em chuvas!

Não haverá medo do erro
porque em cada peito
os amores e os desamores
serão o erro delicioso
de uma certeza que nos embala,
viver é o pouco que nos aquece a alma!

CFV











quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O tudo ou nada que se foi...

A pior coisa é não saber
ou será desconfiar?
Esta certeza vestida de dúvidas
que o olhar disfarça...

A razão sem precisar
o que o coração não ultrapassa!

A pior coisa é ter sem poder
alcançar
o querer muito
esquecer
o que voou da mão
numa certeza
do que já se foi
do que já se teve
e nunca se agarrou!

E quando tudo é agora ou nada
a melhor coisa é deixar ir
a cada volta
a mil idas
voar atrás
vestir uma segunda pele
feita da incerteza
numa tentativa
de deixar crescer
o que ainda há-de ser!

CFV





quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A Morte da Criação

Morreste-me
nas mãos
e levaste contigo
a essência
que era minha!

Percorreste- me
moribunda:
primeiro
pelos braços
dormentes
depois certeira
engoliste-me o chão
caíste comigo
numa estranha escuridão
e nela o teu abraço
desse manto frio
tão teu, só teu...
até que me
perdeste de mim
até que me
deixaste sem mãos
que me caibam nestes braços
que impiedosa
arrancaste de mim...
e numa morte lenta
transformaste -me a alma
sedenta
num labirinto
onde nunca se vê o fim...
ainda hoje a procuro
nesse teu e só teu breu...
ainda hoje a eternizo
em tentativas
vazias de qualquer razão
em sonhos que vêm e vão!

Desconfio
que também a levaste de mim!

CFV

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

(Des)Humanidades

De dentro de mim
sai por aí
este monstro que me habita...

Cresce e grita
a cada palavra cruel
desdita com sabor a fel...

Dobra-me em esquinas
com a força de quem desatina!!

Desdobra-se a cada lágrima
que vai virando oceano de dor
e  ali fica num ondular,
a fazer crescer o monstro que
não pára de gritar!

Leva o que resta de mim
por essas ruas sem fé!!

Abraça-me prisioneira
por esse mundo
despido de alma
e devolve-me ao escuro...

Talvez para que eu não o possa ver!!!

Dentro de mim
sou mil
e a cada anoitecer
habita-me este monstro
desumano e perdido
que cresce e grita
num escuro sem fim!

CFV

sábado, 5 de setembro de 2015

A vida num pé coxinho

Reconheço cada vez menos
a sociedade que vejo
quero, cada vez mais, ser invisível
e fugir a tudo o que me vê!

Percebo cada dia menos,
o mundo que me rodeia
e fico enjoada
de tantos rodopios...

Saturada desta roda viva
que me corrói
numa morte lenta...

Todos me veem
todos me acham
como um livro aberto...

Mas que sabes tu
se nem eu me sei?
Mas que me achas tu
se nunca me encontrei?

As certezas dos outros
são os meus ceticismos...
olham-me e falam-me
como se a vida de todos
fosse uma linha reta
com o mesmo peso e medida
em que é já ali a saída...

Mas que sabem os outros
das escuridões que me cercam
das pedras que me tropeçam
ou dos mil silêncios
que, do nada, me assaltam
sem que a curva o pudesse prever?

Que sabem eles
do que é viver,
assim,
nesta incerteza
do próximo passo?
Se já neste,
a perna quase cedeu,
porque o cansaço tremeu
numas pernas bambas
do medo que cresceu
por cima do sonho...

E só,
vejo-me tantas e tantas vezes,
no meio do nada
num caminho de areias movediças
que me prendem a cada tentativa
de perceber e ver o que os outros
tão certos, me querem fazer crer...

Só que não!
Mas nada!
Mantém-te calado!

A tua medida
não é nem nunca será a minha...

Que eu fui feita
em noite de vendaval,
quando nasci
fiquei aí
perdida,
espalhada
em pedaços feitos de lua
cresci, imprevisível
num vai e vem
de sabor a maré
ora vazia, ora cheia...

A minha vida é assim,
ora caminha, ora corre,
ora brinca ao pé coxinho
numa infância perdida
que tropeça
numa linha
que, jamais, será reta
mas, sempre,
imprecisa até ao fim...
e só no fim
é que me tornarei visível
na alma de quem me quis,
mais do que ver, ler!


CFV











terça-feira, 1 de setembro de 2015

Dia nacional do Professor contratado DESEMPREGADO!





Os posts repetem-se com mensagens de esperança para este mês de setembro que agora começa...
No entanto, o coração de milhares estão hoje apertadinhos...a fé é diminuta e o sentimento de revolta está empregnado no ar...como suor que te faz sentir o corpo a colar!

Ser professor contratado é isto, a cada 1 de setembro... é só o dia mais negro de todos... e apesar do movimento repetido, engane-se quem pensa que há habituação ou que se passa por isto com uma leveza costumeira... não!
Dói sempre mais! A falta de respeito por esta classe tornou-se viral, comum e aceite e, infelizmente, muitas vezes começa de dentro para fora!

Este dia traz sempre à memória, a precariedade e instabilidade de milhares que, como eu, escolheram ser professores, porque, como eu, é na sala de aula que nos realizamos! (Às vezes até parece crime dizer que somos apaixonados pelo ensino... dizemos cada vez mais a medo...como se fosse blasfémia...)
Este dia cai-nos em cima e traz-nos para uma realidade cortante de um sistema que precisa de nós mas que nos descarta sem dó nem piedade, ao som do dinheiro que tilinta nos bolsos cheios destes políticos que fazem uma carreira apenas, a dos interesses/lobbies!

Foi, sim, uma escolha minha, mas não escolhi ano após ano ganhar mais instabilidade, ficar cada vez menos segura do futuro que me espera ao sabor de quem corta e poupa para pagar campanhas políticas, bancos falidos e buracos ditos de uma crise, que me parece cada vez mais oportunista e oportuna para uns quantos!

Foi, sim, uma escolha minha que me levou a largar tudo à procura do sonho a 1000 km de distância, numa ilha que me entranhou e que eu entranhei, da qual baterão para sempre as saudades...
Mas a saudade tornou-se realmente a única constância na minha vida! Longe da família e dos amigos e a viver das memórias que me viram crescer e que, em tantas solidões me afogaram em mares longínquos que simplesmente não consegui vencer... E foi, sim uma escolha, minha, que fiz sem arrependimentos!
Já o que veio com ela é que soa a ofensivo!
Ano após ano, o sistema precisa de mim, só que não é a 1 de setembro... é quando for!
Aguenta coração, que a tua vez há-de chegar e aí, ainda és obrigado a sentires-te abençoado!

Setembro, podes muito bem ser riscado do ano letivo, ouviste? Não fazes cá falta nenhuma, sabes?
Só cá estás para seres uma voz dentro de cada um de nós, reles contratados, a lembrar-nos dos medos de ano após ano, por ti multiplicados...

CFV

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sem Sentido

Desilusão
que vai pintando.
aqui e ali, um caminho
curvilíneo,
que estreita,
a cada pedra no sapato,
que me empurra para trás,
a cada passo,
num abismo
que se ouve ao longe...

Chama o uivo dormente
como o canto de sereia enganadora
num desconhecido que soa a escuro...

E mesmo, quando, a meio,
trilho o arco-íris
entre nuvens que raiam a luz,
dói e cega,
seca esperanças
e ao mesmo tempo
cresce em desejos,
num azul sereia
enganador...

Resta trilhar a
tempestade
e a dor
numa solidão familiar
dura de abraçar!

CFV

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Luas improváveis

Não sabes nada,
não penses!
Não descobriste nada,
não te enganes!
Porque nada 
é linear!
Porque não existe
o absoluto  na vida
e a única linha reta é
a dúvida constante,
o questionamento inquietante!

Olha!
hoje a lua brilha
redonda
definida...
impossível
não olhar
impossível de ali estar
porque à volta há todo um céu
de nuvens a pairar
sem estrelas
sequer a espreitar
sem brechas que te possam dizer
que amanhã haverá sol por lá a brilhar...
e no entanto
ela, ali está,
a inspirar
a acompanhar
e a derrubar
todas as probabilidades!

Lembrei me de ti
que não é mais do que me lembrar,
sem esquecer, toda uma humanidade
que se esquece,
teimosamente,
que a vida tem
muitas surpresas para dar...
que no meio do nada
pode haver tudo,
que pela escuridão
pode existir,
tal como o próprio verbo transmite,
vida...
e, se ainda não chegar, 
poderá também haver uma luz
desmedida
num luar
que jamais faria crer
pelas certezas ou pelas dúvidas...
e é aí que tens de te olhar
a ti, neste único luar que, 
para sempre.
haverão questões
mas que, 
sempre que assim queiras ver,
serão elas que nos farão
levantar
e continuar
e acreditar
no que te quiseram fazer crer 
como impossível...
É mentira!!
Olha-a a brilhar
no breu de uma noite improvável!
Basta querer
e ver
e ser
sem perderes o propósito
que nos fez vir aqui bater...

Não registo esta lua
numa fotografia merecida
em que,
contra todas as nuvens ,
ela ali está, a brilhar
só para quem quis olhar
e perceber
que há mais
mesmo que esteja escondido
em improbabilidades vencidas,
num mundo que mais não é
do que o que convém
tantas vezes ser perdido!

CFV

terça-feira, 21 de julho de 2015

Até já

Um até já
dói menos ao dizer
mas arrepia
no olhar que não quer ver
e fica este friozinho
a tremer
de peito feito
numa dor de tamanho igual!

A mão que não quer dar o braço a torcer
a lágrima que luta para não se desprender
naquele abraço sentido
de um até já,
num fio de voz...perdido
a deixar escapar o que soa a despedida!

Porque o tempo é lento
entre gente que mora cá dentro!

É a fugir e a fingir
o que se sente
que a vida vai por aí
e é aí que seremos para sempre!

CFV





quinta-feira, 16 de julho de 2015

Dream on Girl

És a rapariga para amar?
Dream Catcher Tattoo On Girl Thighou és feita para sonhar?
Moram em ti flocos de nuvens
que te levam saltinho a saltinho à lua?

Quem vai contigo?
quem te faz descer num flutuar
seguro até te sentires no mundo?
E cabes tu e os teus sonhos e de quem mais queiras?

Que queres tu?
Sonhar para seres sonho,
Amar para seres amor,
Sonhada para seres lembrada,
Amada para seres nuvens,
floco a floco,
numa subida que acaba em estrelas e luas?...

Sonhas o luar
e esqueces os raios de sol?...
Não te queres queimar...
Preferes a sombra
da noite a brilhar
onde o escuro que escolhes
dá para te esconderes
e esperar
que possas ser rapariga também para amar...

És rapariga de sonho
de tão sonhadora que és?

CFV


terça-feira, 7 de julho de 2015

Cliché

Um dia
um dia
e tudo fará sentido!

E entre lá e o cá?
É que para já 
resta este tempo presente
que vive sedento
do que virá
pela incerteza 
que nada mais traz
do que o medo
e o cliché
tão gasto
quanto intenso...
e por cá tudo vai parecendo
uma história imensa
vivida e repetida
tantas quantas vezes acordas e te deitas...

Amanhã é outro dia...

Apetece gritar 
bem perto da cabeça de quem tal profere
AAAAHHHHH!
Até rebentar em mil pedaços
e ficar só o olhar 
de quem finalmente percebe
que amanhã não vai haver dia
só noite...
como sempre
num
movimento 
repetido
que nos corrói a mente
e só apetece lutar
sem forças
sem braços
sem argumentos
para provar 
que tudo faz,
tudo menos sentido,
que amanhã é mais do mesmo
num lento e triste cliché
porque também é isso 
este tormento 
que tantas vezes é viver!

CFV

Sem Lua

O tal olhar
muito meu
muito teu
que vai passeando ´
pelo mesmo lugar
de sempre...
pousando aqui e ali
entre uma rua e um café
entre um pôr do sol
e uma noite de mil caras
e que mente...
sem lua
nem minha
nem tua
ali
perdido
à procura
sabe-se lá do quê
ensandecido...mas presente...
sabe apenas que te quer
mas...e,
por mais e tanto que queira
só vê a distância
a asneira
de quem não sabe se sim
mas que se fosse
é que era
e depois?
Depois logo se via
por ali
a cutucar
entre um:
"estavas tão bem quieta..."
e um:
"já está, deixa lá!!..."
Mas...e,
seria de todo correto
matar esse olhar
de uma alma
irrequieta,
quando tudo o que ela queria
era ir, sem amarras
sem calma
e ver -te
em mim
num olhar meu e teu
que pudesse ser nosso?

CFV

quinta-feira, 2 de julho de 2015

MÚSICA

Fechar os olhos
e escrever com a alma aberta
imaginar a cada tecla
uma nota de música
numa inspiração
que se junta num dó ré mi...
E faz -me a tua musa
aquece  -me com o teu sol
e não me faças gritar dós...
que dentro desta sinfonia
que é a minha vida
já gritam demasiados desamores
numa cadência de mi mi mi´s
que parecem habitar em mim
como rituais que viraram torpores
e prisões que lutam para cair
numa última tentativa de liberdade
que teima tantas e tantas vezes em sair
por aí, senhora de si
mas que não passa de um grito mudo
com um ritmo a desafinar
entre agudos e graves
num desespero sem idade
sem rei nem roque
à espera do acaso e da sorte
de uma guitarra
que a paute
numa escala de notas
soltas e intensas
como a vida devia ser
como a música deveria permanecer...
as duas numa só
num sol e dó a pedir rés e mi´s
cheias de fá e de lá
que por cá
só si´s tão cheios de si
que só dá dó!

CFV





terça-feira, 23 de junho de 2015

Encontra-te no desencontro

Há que sair da dura realidade
entrar no sonho
por nós inventado!

Deixar tudo fora de sitio
desarrumar o sol e a lua das nossas vidas
deixar que o dia vire noite
e a noite seja sempre de lua cheia!

Esquecer...
por minutos
por segundos.
não é o tempo que importa
somos nós
e o que fazemos dele!


Encontra-te no desencontro
vira-te do avesso
e vê o mundo de pernas para o ar
vais ver que te vais encontrar!

Esquece o amanhã
estarás cá?
Esquece o passado
poderás mudá-lo?

Constrói-te
no infinito
no horizonte longínquo
liberta-te das amarras
e prende-te ao inalcançável
tens o mundo nas mãos
despojado a teus pés,
é teu
e só assim poderás agarrar o céu!

CFV




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Estar onde não estou

Deixa-me estar onde não estou!
Não, não estou cá!
Mas deixa-me lá
onde não estou...

Deixa-me esquecer
que não tenho asas
para, lá, poder voar
por distâncias irreais
e mundos impossíveis
que preciso tocar!

Deixa-me afogar
no que sou, mas lá,
onde posso nem sequer respirar
porque cá,
há este cansaço infinito
que não sai de mim,
inspiro mil vezes
e ainda assim
sinto-me morrer
a cada lufada de ar
que entra mas não sai
numa luta sem fim!

Deixa-me agora
que não posso estar cá,
quero o outro lado
que arde, arde
num lento derreter
desta alma moribunda,
onde há muito congelei...
É nesse calor
que quero ficar
onde ainda me sinto viva
sem esta coisa de cá
que me faz sentir perdida!

Um dia vou e não volto!
Nem eu nem ninguém me irá
arrancar de lá...
Para já, deixa-me estar
onde não estou!

CFV








domingo, 14 de junho de 2015

Portugal meu

Batem em mim
poetas da palavra à música
ouço-os a devorá-los
sinto-os com a urgência 
de quem ainda espera
quero -os em mim, entranhados
para poder entender 
e acalmar o que muito, muito 
e sempre, sempre sinto!

O meu corpo chora
por dentro e por fora
contorce-se de dor
daquela que nunca vai passar
porque o futuro é tempo 
que, neste país, nunca existiu!

Ficou algures pelo caminho,
amputado,
num tempo ido,
passado imperfeito,
daquele que nunca, nunca acaba, 
que era, era sem parar,
mas que nunca chegará a ser...
porque nunca foi
esse passado perfeito
que ali ficou, (exatamente onde tinha que ter ficado)
e nunca se avançou...
e a esperança a existir
não se vê, 
não se sente...
mas desespera-se
num país 
que insiste em sobreviver
num lusco fusco intenso
de gente escondida,
perdida no meio 
de trapaceiros 
que falam, falam palavras ao desbarato
como cassete gasta 
e ainda assim, acham eles, 
com a razão de entendidos
mas que, nada de nada, sabem
e é assim que vão matando, malditos,
a alma imensa de um povo!

Povo que deixa
povo que já esqueceu 
povo que já não sente
o valor de um arrepio
daquele que percorre a espinha
porque se luta
porque se acredita
porque, 
por mais duro,
por mais incerto
e por mais medo,
não se desiste mas insiste-se
no sonho que comanda a vida!

Ainda é povo 
que insiste, sim...
a deixar-se viver
à sombra de quem o quer devorar
e morre aos pedaços
num definhar pardacento
como dia de chuva parado
de trânsito "inquisinado"
de pressa para chegar a casa 
e ficar num dormitar quente
de dias sem sentido
só com o sentido do dia seguinte
do mês seguinte
que este já está tão curto...

A fé? Ahhhh, a fé!...
Essa só acorda em jogos de futebol
em subidas de divisão de clubes falidos
em trocas de treinadores/traidores
e ainda assim aguerridos e agarrados 
a esperanças vãs de falsa fé!

Vive-se assim neste morrer lento
onde já não há partilha
já não há sonho ou solução
porque deixamos
gente assim
vazia
desfasada
irreal
mandar neste portugal!

CFV




quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pulso a pulso... viver





Sabes muito
sentes mais
e queres outro tanto!

Vives num limbo indefinido
aceitas o inesperado
e sentado entre conversas a fio
vives à espreita
como se a vida estivesse mesmo ali
à tua espera,
à distância de uma mão
que tens medo de agarrar...

Pois, que na vida não há espaço
para a compaixão!
Mas que outra forma haverá,
senão viver com o bater do coração
bem na garganta
como que a saltar?

Tivesse ele como!

Sabes tanto
e queres sempre mais
que até dói
nessa alma
marcada pela imensidão
que transparece
a cada olhar
inquieto
a cada  simples
gesto
de quem tem muito para entender
sem grandes explicações a dar!

E certo do que és
incerto do que serás
preciso no toque
não te perdes no desafio
do que é estar vivo
entre mortes constantes
e vidas que definham
num mundo insano
que sabes medir
que desejas sentir...

Mesmo que pelo meio,
surja o medo
(inevitável)
nada podes temer
que alma assim
nunca ficará vazia,
só cheia a transbordar
do tanto que vais receber e dar
nem nunca te deixará de guiar
por mais escura e longa que seja
a noite que decerto te irá encontrar!

CFV







quarta-feira, 3 de junho de 2015

Sopros de vida




E a vida começa
num sopro só
por entre sombras de luz,
entrecortadas
de escuridões imensas,
tão imensas que percorres solidões!

Inspiras profundamente
na pressa de chegar
a qualquer lugar
mas se ainda agora começaste
onde queres ir já?

Inalas cheiros
de uma vida breve
que num instante
vira trilho longo
começado num início
sem fim à vista...

Ficas tonta
com tudo o que a vida te apresenta
imensa
variada
inspirada
em olhares carregados de desesperos
que ainda assim esperam
dias melhores...

Paras por entre pensamentos...
Paragens obrigatórias
que o caminho impõe
e é aí que sabes,
que a pressa não te faz chegar
nem antes nem depois
mas no tempo certo
de incertezas
que te fazem ser
que te fazem crer
que és tanto e tão pouco
mas que sabes querer mais
do que o menos que já te é tanto,
numa direção imperfeita que,
certamente, te leva a passear
por ruas e ruelas dessa tua alma
apertada e ansiosa
numa vida tanto estreita
como avenida
que vira oceano...

Nadas pela sobrevivência
lutas por mais uma lufada
num mundo a gritar por mais ar,
evidência
de quem se sente...

E só porque sentes
evidentemente que vais
sufocar
afundar
no meio de ilusões
que nunca viraram concretizações,
entre multidões vazias
que te fazem duvidar
se o teu caminho é mesmo teu
e ao mesmo tempo te fazem acreditar
que estás bem perto do céu
onde tudo acabará, certo,
que mesmo que o breu te apague
o alcance
o mais importante
é que sabes que chegaste ao teu lugar!

É que por mais escuro
por mais longe
por mais medo
sentes
intuis
que para o fim
ainda é demasiado cedo!

E se a vida começa num sopro
numa grande inspiração
expectante
de ar puro e seguro
só tens o tentar
só podes avançar
nem que para isso voltes atrás
afinal...
a vida é feita de recomeços!

CFV

terça-feira, 2 de junho de 2015

Entre o sonho e o pensamento

Uiva o vento
e voa o pensamento!

O olhar vê formas
em nuvens que não param de navegar!

É um instante e tudo muda
numa leveza em bruto,
qual pedaço de algodão,
num céu que esconde a luz
e perde as estrelas
numa luta desigual,
onde o ser não é mais
do que sombra na noite
visível, apenas, quando a luz espreita
por entre lamentos e saudades,
gritos mudos
e pedaços de nadas que viram tudo...
o que havia para ver
já não está lá
voou ao sabor do vento
num lamento que uiva entre o sonho e o pensamento!

CFV

domingo, 31 de maio de 2015

Esta é a minha estrada

Entre mundos que me cercam
resisto eu
incerta do que sou
feita tantas e tantas vezes
do que não chegou...
Insisto eu
nas perguntas sem resposta
no tempo ambíguo
que, urgente, trilho sem pressas...

Digo eu!
Mas pouco sei desses mundos invasivos
e do meu só o sei dividido
entre o tudo ou nada
entre o que é
e o que se sonhou...

Mas mesmo perdido
no meu mundo
não entram outros...
que para vazios,
chegam-me os meus
que para inquiridos,
bastam-me as inquietações
que me nascem e morrem
em cada alma que me desfaz
a cada voz que calo ou grito!

Posso ser partida
mas não sou mentira
posso ser sozinha
mas não sou corrompida
posso ser errada,
(posso não, sou!)
Mas esta é a minha estrada
perfeita para me perder
curvada só por crer
as pedras, são castelos erigidos,
minhas,
entre sonhos e castigos,
meus,
entre o ir ou não ir,
verdades
de um mundo só meu
que é tão somente a minha morada!

CFV





domingo, 24 de maio de 2015

Palavras malditas

As palavras rebentam
num grito impotente
num momento incontrolável
porque o mundo
à tua volta
está tão doente...

Quebram o silêncio
murmuram-te torturas
calam agruras
e olhares intratáveis
que mesmo
podendo ser fugazes
te espetam certeiros
como facas cegas
atiradas com pontaria!

Ao desbarato
a bradar ridículos
ecoam num infinito,
usadas como armas
atacam vazias
as palavras malditas!

Perduram na alma
inquietam as mãos
e devolvem injustiças
quando na boca
moram venenos
dignos de uma língua viperina!

Era calá-las
amordaçá-las
até virarem
moribundas
em agonia
solidão...

Só que Não!!!

Gritam-te dias e dias a fio
palavras que espelham almas
empertigadas
de razões personificadas
em maldades egoístas
que só trazem infelicidades!

CFV






domingo, 17 de maio de 2015

Loucura ou insanidade?

Há loucura
mas também
insanidade...

É a linha ténue
entre o sonho
que te mantém acordado
num mundo de olhos fechados
e a morte que te apaga
por excesso de realidade!

É o pouco que nos resta
entre o muito que não presta!

E lá estás tu, sempre,
nesse instante,
no meio,
entre o sim e o não
o ir ou ... não,
constante
mente
sem querer decidir
e é aí
que te chega a decisão
que não tomaste
e é aí
que te bate mais um erro
simplesmente porque deixaste!

O quadro completo
chega sempre
só amanhã
até lá
ficas sem ar
sem te entender
sentes-te a perder...
E depois, será tarde demais?
E aí, será loucura ou insanidade?

CFV








sábado, 9 de maio de 2015

E depois de agora?




O sonho para lá da imensidão
Que aguarda incerto...
A coragem 
O nunca mais olhar para trás
Fazem se para lá 
Com o cá no coração!...

(In) certezas nunca são demais!!

CFV

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Devaneios

Psicadélico!
O mundo que saiu de dentro
do próprio mundo...
mundo sem mundo...

Psicótico!
A estrada que fica para trás
tapete sem fim
de uma vida que já não lembra o início!

Ironia!
Realidade que te acorda
e te abre os olhos parados
fixados num nada
também ele sem nada!

Sarcasmo!
Objetos com vida
às riscas e pirilampos
que piscam
numa reta a perder de vista
e de súbito avistas-te
num circulo
e cais redondo
numa redundância de 360º...

Realidade sarcástica
que te bate
num flash
pois,
o que  podia ser mas não é
é fatalmente melhor do que o que poderia ser!

Hipérbole!
Querer ser poeta da loucura
humanista da humanidade robotizada
tudo o que se é sem nunca o chegar a ser!

Eufemismo!
uma vida sempre e para sempre sentida
uma alma que sonha
um dia mostrar a calma
num mundo incontido...

Sina!
nascer-se num barco para sempre à deriva
sem margens
sem compaixão
só com a verdade
e a bem ou mal
haverá algures uma foz...

Catarse!
Um fim há muito anunciado
um percurso só de ida
imparável
decidido
mas nunca esquecido!

CFV

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Viagens simétricas em distâncias alucinogénicas

E zás,
subitamente
saltas de uma roda
para uma recta súbita
e longa,
que corre, corre
sem parar...
sempre prá frente...
só...
formas simétricas
e tu numa única recta...
não vês mais nada
não desvias o olhar
não cais no risco
de te encontrar...

Shiuuuuuu!

Segue a linha
segue em frente
olha bem pró fundo
simetria absoluta...

Não esperes
desespera
que momento ,
após o momento
de minutos
que são horas
mas nunca segundos,
só te deixa ver
o que te permites procurar...

Não te é permitido voar???

Fica escuro, não sentes?
Dói muito, não bate?...
Sentes agora... não é?
E não vias?
Vês agora?
O que te servia ?
Se não passava de Nada,..

Suspiras ou suspiravas?

Não te servia
porque não te pertencia...
simples...assim...
E ainda pensas que podia ser que sim?

Ingénua...ou pura?
ou só despida do que te bate na cara
qual chapada
qual palavra mal dada?
Nua e insegura de um mundo perdido
onde o nada é, de súbito ,
demais...

Mas se nada foi tudo o que conseguiste...

E assim, num estalar de dedos
ficas ainda em menos
e só te restam as dores do mundo
que ecoam dentro da cabeça
e dentro do peito num som profundo
como tambor ritmado
entre interjeições que só têm
direito a terminações
e iludem uma dor diminuída
que soa a ais e uis...
a ver se escondem palavras imundas
espelhos de sentidos vãos
tudo reduzido
a setas que saem disparadas
de bocas mais que culpadas
vindas de braços dormentes
armas doídas em línguas
que nunca saborearam
suculentas e viciantes entradas
e jamais sonharão com o néctar
que traz divindades prontas a desfazerem-se
entre uma gargalhada e uma lágrima
numa prece murmurada
com todo o sal de uma vida
vivida,
estranhada antes, sempre antes
e entranhada, depois, sempre depois,
percorrida em absoluto!!

Honrada?
Palavra inventada ou sonhada!
Verdade?
Utopia só proclamada!
Gente?
Criaturas!
Pobres criaturas...
demasiado reais
proporcionais
mundanas
e sem voz
mudas e sem fundo
robots a ordenar
a eterna confusão...

CFV



domingo, 3 de maio de 2015

MÃE



Palavra de todos os dias
que só uma Mãe conseguirá sentir
que só uma Mãe saberá sorrir!
É dela o Sentimento de AMOR MAIOR
foi nela que a coragem do mundo nasceu
é dela a força nascida
de um ventre que nunca seca
de um regaço feito de paz e calor
de silêncios calmos
de embalar lágrimas
e num único abraço
só ela sabe devolver sentidos
tantas e tantas vezes perdidos!
Ainda não há palavras
inventadas que te mereçam
as outras foste tu que as criaste
ecos de alma imensa
que refletem tudo o que és!
Não há distância
só saudade
o tempo é nosso
o teu olhar é o meu
o meu coração é o teu
bate para a vida
em uníssono
cheio, a transbordar
desse amor de MÃE!
CFV

terça-feira, 28 de abril de 2015

Subliminar (Diz-se de algo que atua de forma indireta no subconsciente das pessoas de modo a atingir o objetivo desejado , na consciência delas)



Angustio-me
ao pensar na falta que fazes...
Este e outros mundos existem por ti
vivem em ti e tu em cada um deles...

Nem numa noite de luar
esfumada entre soluços
e vontades arrancadas
me levam de ti...
Ficas-me a pairar
entre a cabeça perdida
e a alma ao desbarato...

Os sentidos não se acalmam,
nem com esta maestria minha
em te esconder
entre gargalhadas choradas
palavras mordazes
e sorrisos afiados,
nem com esta minha arte milenar
em te fingir
te libertas, enfim, de mim...

Olho com desinteresse
e para não restarem dúvidas
uso a frieza para te afastar
escondo-me nesta distância
em que me construí
numa tentativa de dizer "BASTA"!

E ainda assim...
Fica-me essa tua verdade
viva e lenta
que me assalta desprevenida
num colorido de fins de tarde
a cair sobre esse mar
imenso
que és tu
profundo
em mim
forte a arrebatar
e doído a levantar
nessa certeza de que estarás sempre lá!


CFV

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Ser luz e escuridão

Na procura de certezas
percorri os caminhos até ao fim
mesmo quando tudo
o que me davam eram incertezas...

Nunca me neguei à escuridão
porque sempre vivi com o coração...
Também aí poderia haver luz!

A cada final de etapa
ficaram mais e mais dúvidas
mas continua a haver algo
no escuro que me seduz!

A vida não me passou despercebida
mas pouco a entendi
continuo insatisfeita
e muitos dias
vivo perdida...

Ainda me surpreendo
com o pouco ou com o nada
e na busca do muito
perpetuo -me
neste ser errado
que me
teima
insiste
e persiste
nesta busca
que me arde
e me atira de cabeça
para a escuridão
convencida que sou,
entre o corpo e a alma
fogueira e luz
neste caminho
sem retorno
sem lugar para o NÃO!

CFV





quinta-feira, 16 de abril de 2015

Atividade nas Escolas- Dia da Voz- Escola Básica e Secundária da Calheta

A Poesia voltou a ganhar asas, voou até aos alunos da Calheta, que elaboraram trabalhos plásticos com imensa criatividade, declamaram poesia com uma alma que deixaram a minha cheia e de coração a bater mais depressa! 
No fim, construíram os seus próprios poemas, que em tão pouco tempo, foram para além da expectativa, com trabalhos cheios de beleza e profundidade! As palavras ganharam várias vozes e sentiram-se GRANDES neste dia tão especial! 










CFV

terça-feira, 14 de abril de 2015

Palavras esquivas


Beijos repletos de silêncios
abraços que afastam
do olhar
a indefinição
palavras esquivas
na distância conveniente!

Os gestos, esses,
perdem-se entre becos
sem saída
que foste construindo...
com a vida?

Quieto e caprichoso
ficas-me num eco
ruidoso!

Encerras-te
e percorres-me
entre toques e gemidos
fazes -me prisioneira
à tua maneira
possessiva e sensual
e ficas comigo
noites a fio!

Não quero
nem sei viver
de vazios
porque o pouco
tem de ser sempre mais!
Porque não?

Mas não me encontro
nesse teu labirinto
porque me perdes
me expulsas
com as razões da tua vida!
E com os absurdos dos sentidos
fechaste-te
e insistes em não me consentir!

E ainda assim,
tento sair para te voltar a entrar
olho-te com a força de uma noite de luar
provoco e digo o que te preciso...

Mas talvez o faça
com o mesmo medo
que te afasta...
E ficamos assim
neste lento remoer
sem sequer saber
se há mais do que menos
ou o tanto que poderia ser!

Do lado de cá
o corpo divaga
por uma mente
acelerada
e no fundo sei
que só te adio...
Há verdades que ainda não quero comigo...
O labirinto tem de ser percorrido
antes de alma te dar como corpo perdido!

CFV



domingo, 12 de abril de 2015

Meios vivos já meios mortos



Escrever sobre a vida!
Mas que vida? Mas que mundo?
Sou assim, também, partida!
Ficam-me as frases a meio!
Ficam-me meias, as palavras!
Não saio desta forma
que me enforma 
num rol de emoções
também elas deixadas a meio
em prateleiras
para não se sentir mais
para se pensar menos!

E cada vez mais se morre por viver!
E cada vez menos se vive, sem ser a morrer,
uma e outra vez,
dia após dia
num lento doer...
E tudo o mais, sabe cada vez a menos!
Pois que só assim parece haver vida
num mundo 
despido de almas inteiras
de gente que se acha vivida!

Erro do tamanho de um mundo
que cegou
que parou
que se conformou...

É assim que contar uma história
com princípio, meio e fim
é uma vitória inglória
porque só somos metades
só somos meias verdades
a morrer e a matar vontades!

CFV





quinta-feira, 9 de abril de 2015

Em frente

Resultado de imagem para caminho percorridoNa dúvida, em frente
na penumbra, acreditar
se houver "se´s"
que os haja porque sim
e nunca porque não!
O caminho tem de ser percorrido
o princípio, o meio e o fim
podem todos
ser o melhor porto de abrigo!

E quando nada disso existir
e quando tudo se transformar
em noite
escura e fria
e sem direção,
o que era nosso
nem assim se terá perdido
o dia de amanhã
trará um novo caminho
porque só conta
o que é vivido de coração!

CFV


Aperto

Do nada E em tudo Sentes o fim de um tempo E o futuro no presente... O que virá? Quando e como será? Fica ali aquele nó na garganta Um burbu...